O atirador que matou nove pessoas na cidade alemã de Munique era um
estudante obcecado com assassinatos em massa - incluindo o massacre
perpetrado por um norueguês de extrema-direita em 2011, disse neste
sábado a polícia local.
Investigadores que vasculharam o quarto do atirador encontraram
recortes de jornais sobre esses tipos de ataque, incluindo uma
reportagem intitulada "Por que os estudantes matam?".
O estudante, um alemão-iraniano de 18 anos nascido em Munique, não teve
o nome divulgado pela polícia, mas está sendo identificado como David
Sonboly.
O corpo dele foi encontrado a cerca de 1km do local do tiroteio. Ele
carregava uma pistola Glock 9mm sem autorização e com o número de série
apagado, além de cerca de 300 balas. Os investigadores acreditam que ele
tenha agido sozinho.
Segundo a polícia, o atirador já havia recebido tratamento psiquiátrico para depressão.
As autoridades dizem que há uma "ligação evidente" entre o caso da
sexta-feira e o aniversário do ataque coordenado que matou 77 pessoas na
Noruega em julho de 2011, perpetrado pelo norueguês de extrema-direita
Anders Breivik.
Breivik, de 37 anos de idade e condenado a 21 anos de prisão, confessou
que sua motivação era conter a imigração de muçulmanos para a Europa.
Premeditação
Os policiais agora querem saber se o atirador de Munique usou uma conta
falsa e um nome feminino no Facebook para atrair suas vítimas para o
McDonald's onde deu iniciou ao ataque.
Entre as nove pessoas mortas pelo atirador estão sete adolescentes. O
ataque, perto do shopping center Olympia, na capital da região da
Baviera, deixou também 27 feridos, incluindo crianças. Dez estão em
estado crítico, incluindo um menino de 13 anos de idade.
Três das vítimas eram de Kosovo, um homem de 21 anos e duas mulheres.
A Turquia informou que três mortos eram cidadãos turcos, dois adolescentes e uma mulher. Há também uma vítima da Grécia.
Neste sábado, residentes de Munique depositaram velas e flores em homenagem às vítimas do lado de fora do shopping center.
Bandeiras estão sendo hasteadas a meio-pau em luto. A chanceler alemã,
Angela Merkel, adiou suas férias nos Alpes para se reunir com
integrantes do conselho nacional de segurança.
"Estamos em luto profundo", disse Merkel, após a reunião. "Compartilhamos a sua dor."
Como aconteceu
As primeiras informações sobre o tiroteio começaram a chegar por volta
das 18h de Munique (14h de Brasília). Testemunhas disseram que o
atirador abriu fogo contra pessoas que passavam na Hanauer Street antes
seguir para o Olympia, centro comercial vizinho.
Um vídeo mostra o agressor caminhando no teto de um edifício e
disparando. Ele pode ser ouvido gritando para a pessoa que faz a
filmagem: "Sou alemão".
A polícia descreveu o ataque como "uma situação de terror aguda",
embora as autoridades salientassem que o motivo era ainda desconhecido.
As primeiras suspeitas, de ligação com o grupo autointitulado "Estado
Islâmico", foram descartadas no sábado pela polícia alemã.
Luan Zequiri, testemunha que estava no local, disse à emissora alemã
N-TV que o atirador usava botas de cano alto e uma mochila.
"Eu olhei na direção dele e ele atirou duas pessoas nas escadas", contou.
Zequiri disse ainda que se escondeu em uma loja e quando saiu viu corpos dos mortos e feridos no chão.
Após o ataque, a área do shopping foi isolada, e helicópteros sobrevoavam a região.
A polícia impediu que os funcionários não saíssem das lojas. Por
telefone, um deles disse à agência Reuters ter ouvido "múltiplos tiros".
"Todas as pessoas do lado de fora vieram para dentro da loja, e só vi uma pessoa caída no chão. Ela estava muito ferida."
As forças de segurança alemãs estão em alerta desde que um jovem afegão
feriu cinco pessoas com um machado em um trem na Baviera na
segunda-feira, em um ataque reivindicado pelo 'Estado Islâmico'.
As autoridades haviam alertado para o perigo de novos incidentes.
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