A lenda do boxe antigamente conhecida como Frank Maloney anunciou que voltará ao esporte. Depois de passar por uma cirurgia de mudança de sexo, a mulher chamada hoje de Kellie Maloney
revelou nesta quinta-feira que decidiu atuar como empresária, função na
qual se destacou e marcou época na modalidade, quando ainda assumia a
identidade de homem.
Maloney, quando ainda usava o nome de Frank, foi responsável pela ascensão meteórica
de Lennox Lewis, quando o britânico se tornou campeão mundial dos pesos
pesados de todas as organizações do boxe durante a década de 90. Agora,
já como Kellie, voltará à modalidade e revelou já ter acordo para
cuidar da carreira de dois pugilistas que ainda buscam espaço no
esporte.
"Eu tenho que começar de baixo novamente e não há como ser de outra forma. A oportunidade e o desafio pessoal são muito grandes", declarou Maloney, que também levou os boxeadores Paul Ingle e Scott Harrison a títulos mundiais.
Maloney
havia encerrado sua carreira de 30 anos no boxe em 2013, quando
devolveu a licença que tinha à Comissão de Controle do Boxe Britânico
por se dizer desiludido com o esporte. No ano seguinte,
surpreendeu ao anunciar que faria uma cirurgia para mudar de sexo.
Quando ainda era Frank, o empresário chegou a ter o nome envolvido em
polêmicas por homofobia.
Em uma entrevista ao jornal inglês Sunday
Mirror , na qual revelou a mudança de sexo, Maloney revelou que nunca
se sentiu confortável em um corpo masculino.
"Eu nasci no corpo
errado e sempre soube que era uma mulher. Não posso continuar vivendo na
sombra", explicou. Pouco após a divulgação da entrevista, Maloney
recebeu diversas mensagens de apoio, inclusive de pessoas ligadas ao
boxe, considerado um meio machista, e não escondeu a surpresa. "É este
tipo de pessoas que você nunca esperava que fossem te apoiar. Me deixa
tão orgulhoso e só quero agradecer a eles pelo apoio", afirmou ao Sunday
Mirror.
Maloney ainda garantiu: "Isto mostra que o mundo está
mudando". "Está mudando para melhor. Muitas outras pessoas em minha
posição foram severamente traumatizadas por anos pelo que passaram. Eu
não posso agradecer o povo britânico o suficiente por seu cuidado e
entendimento", comentou.
Ex-ministro
dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e um dos
"faxinados" do mandato passado, o presidente nacional do PDT, Carlos
Lupi, disse que os petistas "roubaram demais" e que o partido deles "se
esgotou". "O PT exauriu-se, esgotou-se. Olha o caso da Petrobras. A
gente não acha que o PT inventou a corrupção, mas roubaram demais.
Exageraram. O projeto deles virou projeto de poder pelo poder", disse
Lupi um dia após a Petrobras divulgar que a perda da estatal com a
corrupção chegava a R$ 6,2 bilhões.
A declaração foi feita durante um encontro com correligionários na
quinta-feira, em São Paulo. O Estado teve acesso à fala de Lupi, que foi
confirmada pelo próprio dirigente pedetista.
Na conversa, o
presidente do partido fez ressalvas a programas simbólicos dos governos
petistas, como o Bolsa Família. "Tirou milhões da miséria, isso é bom
para caramba. O Nordeste é outro (avanço), é verdade. Quem não vê isso é
mentiroso, nojento. Eu tenho raiva deles. Mas (o governo) criou também
uma dependência. Eu vejo gente que não quer trabalhar para manter o
Bolsa Família, isso está errado. O programa tem que ser instrumento para
tirar da miséria, não para manter na miséria."
Aos
correligionários, Lupi também reclamou do tratamento dado pelo PT ao PDT
desde que as duas legendas formalizaram a aliança em 2006, quando o
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputava a reeleição. "A
conversa com o PT, com o meu amigo Lula e com a presidente Dilma, é qual
o naco de poder que fica com cada um. Para mim, isso não basta. Eu não
quero um pedaço de chocolate para brincar como criança que adoça a boca.
Eu quero ser sócio da fábrica, eu quero ajudar a fazer o chocolate."
Em
um momento de autocrítica, o presidente do PDT disse que o partido se
"acomodou" por estar no poder, mas que, diante da insatisfação
demonstrada pela população nas ruas, o partido precisa começar a buscar
novos caminhos ou sofrerá as consequências no futuro.
