quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Juiz é reintegrado após criticar Justiça em Santa Catarina

 

  • Juiz Fernando Cordioli Garcia, 34, reassumiu a magistratura, na 1ª Vara Cível, em Sombrio (SC)
    Juiz Fernando Cordioli Garcia, 34, reassumiu a magistratura, na 1ª Vara Cível, em Sombrio (SC)
O juiz Fernando Cordioli Garcia, 34, crítico do Judiciário catarinense, afastado em 2012 da comarca de Otacílio Costa pelo Tribunal de Justiça do Estado, reassumiu a magistratura nesta terça-feira (4), na 1ª Vara Cível, em Sombrio. No novo gabinete, ele encontrou 5.000 processos, paralisados desde 2011 por falta de juiz na comarca.
 
A situação enfrentada no primeiro dia de trabalho o fez retomar suas críticas. "Esta montanha de processos revela as mazelas e a 'normose' do Judiciário", afirmou.
 
Cordioli explicou que normose "significa que a sociedade aceita como normal ter 5.000 processos encalhados, situação que causa grande desgaste emocional às pessoas envolvidas".
 
Todas as paredes do gabinete dele têm armários onde os processos físicos estão empilhados, "ainda esperando informatização". Cordioli disse que "esta tarefa vai me tomar no mínimo três anos para regularizar, sem falar nos novos processos que vão surgir".
 
No novo cargo, o juiz se apresentou de terno e gravata –no anterior, às vezes circulava pela cidade de bermudas.
 
Seu estilo controverso de atuar o tornou célebre entre colegas na magistratura catarinense. Como exemplo está a derrubada de uma casa de um vereador erguida numa área de preservação permanente: sem esperar pela burocracia, deu a sentença e foi ele mesmo fazer a demolição.
 

Casos inusitados de processos trabalhistas                  

No Rio Grande do Sul, o McDonald"s pagou R$ 70,5 mil a um ex-funcionário que entrou na Justiça por ter engordado cerca de 30 kg nos 12 anos em que trabalhou na companhia. No processo, que teve início em 2008, Edson Zwierzinsky alega que, como gerente, era obrigado a provar diariamente quantidades variáveis de refrigerante, hambúrguer e batata frita

Afastamento

O juiz acabou afastado de Otacílio Costa (220 km de Florianópolis) depois de desagradar políticos e empresários em seus despachos. Ele também enfureceu o Ministério Público Estadual, ao ofender alguns promotores por escrito, nas sentenças.
 
As reclamações contra ele foram levadas à Corregedoria do Tribunal de Justiça, que recomendou sua aposentadoria. Durante o processo, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) ordenou a realização de um exame de sanidade mental. O juiz foi considerado apto. 
 
O processo disciplinar só foi julgado em dezembro pelo Tribunal Pleno (que reúne os 66 desembargadores de Santa Catarina). O inteiro teor da decisão foi conhecido agora.
 
Cordioli escapou da aposentadoria e foi reintegrado por apenas 5 votos, sendo 31 a favor e 26 contra. Na sentença publicada, o Pleno reconheceu que "[o juiz] não é negligente ou de insuficiente incapacidade para o trabalho".
 
Segundo o documento, "os mapas demonstram um magistrado produtivo e atuante, dedicado à atividade jurisdicional".
 
Na conclusão, afirma que "[ele] excedeu-se no cumprimento dos deveres do cargo. Mas, as ações do magistrado, apesar de pouco ortodoxas, são, em sua maioria, motivadas pelo anseio pessoal de justiça, o fim é nobre".
 
Mesmo reintegrado, Cordioli ainda reclama da remoção de Otacílio Costa. "Eu trabalhava com gosto, mas fui derrotado pelos que me queriam fora da cidade." Durante o ano respondendo ao processo ele recebeu vencimentos integrais.
 
Sobre o desafio de Sombrio ele diz ser uma "segunda chance". "Vou tentar fazer as coisas um pouco diferente." Para desencalhar os 5.000 processos da comarca, Cordioli vai dar expediente das 12 às 19 horas, por R$ 20.500,00. 
 

