SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar seu impeachment antes mesmo de o plenário da Câmara
se pronunciar. A votação está prevista para começar às 14h deste
domingo (17), mas observadores não descartam que Dilma apele para a
Justiça nos próximos dias, se pressentir que perderá a briga. O problema
é que isso não representaria apenas a tão temida judicialização do
impeachment. Além de colocar o Supremo numa tremenda saia-justa, a
presidente simplesmente poderia não gostar da resposta.
Grosso
modo, há duas formas de Dilma apelar ao STF para se salvar. A menos
polêmica (se é que se pode dizer assim) é contestar procedimentos
adotados pela Câmara para conduzir a votação. Um dos pontos mais
estratégicos é a ordem de votação. Em 1992, o então presidente da
Câmara, Ibsen Pinheiro, optou pela ordem alfabética para a chamada
nominal dos deputados. Agora, seu sucessor, Eduardo Cunha, quer adotar a
ordem por Estados, começando pelos do Sul, onde o apoio ao impeachment é
forte.
O objetivo seria convencer os indecisos de que o impedimento de Dilma
passará por uma diferença razoável e, portanto, não compensa ficar ao
seu lado. O governo pode, por exemplo, alegar no STF que a ordem
escolhida por Cunha induz o voto dos parlamentares e, portanto, não é
válida. Isso paralisaria o processo até que a corte se pronunciasse.
Outro
modo de Dilma recorrer à Justiça é contestar o próprio mérito da
acusação de que cometeu crime de responsabilidade. Seria o caminho mais
radical e, portanto, com maior potencial de aprofundar a crise
institucional vivida pelo país. Isto porque o STF seria instado a se
posicionar contra ou a favor do Poder Legislativo.
Qualquer que
seja a estratégia escolhida pela presidente representaria uma grave
interferência de um poder sobre outro. Ou seja: criaria um baita mal
estar em Brasília. Há, ainda, a possibilidade nada desprezível de o tiro
sair pela culatra: ao ser envolvido nessa trama rococó, o STF pode
simplesmente dizer que Dilma não tem razão. Seria a desmoralização final
do governo. E aí? A presidente vai encarar?
Veja, a seguir, o que foi destaque no processo de impeachment nesta terça-feira (12):
Bateu... – A presidente Dilma Rousseff aproveitou um evento no Palácio do Planalto para atacar duramente seu vice,
Michel Temer, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a quem acusou de
“chefes do golpe”, mesmo sem citá-los nominalmente. "Vivemos tempos
estranhos, de golpe, farsa e traição", afirmou a presidente.
... Levou - O presidente interino do PMDB, senador Romero Jucá (RR), rebateu os ataques feitos por Dilma a Temer
e afirmou lamentar que a presidente "esteja perdendo a serenidade" e
"tentando culpar outras pessoas pelos desacertos do seu próprio
governo".
Tropa de choque - O ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, disse que os ministros do
PMDB que têm mandato de deputado vão se licenciar dos cargos e retornar
à Câmara para votar, no plenário, contra a abertura do processo de impeachment. A votação está prevista para ocorrer no próximo domingo (17).
Puxando a fila 1 - A bancada do PP na Câmara decidiu apoiar o impeachment. O líder do partido na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PB), disse que encaminhará favoravelmente à abertura de processo no plenário.
Puxando a fila 2 – Ao desembarcar do governo Dilma, o PP pode ter aberto a porteira para o PSD e o PR. A avaliação é do deputado Pauderney Avelino, líder do DEM na Câmara. Em entrevista a O Financista, o parlamentar afirmou que a oposição já conta com os 342 votos necessários para a aprovar o impeachment.
Puxando a fila 3 - Deputados do PSD devem se reunir na quarta-feira para liberar em definitivo sua bancada
para a votação do impeachment, após mal-estar causado pelo
posicionamento contrário ao processo durante a votação na comissão
especial que tratava do tema.
Assombração – Mesmo
ferido pela Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
principal líder do PT e padrinho político de Dilma, continua sendo um
fantasma no calcanhar da oposição. O ex-presidenciável do PV (Partido
Verde) Eduardo
Jorge acredita que Lula teria seu fiel eleitorado ao seu lado e que
apenas uma derrota nas urnas poderia decretar o fim da vida política do
ex-metalúrgico.
Contagem regressiva 1 – Os líderes dos partidos na Câmara marcaram para as 14h do próximo domingo (17), o início da votação do impeachment.
Contagem regressiva 2 – Pelas contas do presidente da Casa, Eduardo Cunha, o resultado deve ser conhecido por volta das 21h.
Espera - O governo está trabalhando para atrasar a votação do impeachment
esperada para domingo (17). A informação é do colunista Lauro Jardim do
jornal O Globo. No outro lado, a oposição luta para manter a decisão
nesta data.
http://www.msn.com/pt-br/noticias/crise-politica/di%C3%A1rio-do-impeachment-apelar-ao-stf-at%C3%A9-domingo-%C3%A9-a-%C3%BAltima-cartada-de-dilma/ar-BBrGBiq?li=AAggXC1