"Se a gente
não acordar para isso, daqui a pouco a população vai fazer como juiz de
futebol: vai dar cartão vermelho para gente. Para muitos, já está
dando", disse Lupi. De acordo com aliados do dirigente pedetista, esse
tem sido o tom usado por ele durante as reuniões com as Executivas
estaduais do PDT desde o início do ano.
Segundo Lupi, o fato de
nas últimas eleições candidatos como o palhaço Tiririca (PR-SP) e o
ex-jogador Romário (PSB-RJ) terem sido eleitos para cargos no
Legislativo demonstram o descontentamento das pessoas com a figura do
político tradicional. "O povo está fazendo isso para sacanear a gente.
Está dizendo: 'Seus babacas, me respeitem, porque senão olha o que eu
vou fazer com vocês. Em vez de votar em vocês, eu vou votar no Tiririca,
vou votar no Romário'."
Planos
Procurado
pelo Estado, Lupi confirmou o teor do discurso feito na quinta-feira.
Ele nega que o PDT pense em deixar a base aliada neste momento.
Acomodado no Ministério do Trabalho - cujo atual titular é Manoel Dias
-, o partido conta hoje com 19 dos 513 deputados da Câmara e 6 dos 81
senadores.
Ex-ministro do Trabalho, Lupi deixou o governo Dilma
em dezembro de 2011, após uma série de denúncias de irregularidades
envolvendo integrantes da pasta. Apesar de o partido continuar no
comando do ministério até hoje, a relação entre PDT e PT está a cada dia
mais estremecida. Parte dos senadores do partido defende a saída
imediata da base do governo. Na Câmara, a bancada da sigla não tem mais
seguido a orientação do Palácio do Planalto na hora das votações.
Até
agora, Lupi era apontado como o que mais resistia à ideia de deixar a
base aliada. Hoje, no momento em que o PT passa pela sua maior crise
desde que assumiu o governo, em 2003, o dirigente trabalhista resume
assim o seu sentimento: "A gente não quer ser um rato, que foge do porão
do navio quando entra a primeira água, mas também não queremos ser o
comandante do Titanic, que ficou no barco até ele afundar".
Visitantes
relatam obrigação de tirar a roupa e se submeter a práticas vexatórias
após procedimento ser proibido desde 2014; governo paulista pode ser
processado por vítimas.
Semanalmente,
a servidora pública Daniela*, de 30 anos, faz visitas ao marido em um
presídio no interior de São Paulo. A rotina é a mesma há oito anos. Em
grupos de três a quatro mulheres, a visitante tira a roupa diante das
agentes penitenciárias e passa pelo detector de metais. Se a máquina
apita, é preciso passar por uma revista, com direito a agachamentos. Ao
todo, a revista leva cerca de 15 minutos. “É muito constrangedor. Eles
nos olham como se a gente tivesse feito o crime”, diz Daniela.
Em
agosto do ano passado, entretanto, ela achou que o constrangimento fosse
ter fim. Foi quando o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo,
sancionou a Lei nº 15.552, que proíbe os estabelecimentos prisionais de
realizarem revistas íntimas, entendidas como “todo procedimento que
obrigue o visitante a despir-se, fazer agachamentos ou dar saltos e
submeter-se a exames clínicos invasivos”. Veja manual sobre como revistas devem ser feitas em SP
Semanalmente,
a servidora pública Daniela*, de 30 anos, faz visitas ao marido em um
presídio no interior de São Paulo. A rotina é a mesma há oito anos. Em
grupos de três a quatro mulheres, a visitante tira a roupa diante das
agentes penitenciárias e passa pelo detector de metais. Se a máquina
apita, é preciso passar por uma revista, com direito a agachamentos. Ao
todo, a revista leva cerca de 15 minutos. “É muito constrangedor. Eles
nos olham como se a gente tivesse feito o crime”, diz Daniela.
Em
agosto do ano passado, entretanto, ela achou que o constrangimento fosse
ter fim. Foi quando o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo,
sancionou a Lei nº 15.552, que proíbe os estabelecimentos prisionais de
realizarem revistas íntimas, entendidas como “todo procedimento que
obrigue o visitante a despir-se, fazer agachamentos ou dar saltos e
submeter-se a exames clínicos invasivos”.
