Youssef afirma não ter participado das negociações do repasse dos recursos às campanhas
Segundo doleiro, recursos alimentaram as campanhas eleitorais de Cabral e Pezão ao governo do Rio em 2010
Montagem/R7
Em depoimento ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), o doleiro Alberto
Youssef, apontado como operador do PP no esquema de corrupção da
Petrobras, reiterou nesta quinta-feira (10) que recursos desviados da
estatal alimentaram as campanhas eleitorais de Sérgio Cabral e Luiz
Fernando Pezão (PMDB) ao governo do Rio em 2010.
De acordo com o doleiro, o ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa,
fez um acordo para que a chapa Cabral-Pezão recebesse diretamente a
propina oriunda do consórcio para a Comperj (Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro). O valor, de R$ 30 milhões, seria originalmente dividido
entre o PP e o PMDB.
Youssef disse que Paulo Roberto Costa o orientou, então, a deixar de
cobrar das empresas Odebrecht, Toyo e UTC, integrantes do consórcio, a
propina que seria destinada ao PP. O recurso seria pago pela própria
Odebrecht diretamente aos então candidatos Cabral e Pezão, que também
embolsariam a outra metade destinada ao partido do qual fazem parte.
— Eu me lembro muito bem deste fato porque questionei o doutor Paulo
Roberto sobre essa transferência, porque estávamos em campanha pelo PP e
necessitávamos de recursos para integrantes do partido. Ele me disse
que esse era um assunto que já havia negociado e era dessa maneira que
iria ocorrer.
As informações já constavam na delação premiada de Costa à Polícia
Federal e foram reiteradas nesta quinta-feira por Youssef, que afirma
não ter participado das negociações do repasse dos recursos à campanha
de Pezão e Cabral. Os peemedebistas são alvo de um inquérito no STJ que
apura o envolvimento deles no esquema investigado no âmbito da Lava Jato
e negam participação no esquema e o recebimento de propina desde que o
inquérito foi aberto.
O depoimento de Youssef, que está preso em Curitiba, foi colhido por
meio de videoconferência pelo juiz Ricardo Coimbra e pelo
subprocurador-geral da República, Oswaldo Barbosa.
Cabral
O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) divulgou nota na noite desta
quinta-feira (10) em que "reitera a sua indignação pelo envolvimento de
seu nome no caso, destacando que o depoente, conforme declaração
registrada nesta quinta-feira (10/12) no STJ afirmou desconhecer
Cabral".
Na nota, Cabral refere-se ao doleiro Alberto Youssef, que em depoimento
ao Superior Tribunal de Justiça reafirmou que as campanhas do
ex-governador e do então vice, o hoje governador Luiz Fernando Pezão
(PMDB), foram abastecidos com dinheiro desviado da Petrobras.
http://noticias.r7.com/brasil/doleiro-reafirma-que-cabral-e-pezao-receberam-r-30-milhoes-em-2010-10122015