segunda-feira, 23 de março de 2015

Discurso de ódio não é liberdade de expressão, diz defensora que venceu ação contra Fidelix

 Em 2014, o então candidato relacionou homossexuais à pedofilia.

Era fim de setembro de 2014, quando os então candidatos à Presidência da República Levy Fidelix (PRTB) e Luciana Genro (PSOL) começaram a debater a homossexualidade, na TV Record. De forma irônica, o candidato relacionou homossexuais à pedofilia, afirmou que nunca havia visto procriação entre pessoas do mesmo sexo e que preferiria perder votos a apoiar gays. Cerca de seis meses após o debate, Fidelix foi condenado pela Justiça de São Paulo, por causa das declarações homofóbicas.

"A liberdade de expressão tem, sim, limites", afirma a coordenadora do Núcleo de combate à discriminação, ao racismo e ao preconceito da Defensoria Pública de São Paulo, Vanessa Vieira. "Todo esse discurso homofóbico, transfóbico, discriminatório gera danos reais à sociedade. Nós vimos no ano passado, nesse ano, vemos sempre, pessoas sendo agredidas, assassinadas em virtude da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero".Após o episódio, a Defensoria Pública paulista ajuizou uma ação civil pública contra Fidelix. O resultado saiu nesta semana. O político foi condenado pela Justiça de São Paulo em 1ª instância a pagar R$ 1 milhão para ações de promoção de igualdade da população LGBT. Cabe recurso.

Durante sua fala, Levy chegou a defender um enfrentamento a "essas minorias": "Vamos ter coragem, somos maioria, vamos enfrentar essas minorias". "Instrua seu filho, instrua seu neto", pediu o candidato ao público. Ele disse ainda que "Aparelho excretor não reproduz", causando indignação em alguns integrantes da plateia.
A reação saiu do debate televisivo e chegou aos telefones da Defensoria Pública de São Paulo e do Disque 100, o Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, do governo federal. Em Brasília, foram registradas 3 mil denúncias e, na capital paulista, 5 mil.

Nesta entrevista, a defensora pública fala sobre a ação contra Levy Fidelix e afirma que 'discurso de ódio não é liberdade de expressão'. Ela avalia ainda o Estatuto da Família, projeto da Câmara que define como família o núcleo formado apenas pela união entre homem e mulher.
"Esse projeto é um absurdo retrocesso", atesta. "Ultimamente parece que a gente está regredindo."
ESTADÃO:
O que essa vitória representa para o movimento LGBT?

