sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Violência altera a rotina da população em Santa Catarina

 

Violência em SC
Violência em SC

A onda de violência registrada em Santa Catarina começa a alterar a rotina da população. Em Florianópolis, mesmo durante o feriado, os usuários do transporte público enfrentaram problemas. Nas primeiras horas da manhã, as empresas de ônibus retiraram os veículos de circulação, causando aglomeração de pessoas nos terminais. A situação só voltou ao normal após uma reunião entre os empresários de transporte, governo estadual, prefeitura de Florianópolis e representantes das polícias.

Na reunião, o poder público voltou a dar garantias de escolta aos veículos, mas afirmou que não pode dar proteção a todos os ônibus. As empresas, então, decidiram reduzir o número de veículos à disposição dos usuários. O diretor da Canasvieiras Transporte, Jucélio Santana, que já teve três ônibus incendiados desde segunda-feira, pediu por meio da imprensa que a população tenha paciência. "Estamos agindo dessa forma para dar segurança aos funcionários e à população. Por isso, peço que as pessoas entendam a situação e tenham paciência", disse.

Da noite de quarta-feira (14) até a manhã desta quinta (15), pelo menos 12 atentados foram registrados nas cidades de Florianópolis, Itajaí Tijucas e Palhoça e Itapema. A novidade é que, agora, os criminosos também atacam sob a claridade do dia. Em Itajaí, pela manhã, bandidos atearam fogo em um ônibus. Por volta das 16h, em Itapema, dois homens tentaram, sem sucesso, incendiar outro veículo. Na fuga, foram interceptados por uma viatura policial. Houve troca de tiros. Um dos homens foi atingido e morreu. O comparsa conseguiu fugir.

Apesar da escalada dos ataques, o governador Raimundo Colombo declarou que "a situação está sob controle". Reiterou que não é possível confirmar a existência da facção criminosa Primeiro Grupo da Catarinense (PGC) e afirma que a hipótese dos atentados serem ordenados de dentro dos presídios é apenas uma das linhas de investigação.

Ele admitiu ainda que poderá aceitar ajuda federal. "Nesta hora temos que somar todas as forças, não dá para fazer uma análise política. Estou em contato com o Ministério da Justiça, com os órgãos de inteligência federal. Se piorar, se houver recrudescimento, se houver necessidade, vamos buscar apoio", declarou.

O delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro, afirmou que a investigação aponta que os últimos atentados são realizados por vândalos e oportunistas. Seriam criminosos sem ligação com qualquer estrutura dentro dos presídios. "Sobre as organizações que atuam nas penitenciárias, são grupos que não se comunicam entre si. Não acreditamos que haja uma facção, como as que existem em São Paulo ou Rio de Janeiro". Até a tarde desta quinta-feira, 30 pessoas relacionadas aos ataques haviam sido detidas. (AE)
 

Policiais mudam rotina com medo de atentados

PMs já relatam ao comando casos de ameaças sofridas


Anteontem pela manhã, no bairro Itanguá 2, zona oeste de Sorocaba, oito projéteis de arma de fogo de vários calibres, entre eles de um fuzil, foram encontrados na entrada da casa de uma policial militar. Em outro bairro, dias atrás, dois homens procuraram um policial militar, que não estava em casa, e deixaram como recado uma ameaça de morte. Há ainda uma policial que, temendo pela sua segurança e também de sua família, enviou mensagens para diversas pessoas, informando inclusive que chegou a falar de sua apreensão ao seu superior direto, porém sem respaldo. Estes episódios demonstram que a onda de violência que atinge a capital e o interior do Estado já preocupa policiais de Sorocaba.

Apesar de o comando local da Polícia Militar minimizar os boatos de possíveis ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na cidade, os PMs que estão nas ruas e que são os que estão "na linha de frente", denunciam que o temor existe com base em fatos reais. O mais recente é o boletim de ocorrência registrado no 4º Distrito Policial sobre apreensão de munições encontradas do lado de dentro do portão da casa de uma policial militar feminina.

Num momento de desespero, outra policial feminina chegou a avisar amigos e advogados por torpedos, de que está mudando seus trajetos para evitar possíveis atentados e escreveu: "Amo vocês, família e amigos. Estou enviando essa mensagem, pois saberão o que fazer se algo acontecer". Outra denúncia chegada à redação do Cruzeiro dá conta de que na semana retrasada uma pessoa teria sido vista fotografando o estacionamento interno da 4ª Companhia da Polícia Militar, que fica na Vila Haro.

