O material está descrito no auto circunstanciado de busca e apreensão da Polícia Federal.
Na cobertura do Edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, onde mora
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Maria Letícia, a
Polícia Federal recolheu documentos de imóvel rural em Atibaia, nove
aparelhos de telefones celular e uma carta com nome impresso Emílio
Odebrecht. São alguns dos itens apreendidos na Operação Aletheia - 24ª
fase da Lava Jato, deflagrada no dia 4 -, que teve Lula como alvo
principal. Ele foi levado coercitivamente para depor, no aeroporto de
Congonhas, em São Paulo, e o material recolhido em sua casa enviado para
Curitiba.
O material está descrito no auto circunstanciado de
busca e apreensão da Polícia Federal. No documento consta que no
apartamento 121, ocupado pelo ex-presidente Lula, um dos itens
recolhidos são de "documentos diversos relacionados a imóvel rural na
cidade de Atibaia/SP".
Lula é investigado pela compra do Sítio
Santa Bárbara, em Atibaia, em nome de "laranjas" e que recebeu reformas e
equipamentos bancados por empreiteiras do cartel acusado de corrupção
na Petrobras - OAS e Odebrecht - e pelo pecuarista José Carlos Bumlai,
preso desde novembro pela Lava Jato.
Publicamente e na Justiça, o ex-presidente afirmou que o sítio foi comprado pelo amigo Jacó Bittar (PT), ex-prefeito de Campinas, e registrado em nome do filho Fernando Bittar e de seu sócio Jonas Suassuna - ambos também sócios de um dos filhos de Lula. O objetivo seria propiciar as duas famílias, amigas desde a década de 1970, a conviverem após ele deixar a Presidência.
No material apreendido pela PF há também um "pedaço de papelão, extraído de caixa de papelão, com folha colada em sua superfície com os dizeres: CX62, "destino: Sítio".
O apartamento 121, onde estavam os documentos apreendidos com referência ao sítio de Atibaia é o imóvel que pertence ao primo de Bumlai. Oficialmente Lula é dono do 122, onde também foram recolhidos itens.
Outro item arrecadado nas buscas é um envelope com etiqueta "Presidente Lula". Dentro dele "carta com assinatura e data, além do nome impresso Emílio Odebrecht".
Telefones
Os agentes da Polícia Federal recolheram ainda na casa do ex-presidente nove telefones celulares. Um dos itens que chamou atenção dos agentes foi um dos aparelhos, modelo STI, com o seguinte registro: "Presidente LULA 000001".
O ex-presidente afirma publicamente que não tem aparelhos de telefone celular. As perícias da PF estão concentradas em Curitiba e a previsão é que os primeiros relatórios comecem a ficar prontos nesta semana.