DEFENSORA PÚBLICA VANESSA VIEIRA:
Vencer essa ação civil pública, mesmo que na 1ª instância, é uma grande vitória para a Defensoria e para o movimento LGBT, porque afirma que as pessoas não estão livres para falarem discursos de ódio. Delimitou bem os limites da liberdade de expressão. Assim que a gente ajuizou a ação, na época em que o Levy Fidelix proferiu esses termos, isso foi muito discutido na sociedade, que o que ele tinha falado se baseava na liberdade de expressão. Nós não negamos que, de fato, a liberdade de expressão é um direito fundamental e que deve sim ser respeitado. Mas nós entendemos que depois que esse discurso é proferido, cabe sim uma reparação no caso daquele discurso ter incidido no discurso de ódio e ter ocasionado algum dano moral. Ficou muito claro na sentença da juíza. A gente espera que essa decisão prevaleça no Tribunal, no Supremo Tribunal Federal, para que seja mantido esse entendimento que discurso de ódio não é liberdade de expressão. A manifestação do pensamento das pessoas tem limites, sim.
ESTADÃO:
Como ensinar a diferença entre liberdade de expressão e incitação ao ódio?
 A diferença entre as duas coisas nem sempre é fácil de fazer. Muitas vezes, discurso de ódio está travestido de liberdade de expressão, de liberdade religiosa. O critério que a gente procura utilizar é que discurso de ódio é aquele que de fato incita a violência, a discriminação, coloca que aquele grupo social merece menos respeito, menos direitos que outros grupos. Muitas vezes, as pessoas falam coisas discriminatórias, preconceituosas, sob o manto da liberdade de expressão e da liberdade religiosa.
ESTADÃO:
Qual foi a estratégia usada para chegar à condenação?
VANESSA:
Nós entendemos que não foram apenas as pessoas que denunciaram ou as pessoas que de algum forma reclamaram para a gente as prejudicadas e lesadas, mas toda a população LGBT. Nós baseamos nossa ação no argumento de que a liberdade de expressão tem, sim, limites e afirmamos para a juíza que todo esse discurso homofóbico, transfóbico, discriminatório gera danos reais à sociedade. Nós vimos o ano passado, nesse ano, vemos sempre, pessoas sendo agredidas, assassinadas em virtude da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero. Muitas vezes pessoas heterossexuais são assassinadas por serem confundidas com homossexuais. Juntamos, na ação, recortes de jornal de mortes e agressões em virtude da orientação sexual e da identidade de gênero.
ESTADÃO:
O valor de R$ 1 milhão foi baseado em quê?
VANESSA:
Entendemos que esse valor é aquém do dano causado. Esse discurso de ódio foi proferido na televisão, com ampla audiência, no meio de um debate político e a juíza acatou um dos nossos argumentos que foi no sentido de que se essas questões estão sendo discutidas em um debate eleitoral, entre candidatos à presidência da república e algo desse tipo é dito, dá a impressão que aquela opinião, que aquela discriminação é algo tolerável, que é algo aceitável na sociedade. O que de fato não é. A juíza alegou na sentença que esse tema sobre orientação sexual, identidade de gênero são temas que devem ser discutidos sim na sociedade, que devem ser debatidos. Mas há uma diferença muito grande entre o debate dessas questões e você desrespeitar o outro, agredir, incitar, dizer que o outro tem que ser perseguido, tratado bem longe da gente, como foi dito pelo Levy Fidelix. A gente respeita a liberdade de expressão. Em outros casos, envolvendo políticos, já foram proferidos discursos dizendo que ser homossexual é pecado. Em respeito à liberdade religiosa, nós não ingressamos com nenhuma medida. No entanto, na situação do Levy Fidelix, mais do que expressar sua opinião e suas ideias religiosas, ele afirmou que a população LGBT deveria ser enfrentada. Ser enfrentada pode ser intepretada de várias formas. Mas provavelmente quem assistiu ao debate pode ter interpretado como agredir, discriminar, desrespeitar. Comparou à homossexualidade à pedofilia, afirmou que as pessoas homossexuais têm que ser tratadas bem longe da gente. Tudo isso significa um desrespeito à dignidade da pessoa, da população LGBT. Nós tivemos denúncias, inclusive, da população heterossexual, que se sentiu agredida, no sentido que ele não respeitou a diversidade na sociedade.
ESTADÃO:
Dizer que homossexualidade é pecado não seria discriminatório?
VANESSA:
Isso acaba sendo difícil de caracterizar. É uma discriminação e gera várias situações na sociedade, de violência, de discriminação até mesmo na família. Mas no âmbito do Judiciário, às vezes fica difícil você comprovar que aquilo ultrapassou a liberdade de expressão, a liberdade religiosa.
ESTADÃO:
Mover ação contra político é mais difícil?
VANESSA:
Independentemente da pessoa, se é político ou não, o mais difícil é identificar esse limite do que é uma mera opinião, uma mera concepção religiosa, ideológica, do que é um discurso de ódio. A gente procura analisar os casos de forma cautelosa, para também não desrespeitar a liberdade de expressão.
ESTADÃO:
O que você acha da criminalização da homofobia?
VANESSA:
Hoje, as pessoas investem bastante no Direito Penal. Eu acredito que o Direito Penal não é a solução para todos os problemas. O fato de ele ter sido condenado a uma indenização tão alta talvez tenha tido um efeito maior que o direito penal. Mas nós sabemos que a sociedade reivindica o Direito penal, ele tem uma função simbólica, de mostrar que aquelas condutas não são permitidas, toleradas. Acho que o Direito Penal só deve ser usado nos casos mais graves.
ESTADÃO:
Em um assassinato, por exemplo.
VANESSA:
Exatamente, numa situação mais grave. O principal é que o governo invista em políticas públicas, para que crie uma sociedade menos preconceituosa, menos discriminatória, principalmente, invista na educação, na sensibilização de crianças e adolescentes, para que a sociedade forme pessoas diferentes.
ESTADÃO:
Qual é a maior dificuldade que se tem na luta contra o preconceito? Por que ainda há tanta discriminação?
VANESSA:
As pessoas têm suas ideias pré-concebidas, seus preconceitos e muitas vezes é difícil você desconstruir esse preconceito. Não é um trabalho fácil. Você precisa muitas vezes de uma educação muito completa, que a pessoa se depare com essas questões, se sensibilize, para que haja uma mudança. O mais difícil é isso a resistência das pessoas a quebrar seus preconceitos. Olhar para si, para os outros, verificar que existem diferenças na sociedade e tudo bem.
ESTADÃO:
Em quais casos a Defensoria é mais acionada?
VANESSA:
Nós somos muito acionados em casos familiares, de pais, parentes que discriminam filhos gays. Muitas vezes expulsa o filho de casa, não dá a devida atenção, discrimina, xinga, maltrata e até agride.
ESTADÃO:
Como você vê o chamado Estatuto da Família, projeto da Câmara que define como família o núcleo formado apenas pela união entre homem e mulher?
VANESSA:
Esse projeto é um absurdo retrocesso. O STF (Supremo Tribunal Federal) já decidiu que é possível a união estável homoafetiva. Hoje a tendência do direito é reconhecer várias formas de família, não só aquelas tradicionais, com pai, mãe e filho. Existem várias formas de organização familiar. Você querer impor, por concepções religiosas, a sua forma de ver as famílias, isso é muito antidemocrático, totalmente inconstitucional, vai contra a dignidade da pessoa humana, contra o respeito à diversidade, previsto na Constituição, a igualdade de todos. Fico muito surpresa de ver tantos avanços em países próximos, como a Argentina, e aqui no Brasil a gente ter um Parlamento que ao invés de avançar nos direitos, está retrocedendo.
ESTADÃO:
Acha que o Brasil está progredindo, a sociedade está se tornando menos machista, menos discriminatória e preconceituosa?
VANESSA:
Ultimamente parece que a gente está regredindo. Até mesmo contra a população negra, parece que com a vinda do crime de racismo, tinha dado uma amenizada, as pessoas não falavam mais coisas racistas e preconceituosas, mas isso parece que está retrocedendo. A gente vê as pessoas falando coisas discriminatórias de forma aberta, sem nenhum pudor. A gente precisa trabalhar cada vez mais no enfrentamento dessas questões.