Braço erguido prova que PT não aprendeu nada

 

 
O PT tem um ex-presidente e um ex-tesoureiro, José Dirceu e Delúbio Soares, encarcerados no presídio da Papuda. Tem outro ex-presidente, José Genoino, em prisão domiciliar. E tem um ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, prestes a ser recolhido ao xadrez. Todos condenados por corrupção pela mais alta Corte do país. Pelo estatuto do partido, deveriam ser expulsos. Em vez disso, recebem solidariedade, proteção e vaquinhas.
 
O partido se dividiu: os 90% que erguem o braço e cerram o punho —física ou metaforicamente— dão aos 10% que permanecem mudos e imóveis uma péssima reputação. Nesta segunda-feira, 3, em plena cerimônia de reabertura do Congresso, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), repetiu em plenário a coreografia dos detentos. Fez isso ao lado do visitante Joaquim Barbosa, presidente do STF. Uma, duas vezes. Vargas justificou-se vagamente:
 
“Muitos se cumprimentam com positivo, sinal de vitória. No PT, é tradicional cumprimentar com L do Lula. E a gente tem se cumprimentado assim [com o punho erguido]. Foi o símbolo de reação dos nossos companheiros que foram injustamente condenados. O ministro está na nossa Casa. Na verdade, ele é um visitante, tem nosso respeito. Mas estamos bastante à vontade para cumprimentar do jeito que a gente achar que deve.''
 
O companheiro comete dois erros. Num, trata como sua a Casa do povo brasileiro. Noutro, ignora a opinião dos verdadeiros anfitriões. No final de 2013, o Datafolha informou que, para 86% dos brasileiros, Barbosa agiu bem ao mandar prender os mensaleiros em 15 de novembro, feriado da Proclamação da República. Estratificando-se o dado por preferência partidária, verificou-se que o apoio às prisões foi ligeiramente maior entre os simpatizantes do PT: 87%.
 
A desenvoltura de André Vargas indica que deve haver, escondida nos subterrâneos do PT, uma escola de desfaçatez com especialização em cinismo. Não é possível que tantos petistas já nasçam com tamanho conhecimento das mumunhas. Quando Lula diz que logo, logo vai explicar a “farsa” do mensalão, quando Rui Falcão, atual presidente do PT, declara que o Supremo julgou sob pressão da mídia golpista, eles não se tornam bons exemplos. Mas viram extraordinários avisos. Avisam que o PT não toma jeito. Quando Dirceu e Genoino se autoproclamam inocentes “presos políticos”, fazem lembrar as virgens de Sodoma e Gomorra.
 
Ninguém tem o direito de se meter na vida do PT. Mas já que a banda muda do partido não parece disposta e ninguém mais se habilita, por que não procurar alguém alheio à legenda para restabelecer a ordem? Um nome emerge instantaneamente como o mais indicado: Luiz Inácio Lula da Silva. Aquele sindicalista do ABC, muito respeitado por todos, que se lançou na política, foi deputado federal por São Paulo, farejou a existência de 300 picaretas no Congresso e chegou a presidente da República.
 
Esse Lula remoto, defensor intransigente da ética, de quem nunca mais se ouviu falar, seria algo de novo no PT. Impossível imaginá-lo recorrendo à compra de apoio político com verbas do contribuinte, ao fisiologismo e a outras práticas pouco assépticas. Ele daria atenção prioritária a um pedido de desculpas do PT, antes que não adiantasse mais nada.
 
O único problema do PT seria descobrir o paradeiro desse Lula e convencê-lo a assumir as rédeas da agremiação. Como se sabe, o personagem desapareceu misteriosamente por volta de 2005, tendo sido substituído por um sósia. Ou o PT encontra o velho Lula ou vai passar à história como único partido do mundo em que os ratos botam a culpa no queijo. E ainda erguem o braço para similar uma revolução.

Presidente do TSE defende proibição de ‘doações’ de empresas nas eleições

 

 
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, defendeu a proibição das “doações” de empresas para as campanhas políticas. “Não temos altruísmo no Brasil. E o troco que é cobrado sai muito caro para a sociedade brasileira”, disse o ministro num programa de entrevistas criado pelo TSE. A primeira edição vai ao ar às 13h30 desta quarta-feira, na TV Justiça.
 
Durante meia hora, Marco Aurélio respondeu a perguntas de quatro jornalistas convidados. O blog participou da conversa. A certa altura, referindo-se à ação que questiona no STF a constitucionalidade das contribuições eleitorais de pessoas jurídicas, ele afirmou que a proibição representaria “um avanço”. Acha que, a partir de uma interpretação do texto constitucional, o Supremo deve sinalizar a necessidade de uma reforma política —“uma reforma profunda, não apenas de fachada”, achou conveniente enfatizar.
 