O medo é tanto que uma PM desistiu de ir a uma festa de aniversário em São Paulo: "Sabemos que existe sim uma lista de nomes de PMs jurados de morte". De acordo com relatos de muitos policiais que acabam desabafando para a imprensa como forma de que medidas preventivas sejam tomadas a partir da divulgação desses fatos, não são raros os casos de policiais se deparando com carros suspeitos em frente de suas casas. Eles também garantem que todos esses fatos foram comunicados à corporação, uma vez que tudo que envolve o policial militar é automaticamente encaminhado ao conhecimento do comando.

Mas o medo e a revolta pelo terror psicológico instalado entre os PMs provocou também um protesto solitário por parte de uma delegada de polícia da cidade, que teve a coragem de adesivar o próprio carro com os dizeres "Vem PCC, tô facinha pra você! Se o secretário de Segurança não tá nem aí, eu me preocupo. Poupe pais, mães de família e o coitado do povo inocente". A sua atitude, que reforça a veracidade sobre os possíveis ataques, foram elogiados ontem pelos colegas de classe.

A reportagem do Cruzeiro do Sul procurou ontem, por telefone, falar com três capitães sobre as denúncias de ameaças e o que a instituição vem fazendo para proteger seu efetivo. Para dois oficiais foram deixados recados em suas secretárias eletrônicas, e um dos celulares deu como desligado ou fora de área.

Assassinato de policiais em SP é para saldar dívidas, dizem criminosos

Policial é morto a tiros em Guarulhos

 

 

 

 

 

A investigação dos assassinatos de policiais tem revelado uma prática usada pelo crime organizado no estado de São Paulo.

Em São Paulo, a prisão de dois assassinos confessos revelou que os criminosos matam policiais para saldar dívidas com as quadrilhas.
Uma vida por R$ 10 mil. Em depoimento, Jeferson Luiz de Miranda confessou que foi esse o valor do assassinato do investigador João Antônio Pires, no dia 5 de outubro, em Juquitiba, na Grande São Paulo. O crime foi na porta de um supermercado. Jeferson chegou na garupa e fez vários disparos. Mesmo atingido, o investigador correu para se proteger. Jeferson o seguiu e continuou atirando, mesmo com a vítima no chão.
"Execução covarde e difícil de entender. Foram disparados 16 tiros", diz o delegado Josimar Ferreira de Oliveira.
Segundo a polícia, o piloto da moto era Valmir Fernandes, que já está na cadeia. Jeferson foi preso nesta quinta, no litoral paulista. Ele contou que não conhecia o policial. Matou para ter uma dívida perdoada pela facção que comanda o crime de dentro dos presídios. "Tinha dez dias para fazer isso. Onde que eu não fiz em dez dias, aí me deram 24 horas para fazer", contou ele.
A investigação dos assassinatos de policiais tem revelado uma prática usada pelo crime organizado no estado de São Paulo. Entre quarta e quinta, dois criminosos fizeram confissões semelhantes. Mataram para pagar dívidas com uma facção criminosa. Escutas telefônicas revelaram que Leandro Rafael Pereira da Silva, o Léo Gordo, recrutava assassinos para executar cinco policiais militares.
“Como eles não conseguiram, dentro desses 10 dias, foi dada uma prorrogação para ele que se expirava agora no final do mês", detalhe o delegado Celso Marchiori
Léo Gordo confessou a morte de um PM. “Só foi o da região do Campo Limpo”, relatou.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o PM era o soldado Flávio Adriano do Carmo, morto com dois tiros no mês passado. Da noite desta quarta para esta quinta, mais oito pessoas foram executadas na região metropolitana de São Paulo, e 17 ficaram feridas. Entre elas, dois PMs e um policial civil que estavam de folga.
Em até quatro dias começa o combate intensivo contra a entrada de drogas e armas no estado, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os locais das operações foram definidos em conjunto pelas polícias civil e federal. O governador também ressaltou que a taxa de homicídios em São Paulo é a mais baixa do país em mortos por 100 mil habitantes.
“A região metropolitana é a terceira maior metrópole do mundo. Tem 22 milhões de pessoas.
Então é preciso dar o devido, se não se cria uma situação muito injusta, quase que uma campanha contra São Paulo. E não possível fazer isso e ainda criar uma situação de pânico na população", falou o governador.
Na Avenida Paulista, parentes e amigos de policiais militares mortos fizeram uma manifestação. Eles trouxeram dezenas de cruzes que simbolizavam os 92 policias assassinados no estado de São Paulo este ano.