 http://www.msn.com/pt-br

Datafolha: Para 84% dos brasileiros, Dilma sabia de corrupção na Petrobras

Pesquisa foi divulgada neste domingo (22); entre eleitores de Aécio Neves, o percentual sobe para 94%

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e que foi publicada neste domingo mostrou que 84% dos brasileiros acreditam que a presidente Dilma Rousseff sabia sobre a corrupção na Petrobras.

A pesquisa mostrou que 61% dos brasileiros acreditam que Dilma sabia sobre a corrupção na Petrobras e deixou que ocorresse; 23% consideram que a presidente era consciente, mas não podia fazer nada para evitá-la; 10% disseram que a governante "não sabia", enquanto 6% não souberam responder.

Do grupo de entrevistados que declarou ter votado em Dilma no segundo turno das eleições de outubro, 74% ressaltaram que a presidente sabia sobre o esquema de corrupção, enquanto essa porcentagem chega a 94% entre os que votaram em Aécio (PSDB)

Questionados sobre uma eventual privatização da companhia petrolífera, 61% dos entrevistados se posicionaram contra, 24% defenderam sua venda, 5% se mostraram indiferentes e 10% não souberam responder.

O Instituto Datafolha entrevistou 2.842 eleitores na segunda-feira e na terça-feira, depois das manifestações que levaram milhares às ruas no domingo.
 
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-03-22/para-84-dos-brasileiros-dilma-sabia-de-corrupcao-na-petrobras-diz-datafolha.html

Morador de rua proibido de circular no campus da UnB

Justiça decide afastar suspeito de atacar estudantes. Departamento havia suspendido aulas após ameaças



O morador de rua Renatinho, suspeito de agredir e assediar mulheres no campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, está proibido de circular e permanecer na Universidade de Brasília (UnB). A Polícia Civil do Distrito Federal conseguiu medida cautelar na Justiça e, caso o homem descumpra a restrição, deve ser autuado em flagrante por desobediência. Para estudantes, há fraco policiamento no local, que não deve impedir a presença do acusado.

