Agnelo Queiroz continua devendo promessas.
Dois anos após assumir, governador ainda não se aproxima de cumprir principais metas com o eleitor
A campanha política de 2010 aconteceu
sob a pesada sombra do afastamento e prisão de um ex-governador e de uma
sucessão de substitutos que passaram poucos meses no cargo,
fragilizando a confiança dos brasilienses nos políticos.
Nesse cenário, a chapa liderada por Agnelo
Queiroz (PT) e Tadeu Filippelli (PMDB) venceu a eleição prometendo
revolucionar Brasília.
As propostas mais agressivas foram em áreas que passavam por crises, como saúde, moradia e segurança pública.
Passados dois anos de governo, no entanto,
os objetivos parecem distantes. A construção das creches é um exemplo:
na propaganda gratuita, o então candidato Agnelo prometeu construir
unidades “para todas as crianças”. Passada a metade da gestão, no
entanto, apenas três delas já estão funcionando. Outras três, segundo o
GDF, já estão prontas, mas ainda não abriram.
Em alguns casos, como o das UPAs (Unidades de
Pronto Atendimento), que são emergências menos complexas do que
hospitais, mas que funcionam 24 horas por dia, o governo já admite que
será impossível cumprir o que foi prometido.
O compromisso era ter uma unidade em cada uma
das 33 cidades do DF até o fim do mandato, mas apenas quatro foram
inauguradas até hoje e outras 10 estão previstas até 2014 -- menos da
metade da promessa inicial.
Expectativas frustradas
O professor José Matias Pereira, especialista
em gestão pública da UnB (Universidade de Brasília) avalia que o
desempenho do governo está muito aquém daquilo que se esperava. “A
capacidade de gestão do governador e de sua equipe é muito baixa. Os
avanços são tímidos, distantes daquilo que se prometeu”, afirma.
“O que mais atrapalha são as pressões dos
partidos ditos aliados. O apetite por cargos obrigou Agnelo a trocar
constantemente secretários, administradores e outros gestores. O governo
ficou engessado”.
Para o estudioso, a saída que o GDF tem para
melhorar a avaliação popular na segunda parte do mandato passa pela
preparação para os grandes eventos esportivos.
“Se fizer uma boa Copa das Confederações, a
percepção de sucesso aumenta”, afirma Pereira. “Mas o que deve ficar
desses eventos são as obras de mobilidade urbana, com investimentos
altos em transporte e obras viárias como o VLT (Veículo Leve sobre T
rilhos)”.
De quem é a culpa?
Em nota, o GDF informou que a burocracia
impediu maiores avanços na gestão. “A máquina pública tem prazos e não
podemos atropelar etapas. O Poder Executivo depende da participação do
Tribunal de Contas, da Câmara Legislativa e do Ministério Público nesses
processos. Algumas questões acabam judicializadas. Fatores externos, em
alguns casos, prolongam o caminho da execução de medidas prioritárias
para a população”, diz o documento.