O julgamento da ação mencionada por Marco Aurélio começou em 12 de dezembro passado. Foi interrompido por um pedido de vista feito pelo ministro Teori Zavascki. Antes da suspensão, quatro dos 11 ministros do Supremo sustentaram que as doações feitas aos candidatos por empresas são inconstitucionais. São eles: Luiz Fux (relator), Joaquim Barbosa, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli. Com suas declarações, Marco Aurélio, que também integra o plenário do STF, deixou claro que irá adensar esse grupo. Restará, então, apenas um voto para atingir a maioria.
 
A perspectiva de fechamento das torneiras empresariais gerou protestos no Congresso. Puxaram a chiadeira os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o do Senado, Renan Calheiros. Ambos sustentaram que a eventual proibição de doações de empresas representaria uma intromissão do STF num tema que é de competência exclusiva do Legislativo. Marco Aurélio deu de ombros. Afirmou que o Judiciário não irá “substituir-se ao legislador.” Nas suas palavras, o Supremo irá apenas “interpretar a lei das leis, que é a Constituição.”
 
O ministro declarou-se a favor do voto facultativo e do financiamento público exclusivo de campanha. Novidades que, aí sim, dependeriam de aprovação do Congresso. Empenhado em bombardear as doações empresariais, Marco Aurélio fez uma pergunta irônica. Que ele próprio respondeu: “Será que essa doação se faz por uma ideologia, pela adesão a este ou aquele partido? A resposta é desenganadamente negativa.”
 
Encerrada a entrevista, Marco Aurélio ainda conversou com os jornalistas por cerca de dez minutos antes de deixar o plenário do TSE. Nesse pedaço da conversa, ele previu que, após proibir as doações de empresas, o STF deve apreciar uma proposta de “modulação”, para definir se a proibição deve vigorar já nas eleições de 2014 ou apenas nos pleitos futuros. Se depender do ministro, o veto às doações empresariais entra em vigor já.
 
“Por que não observar já nessas eleições?”, indagou Marco Aurélio. “Aí vem o argumento de que esse ato beneficia quem está tentando a reeleição em detrimento da oposição. Paciência. Podia ser o contrário.” Vão esmiuçadas abaixo outras declarações feitas por Marco Aurélio ao longo da entrevista:
- Limitações ao trabalho do Ministério Público Eleitoral: Marco Aurélio declarou-se convencido de que o TSE irá atender ao pedido da Procuradoria-Geral Eleitoral e revogar a resolução que condiciona a abertura de investigações de crimes eleitorais à autorização da Justiça.
 
Elaborada por Dias Tofoli, vice-presidente do TSE, a fatídica resolução foi aprovada no final do ano passado por seis votos a um. Só Marco Aurélio votou contra. A despeito do placar “acachapante”, o ministro disse confiar na “evolução do tribunal”. Por quê? “A Constituição assegura essa prerrogativa ao Ministério Público. Uma prerrogativa que está explicitada também no Código de Processo Penal.”
 
Foi sempre assim em eleições anteriores, realçou Marco Aurélio. E não houve nenhuma modificação da legislação que indicasse essa limitação ao Ministério Público. “De qualquer forma, a quem interessa a limitação?”, indagou o presidente do TSE, abstendo-se de responder. “A pergunta fica no ar.”
 
E se a maioria do TSE decidir ignorar o pedido da Procuradoria? Bem, nessa hipótese, a encrenca subirá para o STF, anteviu Marco Aurélio. “A última trincheira da cidadania é o Supremo”, disse.
- Vem pra urna: Marco Aurélio celebrou o ronco das ruas como um avanço, um momento em que “o brasileiro abandona a apatia, que é algo nefasto.” Condenou, porém, o vandalismo. E reiterou a necessidade de “conscientizar o eleitor sobre a importância do voto.” Nas palavras do presidente do TSE, o eleitor “não é vítima dos maus políticos”. Está mais para “autor” dos malfeitores, porque os escolhe.
 