Há dois dias, o Jornal de Brasília mostrou que o Departamento de Artes Visuais da universidade precisou suspender as aulas depois que o suspeito, que passou a morar na UnB, agrediu duas mulheres no Instituto Central de Ciências Sul.

Tudo aconteceu no último dia 16, quando, após as 22h, ele abordou uma professora e uma estudante, de 22 anos, com as calças abaixadas na altura das pernas. Pouco depois, ele teria atacado outro grupo, com gritos e cuspidas. A previsão é de que  as aulas voltem ao normal amanhã.

Na última sexta, Renatinho estava detido no 2º Departamento de Polícia Civil, na Asa Norte, aguardando uma decisão da Justiça. Agora, segundo a PCDF, caso ele descumpra a medida restritiva, o juiz será informado e “poderá decretar sua prisão preventiva”. O crime é de menor potencial ofensivo e, por enquanto, o acusado segue em liberdade.

POLICIAMENTO 
A Polícia Civil informou que agentes estarão realizando diligências no local para verificar se Renatinho continua a frequentar as dependências da UnB. De acordo com a PMDF, as equipes “continuarão fazendo o patrulhamento na área e, caso seja verificada a presença dele no campus, o mesmo será conduzido à delegacia pelo descumprimento da ordem”.

Para estudantes, a medida da Justiça é falha. Garantem que não haverá policiamento suficiente para que o homem seja mantido fora da UnB. Amanda de Souza, de 19 anos, é estudante de Administração e diz que quase não vê seguranças ou policiais protegendo a universidade. “O campus está extremamente perigoso, a gente sempre reclama da questão da segurança. Com a decisão, essa sensação de medo vai diminuir. Mas duvido que tenha um controle”, acredita.

Para ela, o acusado vai voltar. A opinião é compartilhada por Isabela Braga, aluna de Ciências Biológicas, 19. “Não acho que tenha como garantir que ele não entre nas dependências da UnB. É claro que dá um pouco de alívio saber que ele está impedido, mas não tem como relaxar”, opina.

Histórico de ataques e memorando
 Velho conhecido dos estudantes, professores e frequentadores da Universidade de Brasília, o primeiro registro de reclamação a respeito de Renatinho é de 2013, quando um professor foi agredido e uma aluna e uma mulher foram atacadas, no estacionamento do campus. A primeira, com um pedaço de madeira, e a segunda, quando saía de uma academia.

Segundo relatos de testemunhas, o homem aguardava o momento em que as mulheres ficavam sozinhas para abordá-las. Quando saíam da sala de aula ou dos auditórios, se deparavam com o homem se masturbando nas escadas do campus. Ele teria agarrado e cuspido nas mulheres, além de agredir um professor do Departamento de Agronomia.

Com medo da reação do homem, alunas e funcionárias evitam andar sozinhas, e até mesmo sair das salas de aula, para não correrem o risco de se deparar com o agressor. Segundo os estudantes, um memorando relatando os casos acontecidos no campus foi enviado ao Decanato de Gestão de Pessoas da instituição de ensino. “É inadmissível que a gente não tenha segurança em um lugar como a UnB. Ele está sempre por perto, estamos sempre com medo”, afirmou uma estudante que preferiu não se identificar.

Rotina perigosa
Os estudantes da UnB reclamam da presença de moradores de rua como Renatinho (foto) no campus. Segundo eles, além de cometerem atentado ao pudor, essas pessoas também seriam responsáveis por assaltos. Apesar de serem presos com certa frequência, os estudantes dizem que os mesmos sempre retornam ao local.

Saiba mais
A reportagem não conseguiu contato com a Universidade de Brasília, para que comentasse o acontecimento e a decisão.

A PM diz contar com a colaboração da comunidade, de alunos e de funcionários da UnB para que denunciem caso o homem seja visto no campus.

A informação é de que, somente no início do semestre, quatro tentativas de estupro ocorreram dentro das dependências da instituição.

