domingo, 2 de dezembro de 2012

Brasil fica em penúltimo lugar em ranking global de qualidade de educação

  

 Uma das consultorias mais respeitadas do mundo na avaliação de sistemas de ensino colocou o Brasil no penúltimo lugar em um ranking da qualidade da educação.
O estudo analisou dados de 40 países. Finlândia e Coreia do Sul aparecem no topo. A pesquisa da Economist Intelligence Unit levou em conta vários critérios. Entre eles, a qualidade dos professores, o desempenho escolar no ensino fundamental e índices de alfabetização.
 
O Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de testes e qualidade de professores, dentre outros fatores.
A pesquisa foi encomendada à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de aprendizado e vende seus produtos a vários países.
                                         
                                           
Ele diz que no passado muitos países temiam os rankings internacionais de comparação e que alguns líderes se preocupavam mais com o impacto negativo das pesquisas na mídia, deixando de lado a oportunidade de introduzir novas políticas a partir dos resultados.
Dez anos atrás, no entanto, quando pesquisas do tipo começaram a ser divulgadas sistematicamente, esta cultura mudou, avalia Barber.
"A Alemanha, por exemplo, se viu muito mais abaixo nos primeiros rankings Pisa [sistema de avaliação europeu] do que esperava. O resultado foi um profundo debate nacional sobre o sistema educacional, sérias análises das falhas e aí políticas novas em resposta aos desafios que foram identificados. Uma década depois, o progresso da Alemanha rumo ao topo dos rankings é visível para todos".
No ranking da EIU-Person, por exemplo, os alemães figuram em 15º lugar. Em comparação, a Grã-Bretanha fica em 6º, seguida da Holanda, Nova Zelândia, Suíça, Canadá, Irlanda, Dinamarca, Austrália e Polônia.
                    
Cultura e impactos econômicos
Tidas como "super potências" da educação, a Finlândia e a Coreia do Sul dominam o ranking, e na sequência figura uma lista de destaques asiáticos, como Hong Kong, Japão e Cingapura.
Alemanha, Estados Unidso e França estão em grupo intermediário, e Brasil, México e Indonésia integram os mais baixos.
O ranking é baseado em testes efetuados em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas a cada três ou quatro anos, e por isso apresentam um cenário com um atraso estatístico frente à realidade atual.
Mas o objetivo é fornecer uma visão multidimensional do desempenho escolar nessas nações, e criar um banco de dados que a Pearson chama de "Curva do Aprendizado".
Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira "cultura" nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo.
Daí o alto desempenho das nações asiáticas no ranking.
Nesses países o estudo tem um distinto grau de importância na sociedade e as expectativas que os pais têm dos filhos são muito altas.
Comparando a Finlândia e a Coreia do Sul, por exemplo, vê-se enormes diferenças entre os dois países, mas um "valor moral" concedido à educação muito parecido.
O relatório destaca ainda a importância de empregar professores de alta qualidade, a necessidade de encontrar maneiras de recrutá-los e o pagamento de bons salários.
Há ainda menções às consequências econômicas diretas dos sistemas educacionais de alto e baixo desempenho, sobretudo em uma economia globalizada baseada em habilidades profissionais.
                                            
    1. Finlândia
    2. Coreia do Sul
    3. Hong Kong
    4. Japão
    5. Cingapura
    6. Grã-Bretanha
    7. Holanda
    8. Nova Zelândia
    9. Suíça
    10. Canadá
    11. Irlanda
    12. Dinamarca
    13. Austrália
    14. Polônia
    15. Alemanha
    16. Bélgica
    17. Estados Unidos
    18. Hungria
    19. Eslováquia
    20. Rússia
    21. Suécia
    22. República Tcheca
    23. Áustria
    24. Itália
    25. França
    26. Noruega
    27. Portugal
    28. Espanha
    29. Israel
    30. Bulgária
    31. Grécia
    32. Romênia
    33. Chile
    34. Turquia
    35. Argentina
    36. Colômbia
    37. Tailândia
    38. México
    39. Brasil
    40. Indonésia

DF tem 1 branco assassinado para cada 7 negros, indica estudo

 
 
Índice leva em consideração número absoluto de mortes violentas em 2010.
Comparação proporcional por raça coloca o DF em 4º lugar em ranking.
 
Levantamento do Mapa da Violência mostra que sete negros são assassinados no Distrito Federal para cada branco vítima de homicídio. O número é mais que o dobro da média nacional, de três negros assassinados para cada branco. As informações se referem ao número absoluto de mortes violentas registradas em 2010, sem levar em consideração o percentual de população de cada raça.
Os dados foram divulgados nesta quinta (29) e são resultado de uma pesquisa realizada em parceria pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e pela Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Social, do governo federal, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento abrange também registros entre 2002 e 2010 e dados por número de habitantes.

Sem levar em consideração o percentual de negros e brancos da população, a unidade federativa que com maior diferença entre as raças é Alagoas, com 40 negros assassinados para cada branco. Em seguida vem a Paraíba, com 29 negros para cada branco. Os estados do Sul são os únicos que registram maior número de mortes de brancos em relação a negros. Em Santa Catarina, são 6 brancos assassinados para cada negro; no Paraná e no Rio Grande do Sul a proporção é de 5 para 1.
 
