O policial militar flagrado lançando spray de pimenta em
jornalistas que cobriam manifestação na Rua do Catete, perto do Largo
do Machado, Zona Sul do Rio, na noite de segunda-feira (19), foi
afastado das ruas, informou a assessoria da PM através de nota. De
acordo com a corporação, o policial mostrado no vídeo será submetido a
atendimento psicológico e ficará afastado de suas funções operacionais
enquanto durar o procedimento. Ainda segundo a nota, o vídeo será tema
de um estudo de caso do qual toda a tropa do Batalhão de Polícia de
Choque participará.
A Corregedoria da PM abriu sindicância para apurar os fatos e se
ficar comprovada a agressão aos jornalistas o policial será punido.
Durante o ataque, outras pessoas que estavam ao redor também foram
atingidas. Uma mulher que tentava se proteger também foi atacada.
Antes, ele havia discutido com advogados que acompanhavam o protesto
contra o governador Sérgio Cabral e contra a composição da CPI dos
Ônibus. "Na porta da delegacia vocês são advogados. Aqui, não", disse o
PM.
Na sequência do uso do spray de pimenta indiscriminado, um segundo
policial começou a disparar tiros de borracha. Uma mulher chegou a
passar mal, desmaiou na 9ª DP (Catete) e teve de ser socorrida pelos
bombeiros.
O relações-públicas da Polícia Militar, coronel Cláudio Costa, disse
que vai avaliar as imagens para ouvir o PM sobre o episódio. Se for
comprovado que houve excesso, o policial vai responder pelos atos.
Concentração na Câmara Municipal
A concentração dos cerca de 300 participantes do ato foi marcada para
o início da noite em frente à Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia.
De lá foram até a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e, ao chegar ao
local, parte do grupo adepto à tática de protesto Black Bloc decidiu
fazer um cordão humano para impedir que policiais militares os
revistassem. Quando os agentes da PM tentaram iniciar a revista, os
integrantes se recusaram, originando uma confusão. Houve correria e a
polícia utilizou choque elétrico e cassetetes para reprimir o grupo. Um
rapaz identificado apenas como Vitor foi detido e levado para a 5ª DP
(Mem de Sá) e, por isso, pouco antes das 21h, o grupo deixou o local e
foi até a 5ª DP (Mem de Sá).
Da delegacia, os manifestantes seguiram para o Largo do Machado, onde
ficaram concentrados por cerca de uma hora. Os manifestantes se
dispersaram sem que o protesto chegasse ao Palácio Guanabara, em
Laranjeiras, que estava cercado pela PM.
O protesto começou por volta das 19h05 desta segunda-feira por ruas
do Centro do Rio. Eles pediam a saída do governador Sérgio Cabral e a
mudança dos integrantes da CPI dos Ônibus. A caminhada fechou a Avenida
Rio Branco por volta de 19h30, depois Avenida Beira-Mar e a Avenida
Presidente Antônio Carlos. Todas já estavam liberadas por volta de
20h15.
Apesar de algumas revistas realizadas pelo Grupamento de Policiamento
de Proximidade de Multidões (GPPM), o clima estava tranquilo no início
do ato. Palavras de ordem contra o governador Sérgio Cabral eram as
mais comuns, mas também se repetiram gritos de "Cadê Amarildo?". Outro
alvo comum dos ativistas era o vereador Chiquinho Brazão (PMDB),
presidente da polêmica CPI dos Ônibus.
Jovem detido irá a audiência
Pouco antes das 22h, advogados do jovem foram até a porta da
delegacia, onde informaram aos manifestantes que Vitor se comprometeu a
comparecer em audiência para responder por um suposto crime de menor
potencial ofensivo. Ele é acusado de ter depredado a vidraça de uma
agência bancária.
Confusão e correria em manifestação em frente à Alerj (Foto: Henrique Coelho/ G1)