As mulheres teriam recebido recomendação, pelas redes sociais, de não andarem sozinhas no campus.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

 http://brasilia.ig.com.br/?url_layer=http://www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/608543/atrativos-fazem-de-brasilia-um-bom-destino/

Pastor volta a atacar novela da Globo: "Destruição de valores"

Pastor Silas Malafaia voltou a criticar a novela "Babilônia" em seu Twitter: "É a reação da sociedade à destruição de valores que tem norteado a família"

O beijo entre Estela e Teresa foi suave e cheio de significado. Foto: Reprodução/TV Globo
Babilônia. Foto: Reprodução/TV Globo

 Neste domingo (22), o pastor Silas Malafaia voltou a atacar a nova novela da Globo, "Babilõnia", que estreou há uma semana. "A reação da sociedade à novela 'Babilônia' não é 'caça às bruxas' e, sim, contra a imoralidade pregada em uma hora em que adolescentes têm acesso", escreveu ele, no Twitter. "É a reação da sociedade à destruição de valores que têm norteado a família. Familias fortes, nação forte. Famílias detonadas, nação sem rumo", completou
Patrocinadora da imoralidade
Na semana passada, após a estreia, Silas promoveu um boicote à novela por exibir cenas de beijo entre as personagens Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg).

“Não tenho nenhuma dúvida que a Rede Globo é a maior patrocinadora da imoralidade e do homossexualismo no Brasil. Uma vergonha!”, escreveu o pastor no site Verdade Gospel. “O nome da novela – Babilônia – representa muito bem o que tem sido a Rede Globo, um instrumento de podridão moral. E espero, que como a antiga Babilônia, que eles se autodestruam.” Até o momento, a publicação já ultrapassou 41 mil compartilhamentos.

Caça às bruxas
Fernando Montenegro, em entrevista à "Veja", chamou o boicote de caça às bruxas e lamentou  “Não esperávamos essa reação. A situação toda do país está muito extremada, na discussão política e sobre comportamento”, espantou-se Fernanda na matéria. “Todos temos o direito de se posicionar. Não tiro o direito de ninguém. O problema é a radicalização desse pensar e no que ele pode se transformar. É caça às bruxas, de todos os lados.”
 
 
http://gente.ig.com.br/tvenovela/2015-03-22/pastor-volta-a-atacar-novela-da-globo-destruicao-de-valores.html

Fies: 'Não adianta entrar na faculdade em curso de baixa qualidade'

Para pesquisador da UFG, governo federal tem de cobrar qualidade dos cursos que financia pelo Fies e pelo Prouni

A rápida passagem do ex-ministro da Educação Cid Gomes foi marcada por problemas e polêmicas sobre o Fies (programa federal de financiamento estudantil). De um lado, o ministério criou novas regras para a obtenção de crédito, como o mínimo de 450 pontos no Enem, e a garantia de atendimento apenas para instituições com nota alta em avaliações do MEC. De outro, os problemas na comunicação e o atraso no calendário levaram estudantes a pagar matrícula e mensalidades sem saber das novas regras.

Governo Federal gastou mais com Fies na 1ª quinzena de 2015 que em 2010
 Na última semana, a presidente Dilma Rousseff chegou a admitir que o governo errou com o Fies e, por isso, precisou mudá-lo. Para João Ferreira de Oliveira, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, o governo tem dificuldades em melhorar os critérios de qualidade do programa por pressão do ensino privado.
 
 
Do ponto de vista dos estudantes, o coordenador do grupo de pesquisas sobre Expansão do Ensino Superior e Produção do Conhecimento diz que "não adianta entrar no setor privado em um curso de baixa qualidade. A pessoa porque é pobre tem que fazer um curso ruim?".

Confira abaixo a entrevista:
iG: Na última década, o governo federal tem feito um esforço para aumentar o número de alunos no ensino superior, com o Reuni (programa de expansão das federais), o ProUni (de bolsas no ensino privado)  e o Fies (de financiamento estudantil). Como o senhor vê a articulação desses programas? 
Acho que o grande debate é a questão do público e do privado, de como usar o recurso público para expandir o ensino público e o privado. A questão de fundo é se o Estado deve usar sua renda para expandir [a rede privada] ou só sua rede federal. O que a gente tem visto do governo Lula para cá é uma forte expansão da rede privada, mas também houve grande expansão de educação pública. 

O sistema, no entanto, mantêm os patamares de matrículas de 75% do ensino superior no setor privado e 25% no setor público que vinham do governo do Fernando Henrique Cardoso. Muitas dessas matrículas no setor privado têm se mantido com dinheiro do ProUni e do Fies. Estatísticas mostram que 40% das matrículas do setor privada são mantidas dessa maneira.

