Às vésperas do início das
discussões sobre o impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff
no plenário da Câmara dos Deputados, parlamentares de oito partidos –
PMDB, PR, PP, PSD, PSB, PTB, PTN e PDT – ainda estão em cima do muro. O
principal critério para a escolha é político: os deputados estão de olho
nas próximas eleições para prefeitura, em outubro deste ano, e para o
Congresso Nacional em 2018.
Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília
Os
indecisos querem saber como os eleitores vão reagir dependendo do seu
voto no domingo (17). Além disso, pesam na decisão as alianças estaduais
e as relações políticas e históricas. Os critérios técnicos e jurídicos
para avaliar se houve crime de responsabilidade por parte da presidente
Dilma em relação às pedaladas fiscais, por exemplo, ficam em segundo plano.
É
com esse pensamento no eleitor que uma enxurrada de reuniões de
partidos estão previstas para esta quinta-feira (14). Deputados do PSD
devem se encontrar com o presidente do partido, o ministro das Cidades,
Gilberto Kassab. Na véspera, o PSD anunciou que votará a favor do impeachment,
mas alguns deputados, como Júlio Cesar (PSD-PI), ainda não confirmaram
sua posição. Apesar de estar fazendo uma análise técnica e detalhista
sobre as pedaladas fiscais, para ele, o que vai pesar é o eleitorado.
José
Nunes (PSD-BA) também está em dúvida. “A decisão é mais política,
levando em consideração a questão estadual”, afirmou. Os cinco deputados
do PSD da Bahia devem se reunir mais uma vez nesta quinta-feira para
tomar uma posição. “Vamos decidir hoje. Mas a tendência é votar contra o
impeachment”, disse. “A questão das pedaladas é política porque todos
cometeram pedaladas”, admite.
Boas relações com políticos do mesmo estado também pesam na decisão
O
deputado Sérgio Brito (PSD-BA) afirmou que os cinco parlamentares
também se reuniram ontem e que a reflexão é sobre a base de apoio em
torno do governador da Bahia, Rui Costa, do PT. “Nosso estado,
principalmente a minha região, é muito carente. Eu tenho 25 prefeitos e
os 25 pediram para votar com Dilma. E eu vou fazer”, explicou. A ideia
de deputados do mesmo estado tomarem decisões conjuntas evita o
isolamento nas relações políticas locais.
O
líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que foi presidente da Comissão
especial do impeachment na câmara, disse que os deputados do partido que
ainda estão em dúvida não estão convencidos de que Dilma cometeu crime
de responsabilidade e querem estudar mais o processo. Os critérios, de
acordo com Rosso, são técnicos e jurídicos. “Cada cabeça sua sentença”,
afirmou o líder do PSD, que vai votar a favor do impeachment, como a
maioria dos integrantes do partido.
Alguns parlamentares já decidiram, mas vão manter segredo até domingo
Já
a bancada do PMDB na Câmara se reuniu na manhã desta quinta-feira para
encaminhar o voto pelo impeachment. Mas muitos deputados, como o líder
Leonardo Picciani (PMDB-RJ), votarão a favor de Dilma. Já outros que
estavam na lista de indecisos, como José Priante (PMDB-PA), decidiram o
voto, mas só vão anunciar sua posição final no domingo. “Eu estou
decidido, dormindo tranquilo”, afirmou Priante.
O
deputado João Arruda (PMDB-PR) também estava em dúvida até poucos dias.
Agora diz já ter certeza, faz parte dos que mantém sua opinião secreta.
“Eu sei como vou votar, mas só vou anunciar no dia”, afirmou. A
deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) também quer divulgar sua decisão no plenário da Câmara.
Ela diz que levou em consideração critérios jurídicos, políticos,
ideológicos e históricos e, em especial, sua relação com o governo e o
compromisso que afirma ter com a luta socialista.
http://www.msn.com/pt-br/noticias/crise-politica/deputados-indecisos-sobre-impeachment-est%C3%A3o-de-olho-no-eleitorado/ar-BBrLpFV?li=AAggV10