Balanço menciona que cooperação entre Suíça, Brasil e Estados Unidos garantiu sucesso na luta internacional contra a corrupção. MP suíço tem mais de 60 investigações ligadas à Petrobras.
O Ministério Público da Suíça informou que bloqueou 1 bilhão de francos
suíços, que correspondem a mais de R$ 3 bilhões, de investigados da
Operação Lava Jato em virtude de lavagem de dinheiro e corrupção.
O dado
consta de um balanço sobre as atividades do MP em 2016 divulgado nesta
quarta-feira (5). As investigações contra a Petrobras estão em uma parte
do relatório dedicada a "casos de interesse público".
Dos valores bloqueados, R$ 623 milhões foram restituídos às autoridades
brasileiras, segundo o MP suíço, que apreendeu e investigou documentos
relativos a mais de 1 mil contas bancárias.
Até o momento, 60 investigações foram abertas na Suíça relacionadas às
suspeitas levantadas pela Lava Jato. Dessas, 20 tiveram início no ano
passado.
A Operação Lava Jato investiga desde 2014 um esquema criminoso de
corrupção e desvio de recursos da Petrobras, com envolvimento de
empreiteiras, servidores públicos e agentes políticos que utilizavam
operadores financeiros para enviar dinheiro de corrupção para o
exterior. A Suíça foi um dos países utilizados pelos investigados para
desviar dinheiro.
Multa à Odebrecht
O relatório do MP suíço aponta que a Odebrecht foi alvo de uma atenção
especial nas investigações. Um funcionário da empresa, Fernando
Migliaccio, foi preso em Genebra em março de 2016, enquanto tentava
encerrar contas bancárias e esvaziar um cofre em uma instituição
bancária.
De acordo com o Ministério Público Federal do Brasil, Migliaccio
mudou-se para o exterior após as buscas e apreensões feitas na
Odebrecht, em 19 de junho de 2015. Para os procuradores, a mudança de
Migliaccio – custeada pela Odebrecht – foi uma manobra para dificultar
as investigações.
O Ministério Público suíço afirma que a Odebrecht foi condenada por
crimes cometidos pela empresa na Suíça e recebeu multa equivalente a R$
14 milhões. Além disso, a empreiteira foi obrigada a restituir na Suíça
vantagens indevidas no montante de R$ 623 milhões, e outros R$ 5,6
bilhões a autoridades do Brasil e dos Estados Unidos, de acordo com o
documento.
Em acordos firmados pela Odebrecht e pela Braskem, que é o braço
petroquímico do grupo, as empresas revelaram e se comprometeram a
revelar fatos ilícitos praticados na Petrobras e em outras esferas de
poder, envolvendo agentes políticos de governos federal, estaduais, municipais e estrangeiros.
Para o Ministério Público suíço a cooperação entre Brasil, EUA e Suíça
países garantiu sucesso na luta internacional contra a corrupção.