Estamos vivendo uma situação que é bastante complexa porque, como o governo ampliou enormemente os recursos para o financiamento em instituições privadas, ele agora está sofrendo as pressões do próprio setor privado quando tenta aperfeiçoar as regras. E ainda temos uma meta de duplicar as matrículas do ensino superior até 2024.

O fortalecimento do Fies e do Prouni foi feito sob o discurso de usar as vagas ociosas da rede privada para ampliar de maneira mais rápida a inclusão no ensino superior. O Brasil é o segundo país da América Latina com o ensino superior mais privatizado, só atrás do Chile. Outros países fizeram a expansão pelo setor público. Então, é uma balela dizer que para expandir a educação superior você tem de fazê-lo pela via do privado. O privado tem de seguir as leis de mercado e não depender de financiamento público para se manter. 

O discurso do Ministério da Educação, desde outros governos, é que expandir as vagas nas universidades federais é mais caro porque você tem uma outra lógica, de ter professor doutor, de ter geração de conhecimento, de ter pesquisa e ensino. No ensino privado, as instituições são mais focadas no ensino, seja presencial seja a distância.

No privado, o que temos visto é que essa expansão tem se baseado no professor contratado por hora-aula, basicamente focado no ensino de graduação, com mestrados e doutorado aqui e ali. O ensino mercantil se expandiu muito mais que o ensino privado sem fins lucrativos, como o das confessionais [PUC, Mackenzie], que ainda têm mestrados e doutorados e professores que fazem pesquisa.

Em dezembro, o ministério anunciou a adoção da pontuação no Enem como critério para seleção do Fies (450 pontos como mínimo). Era necessária essa alteração?
São duas coisas, uma é a nota que se pede do aluno no Enem e a outra é a nota exigida das instituições. Se há menos recursos ou se quer elevar a qualidade, pode-se exigir mais qualidade pelas avaliações [que vão de 1 a 5].
Um aluno com notas baixíssimas entrando em um curso de nota 3 agrega algum valor à sua formação? Se o foco é desenvolver habilidades e competências, um curso de baixo prestígio social vai agregar valor a essa formação? O outro aspecto é que nós não temos recursos para ficar gastando com cursos de baixa qualidade. Já que vai manter o sistema de financiamento a instituições privadas, que esse financiamento seja feito em instituições de qualidade.
Até o ano passado, o governo federal distribuía crédito estudantil para vagas em instituições que tivessem notas acima de 3 na avaliação do MEC. Este ano, o ministério afirmou que garante apenas o atendimento pleno para cursos nota 5, mas não disse como serão os critérios para cursos 3 ou 4. Essa mudança é suficiente?
Acho que tem de elevar os critérios. As notas vão de 1 a 5, em geral as instituições privadas trabalham com nota 3. A maioria dos alunos têm acesso ao ProUni e ao Fies em instituições que têm a nota mínima. Exigir a nota 4 da instituição seria exigir um patamar que puxa a qualidade para cima. E no Enem, tem de exigir uma pontuação que seja razoável até para o acompanhamento do curso.
O corte por nota não tira do sistema exatamente os alunos de baixa renda, que vêm da escola pública?
As instituições privadas dizem que estão fazendo a inclusão social. Hoje existe um sistema de cotas nas univesidades federais que separa ao menos 50% das vagas [até 2016] das federais para estudantes de escola pública. No Brasil, 88% das matrículas do ensino médio estão nas instituições públicas. O sistema de inclusão, mesmo nas públicas e mesmo com as cotas, é ainda injusto do ponto de vista das matrículas no ensino médio.
Essa inclusão precisa ser feita, sobretudo nas públicas. É evidente que o sistema de ensino superior no País ainda é considerado de elite porque você tem 15% dos jovens que conseguem entrar nele. Mas estão entrando mais alunos de baixa renda e, claro, não dá para negar que muita gente está entrando nas escolas privadas. Mas não adianta entrar no setor privado em um curso de baixa qualidade que não agrega valor nenhum. A pessoa porque é pobre tem de fazer um curso ruim?
O que defendo é que de fato haja uma inclusão social, que pessoas de escola pública com baixa renda também possam frequentar cursos de prestígio, como medicina e engenharia, e de qualidade. Uma ideia interessante: por que não ter cotas em cursos de prestígio social no ensino privado? 
Em 2010, tínhamos 4,7 milhões de alunos no ensino superior privado. Em 2013, o número era de 5,4 milhões. Se são 40% de alunos dentro dos programas de bolsa ou de crédito do governo federal, o crescimento não deveria ser da mesma ordem?
As matrículas estão crescendo. Agora, não dá para olhar para o número de vagas e de matrículas sem olhar para o cenário. As pessoas levam em conta se o curso tem prestígio, se vai agregar valor para o mercado de trabalho e também levam em conta a própria trajétoria escolar.