“O local ideal do protesto é a urna, é a eleição”, exortou Marco Aurélio. “A data exata para ter-se um protesto efetivo é 5 de outubro, na qual nós estaremos escolhendo os nossos representantes.” A publicidade institucional do TSE realçará esse tópico. “Não se protesta queimando lixeiras, depredando prédios públicos e particulares. O local de protesto por excelência é a urna eleitrônica.”
 
- Ficha Limpa: Na opinião de Marco Aurélio, a Justiça Eleitoral já dispõe de instrumentos legais para “afastar aqueles candidatos que não têm uma vida passada irreprochável, imaculada.” Espera que, aparelhado com a Lei da Ficha Limpa, o Judiciário não adote o que chamou de “minimalismo judicial”. Comparou: “Nós não vivemos na Suíça, na Suécia, nós vivemos no Brasil, um país continental, com muitos brasis diferentes.” Reconheceu o óbvio: a Justiça, inclusive a Eleitoral, é demasiado lenta. No TSE, “estamos ainda julgando controvérsias alusivas as eleiçoes de 2008. Isso não se coaduna com a celeridade e economia processuais.” Como resolver? Mediante a aprovação de leis que limitem o número de recursos judiciais e dotem os TREs e o próprio TSE de um quadro permanente de juízes.
 
- Mensalão e mensalinho: Marco Aurélio afirmou que as eleições de 2014 devem ser “conturbadas”. Por quê? Deu a entender que o processo do mensalão do PT, em fase final de julgamento dos recursos, e a ação penal do “mensalinho mineiro” do PSDB, em fase de alegações finais, devem virar munição eleitoral. Não pareceu preocupado. “Nós preciamos tornar concreta a legislação e aplicar. Só assim nós afastaremos inclusive do cenário esse sentimento de impunidade”.
 
- Partidos de fachada: Marco Aurélio participou de quase todas as sessões do TSE que resultaram na aprovação de abertura de novos partidos. Votou contra a criação do PSD de Gilberto Kassab, do Solidariedade de Paulinho da Força e da Rede de Marina Silva. Só não votou contra o Pros dos irmãos cid e Ciro Gomes porque não estava na sessão.
 
O presidente do TSE não se conforma com as três dezenas de partidos políticos em funcionamento no Brasil. “Às vezes a coisa tem que chegar a um extremo para ter-se uma correção de rumos. Quem sabe estamos caminhando para esse extremo.”
 
Não acha que já atingimos o extremo? “É um exagero realmente. Temos  partidos no cenário que são partidos de fachada, criados para posteriormente negociar tempo de tevê, para ter a aparticipação  no fundo partidário, que recebe verbas públicas. A esse contexto é que a meu ver nao atende sequer a razoabilidade.

Ministério Público apura doações a petistas


O Ministério Público está investigando as doações recebidas por petistas para pagar as multas impostas no processo do mensalão.
 
Conforme a Folha apurou, a análise ainda é recente e, por isso, ainda não há informações sobre o andamento das investigações, nem se foram encontrados indícios de irregularidades.
 
Ontem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes cobrou investigações do Ministério Público sobre as doações.
 
De acordo com o ministro, pode estar havendo lavagem de dinheiro no sistema de arrecadação. "Será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar", disse.
 
Até agora, as doações foram feitas para o ex-presidente do PT José Genoino e para o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares. Juntos, eles receberam cerca de R$ 1,7 milhão para quitar multas que somam R$ 1,1 milhão.
 
O dinheiro que sobrou será doado para o ex-ministro José Dirceu, que terá de pagar multa de R$ 971 mil, relativa à sua condenação por corrupção no mensalão.
 
Já o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) protocolou na Procuradoria-Geral da República um pedido para que as doações fossem investigadas.
 
Além das suspeitas de lavagem de dinheiro, Sampaio alega que pode estar havendo apologia ao crime, porque o PT trata os condenados como "heróis nacionais".
 
O advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, disse que as contas da campanha estão à disposição das autoridades: "A única lavagem que aconteceu foi da alma dos brasileiros indignados com o julgamento".
 
O defensor de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, disse que todas as doações foram pequenas e estão à disposição da Justiça: "Tudo aconteceu à luz do dia, não há nenhum tipo de irregularidade".
 
O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticaram Mendes. Para Sérgio, o ministro atuou "como um líder da oposição pequena". "Desafio o ministro Gilmar Mendes a mostrar que está proibido [doar]. Acho que ele não conhece a lei", disse Suplicy.