Recorte por raçasQuando se leva em consideração o percentual de negros e brancos por grupo de 100 mil habitantes de cada raça, a proporção no DF é de cinco negros para cada branco assassinado (diferença de 406% nos índices de homicício entre as duas raças).
Esse índice, chamado de “vitimização”, coloca a capital na quarta posição entre as unidades da federação, atrás da Paraíba, que tem 1.824% mais mortes de negros do que brancos a cada grupo de 100 mil habitantes, Alagoas, com 1.713%, e Pernambuco, com 609%. A média nacional é de 132%. Nesse quesito, apenas o Paraná registra percentual negativo, com -42,6%. Os estados que vêm a seguir são Santa Catarina, com 5,8%, Acre, com 28,8%, e São Paulo, com 32,1%.
 
“Este índice é mais fiel ao quadro porque leva em consideração a quantidade de negros e brancos de cada lugar”, disse ao G1 o autor da pesquisa, Julio Jacobo Waiselfisz.
A pesquisa mostra ainda que mais que dobraram os casos de homicídio de negros em relação ao de brancos entre 2002 e 2010 no DF. De 2002 a 2010, o número de brancos assassinados pulou de 103 para 112, um aumento de 8,7%. Já entre a população negra, o número passou de 632 para 762, um crescimento de 20,6%.
 
O Distrito Federal fica em 18º lugar quando comparados os assassinatos de brancos por grupo de 100 mil habitantes, com índice de 10,4%. Já em relação a mortes de negros, o DF tem 52,8 homicídios por grupo de 100 mil habitantes, 6º lugar no ranking entre as unidades da federação, de acordo com o estudo.
O DF também está entre as oito unidades da federação que ultrapassam a marca dos 100 homicídios para cada 100 mil jovens negros. Entre 2002 e 2010 houve queda de 12,5% nos assassinatos de jovens brancos do DF. Entre os jovens negros, o aumento foi de 10,8%.
 
“Preocupa enormemente não só o elevado índice de vitimização negra que encontramos em 2010. Preocupa mais ainda a tendência crescente do problema. Os níveis atuais de vitimização negra já são intoleráveis, mas se nada for feito de forma imediata e drástica, a vitimização negra no país poderá chegar a patamares inadmissíveis pela humanidade”, aponta o Mapa da Violência 2012.

Negros representam 57% da população do DF, aponta pesquisa
Dos jovens de 15 a 17 anos, 63% se autodeclaram negros.
9% dos negros têm curso superior; índice sobe para 19% com brancos.

Os negros são maioria no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial. Pelos dados da última Pesquisa Distrital de Amostra por Domicílios, entre os 2,2 milhões habitantes da capital federal, 1,3 milhão são negros. O número representa 57% da população. Dos jovens de 15 a 17 anos, 63% se autodeclaram negros.

A maior concentração da população negra está na Estrutural, onde o índice é de 76%. Os negros também são maioria em 17 regiões administrativas. Os dados foram divulgados pelo governo do Distrito Federal (GDF), nesta quarta-feira (21), durante cerimônia em comemoração ao Dia Internacional Contra a Discriminação Racial.

No Paranoá, segunda região com maior concentração de negros, eles são 72,8% dos habitantes. Em seguida, estão Varjão, Itapoã e São Sebastião, com72%, 71,4% e 71,1% de concentração, respectivamente. Todas essas regiões são consideradas áreas pobres do DF.

Escolaridade

A pesquisa feita pelo GDF revela que, apesar de os negros serem maioria, ainda sofrem desvantagens, principalmente quando o assunto é educação. Apenas 9,91% dos negros têm diploma de graduação em uma faculdade. No caso dos brancos, esse índice sobre para 19,15%.

De acordo com o secretário de Igualdade Racial, Hernandes Macário, o governo pretende iniciar as discussões sobre ações afirmativas. “Vamos montar um grupo de trabalho na ideia de lançar um plano de trabalho para estar inserindo essa pauta na educação e estar vendo perspectivas de ações afirmativas educacionais", disse.

Entre os analfabetos, os que sabem apenas ler e escrever ou os que concluíram somente ensino fundamental, a maioria é formada pela população negra ou pardo. Os brancos se sobressaem nos ensinos médio e superior.

Iniciativa

Através da música, o grupo Obará, do Guará, faz trabalho com jovens de profissionalização e de incentivo ao desempenho escolar. Para participar, é preciso frequentar a escola, onde os negros recebem aula de seralheria e fabricação de instrumentos.
O músico Gerson faz parte do grupo e acredita que o projeto garante a busca por direitos. “A intenção aqui é nossos direiros, no sentido de humanindade. A batralha é essa", disse.

Preocupação social

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília Renísia Garcia Filino, doutora em Políticas Públicas, Gênero e Raça, os elevados números de homicídio contra os jovens negros no Brasil se devem ao que ela denomina “racismo estruturante”, que inclui o tratamento diferenciado a brancos e negros em diversas esferas e níveis da sociedade.
 
“A segurança pública é violenta contra os negros, a educação é excludente, o sistema de saúde atende de forma diferenciada as mulheres negras e a mídia por muito tempo colocou os negros numa condição de subserviência. É um conjunto de fatores que leva à banalização da morte da juventude negra, como se cada caso fosse mais uma coisa, uma figura que morreu”, disse.
Segundo Renísia, é necessária a aplicação de programas de combate à violência contra a população negra. “Existem recursos, mas muitos municípios não gastam. Isso tem a ver com a invisibilidade da mortalidade dos negros na sociedade”, afirmou.