Há uma demanda muito grande por vagas de cursos de medicina, que às vezes têm cem candidatos por vaga. Um curso de licenciatura, mesmo em federais, às vezes não chega a ter um candidato por vaga. Estamos tendo um apagão nas licenciaturas porque é uma profissão pouco atraente. Precisamos desesperadamente formar gente em licenciatura em biologia, física, e não temos alunos interessados. A expansão não se faz sem planejamento estratégico. 

O curso de direito, por exemplo, você tem um grande número de alunos que fazem o curso e ficam anos e anos tentando passar no exame da OAB, às vezes nunca vão passar. Isso é uma tragédia.

O que é preciso fazer para que aumentemos o número de alunos no ensino superior e alcancemos a meta de 33% de alunos de 18 a 24 anos em 2024?
Se não houver uma estratégia forte com frente de expansão pública – seja no bacharelado seja na licenciatura seja tecnólogo –, dificilmente vamos alcançar a meta do PNE [Plano Nacional de Educação]. Acho que também vale a expansão via educação a distância em universidades públicas. E isso vai requerer do governo um outro Reuni, que não parece possível nesse cenário econômico. No patamar de crescimento que temos, não vamos chegar lá. Não para graduação.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2015-03-23/fies-nao-adianta-entrar-na-faculdade-em-curso-de-baixa-qualidade.html

Nova ofensiva da Lava Jato mira uso de partidos para lavar propina

Nova fase da operação que investiga desvios na Petrobras deve analisar a participação dos partidos políticos no esquema

Suíça bloqueia R$ 1,3 bilhão de contas de investigados na Lava JatoO Ministério Público planeja investigar, em inquérito separado, numa nova fase da Operação Lava Jato, o suposto uso dos partidos políticos da base do governo no planejamento do esquema de arrecadação de propinas na Petrobras entre 2004 e 2012. 

A pista foi dada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nos despachos em que pede a abertura de inquéritos contra parlamentares ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os partidos visados pelas investigações são o PP, PT e PMDB. 

“(...) cumpre registrar que foi também requerida a instauração de inquérito próprio, para apurar (...) o denominado núcleo político do esquema criminoso perpetrado junto à PETROBRAS. (...) Assim, o processo sistêmico de distribuição de recursos ilícitos a agentes políticos, notadamente com utilização de agremiações partidárias, no âmbito do esquema criminoso perpetrado junto à PETROBRAS, será objeto de investigação apartada”, escreve o procurador.

Os despachos informando Zavascki estão relacionados a parlamentares com notória liderança junto aos principais partidos que dominaram o esquema montado para desviar recursos da Petrobras – 21 do PP, 7 do PMDB, 6 do PT. PSDB e PTB têm um parlamentar cada, mas são citados lateralmente no esquema.

Segundo os investigadores da Lava Jato, o esquema de corrupção na estatal foi organizado a partir do chamado núcleo político, formado por parlamentares que usavam os partidos para indicar os dirigentes da estatal comprometidos com os demais segmentos da organização.

Na sequência eram então organizados os núcleos econômico, representado pelas empresas cartelizadas; o administrativo, integrado por funcionários de alto escalão da Petrobras; e, finalmente, o financeiro, operado por personagens como o doleiro Alberto Youssef, responsável pela distribuição e lavagem da propina.

Janot descreve “a comunhão de esforços e interesses” entre empreiteiras e políticos, afirma que o esquema funcionou ao longo dos oito anos “de maneira periódica e ordinária”, mas também de forma “episódica e extraordinária” em épocas eleitorais, onde indica as suspeitas que podem pegar os partidos: “doações ‘oficiais’, devidamente declaradas, pelas construtoras ou empresas coligadas, diretamente para os políticos ou para o diretório nacional ou estadual do partido respectivo, as quais, em verdade, consistiam em propinas pagas e disfarçadas do seu real propósito”.

Organização complexa 
O organograma do grupo montado pela força tarefa da Lava Jato tem como base os depoimentos prestados nos acordos de delação premiada por Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, o homem que operou o esquema do início ao fim e conhecia por dentro os segredos do esquema que o MPF define como “organização criminosa complexa”.

Os investigadores não chegariam aos políticos sem as revelações de Costa, que apontou nomes e explicou em detalhes a estrutura de corrupção implantada na estatal pelos partidos e pelo cartel de empreiteiras – um aprendizado que pode ser útil para esclarecer esquemas que podem ter funcionado em outras estatais federais.

O precursor, segundo Costa, foi o ex-deputado José Janene (PP-PR), falecido em 2010, que se apoderou da diretoria de Abastecimento da estatal um ano anos de vir à tona o escândalo do mensalão, do qual ele era, também, um dos mentores. Depois de indicar e bancar Costa, o PP abriu o esquema para a participação do PT e do PMDB, que passariam a controlar, respectivamente, a diretorias de Serviços e Internacional. Outros dois partidos citados, PTB e PSDB, pegaram apenas uma rebarba do esquema.

Acusado de receber R$ 1 milhão – cujo motivo e destino Costa ignora – e pedir outros R$ 2 milhões para a campanha da ex-governadora Roseana Sarney ao governo do Maranhão, em 2010, o senador e ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, é apontado como figura chave nos desvios da Petrobras.
 
Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima

Antes de aparecer na lista de Janot, Renan Calheiros disse que não conhecia Youssef ou envolvidos na Lava Jato. Foto: Câmara dos Deputados/Gustavo Lima

Segundo Janot, a propina supostamente recebida por Lobão tem relação direta com o cargo que ocupava como ministro, com a condição de senador licenciado e pelo papel que exercia como um dos líderes do PMDB. Ele era responsável inclusive pela “manutenção de Paulo Roberto Costa como diretor de Abastecimento”. Mas não é só ele. Outros expoentes do partido, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL) e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), também são alvos da investigação pelo suposto uso do partido.

O senador Lobão é apontado também por um executivo da empreiteira Camargo Corrêa, Dalton Avancini, como beneficiário de uma propina de R$ 10 milhões relacionado a construção da usina de Belo Monte, no Pará, e de obras da usina atômica Angra 3, no Rio de Janeiro.

Mãos Limpas 
O desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, especialista no assunto, diz que, caso sejam confirmados os indícios de ligação entre doações eleitorais e origem ilícita dos recursos, o país estará diante de uma das formas mais criativas de lavagem de dinheiro. Segundo ele, o MPF quer investigar a extensão dos crimes junto aos partidos, o que, se comprovado, pode provocar abalo no sistema eleitoral nunca visto na história republicana. No caso do mensalão, lembra, o delator Roberto Jefferson assumiu a culpa para livrar o partido, embora nunca tenha apontado o destino de parte do dinheiro desviado dos Correios.

“Há semelhança entre o que está sendo investigado no Brasil e o que houve na Itália com a Operação Mãos Limpas. Lá, quando se provou que o sistema político estava corrompido, para evitar uma decisão judicial, os partidos se extinguiram”, lembra o juiz. No Brasil, diz ele, pelos acordos de delação e de leniência, é provável é que os nomes e siglas pelos quais são conhecidos hoje partidos e empreiteiras sejam trocadas. Maierovitch acha que partidos podem aproveitar a reforma política em curso para se refundar.

O outro lado 
Logo depois que a lista de Janot foi divulgada, o senador Edison Lobão se defendeu da tribuna do Senado, negando as acusações e garantindo que as investigações provarão que é inocente. Disse que seu nome foi incluído na lista e que não conhece o doleiro Youssef.

Ouvidos pelo iG por meio de suas assessorias, PP, PT e PMDB negam que os partidos tenham se envolvido com o recebimento de propina. O PP, que tem o maior número de parlamentares sob investigação, entre eles, o presidente do partido, o senador Ciro Nogueira (PI), afirma que “não compactua com atos ilícitos e está a disposição da justiça para auxiliar nas investigações. O partido confia na apuração da Justiça para que a verdade prevaleça nas investigações da Operação Lava Jato”.

O presidente do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, informou que o partido jamais autorizou ou permitiu qualquer intermediário usar o nome da legenda e que doações ao partido foram devidamente declaradas. O PT reiterou o que tem afirmado: o partido só recebe doações legais e declaradas.

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