Depois
de oito meses, as 162 unidades prisionais de São Paulo operam apenas
com aparelhos de Raio-X e detectores de metal. Em breve, as quatro
unidades do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros passarão a usar o
sistema de scanner corporal, em um projeto-piloto da Secretaria.
O
contrato de locação de cinco equipamentos com a empresa Nuctech do
Brasil Ltda. foi publicado na última sexta-feira (24), no Diário
Oficial. Ao iG, o secretário da Administração
Penitenciária, Lourival Gomes, negou que a lei esteja sendo descumprida.
"O ingresso de visitantes nos presídios é realizado conforme previsto
pela legislação vigente", informou a Secretaria por meio de nota.
A
afirmação do órgão, no entanto, conflita com relatos como o de Daniela e
o de muitos outros visitantes que têm procurado o auxílio da Defensoria
Pública do Estado e de entidades como o Instituto Terra, Trabalho e
Cidadania (ITTC) e a Pastoral Carcerária, que historicamente defendem o
fim da revista vexatória.
"As
revistas continuam acontecendo como se nada tivesse mudado, sendo que o
próprio governador deu um prazo até fevereiro deste para a
regulamentação da lei", critica a advogada do ITTC, Gabriela Ferraz.
Em
parceria com a Defensoria, as entidades estudam entrar com ações
indenizatórias, mandados de segurança e até mesmo uma ação de
improbidade administrativa contra o governador Geraldo Alckmin. “Nós
encaminhamos um oficio extrajudicial ao governador, mas até agora não
tivemos nenhum tipo de resposta. Por se tratar de um direito líquido e
certo, vamos tentar acioná-lo judicialmente”, completa a advogada.
Muitos constrangimentos
Entre
as visitantes, a expectativa de uma mudança real nos procedimentos é
baixa. “Creio que nunca vão regulamentar isso não”, desafaba a servidora
Daniela. “Até hoje, não mudou nada, é sempre a mesma coisa. A única
coisa boa foi o fim de semana em que a lei passou. Nesse dia, a gente
não tirou a roupa e pode passar direto. Eu nem acreditei”, conta.
Segundo
Daniela, seu constrangimento é ainda maior por estar acima do peso.
“Para gente que é mais forte, é sempre mais difícil, porque se encostar
um fio de cabelo na máquina ela apita, sendo que cabelo não tem metal,
né? Mas tudo bem”, diz Daniela, que atualmente pesa 153 quilos.
“Aí,
é horrível, porque elas pedem pra gente levantar as dobras e dizem
assim ‘levanta o peito, agora a barriga’, e depois, elas vêm olhar nosso
cabelo, dentro da boca, a sola do pé. Não tem constrangimento maior”,
relata.
Outro problema frequentemente enfrentado pelas mulheres é
no período da menstruação. “A gente tem de tirar ali na frente o
absorvente e botar o que eles dão. Dá até coceira, nunca vi aquela
marca. Sem contar que é pequenininho, imagina pra quem tem aquele fluxo
grande. E a moça te dá contado. São quatro pra você se virar na visita
inteira.”
Diante das dificuldades, Daniela criou uma página no
Facebook intitulada “Amor atrás das grades”, que conta com quase 50 mil
seguidores. “Ali, uma ajuda a outra”, explica a servidora, que diz
receber pedidos de apoio para elaborar processos, pedidos de semiaberto,
condicional, transporte até os presídios e todo tipo de informação
relacionada ao convívio com familiares e amigos encarcerados.
*O nome original foi preservado a pedido da entrevistada.
Rodrigo Gularte deve ser executado na próxima
terça-feira; ele foi condenado à pena de morte após tentar entrar no
país com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe
O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, que deverá
ser executado na Indonésia, rejeitou neste domingo (26) a fazer seus
três últimos pedidos e expressou confiança de que a sentença não será
cumprida, disse seu advogado.
Gularte, de 42 anos, foi notificado
no sábado de que será executado por fuzilamento. Nenhuma data para a
sentença foi anunciada, mas ela poderá ser realizada já na terça-feira
após o fim do aviso de 72h previsto pela lei indonésia.
Preso em 2004 ao tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína em pranchas de surfe, Gularte foi condenado à morte em 2005.
A
defesa ainda tenta convencer autoridades a reverter sua pena, após o
brasileiro ter sido diagnosticado com esquizofrenia, e entrará com um
novo recurso na segunda-feira.
Gularte recebeu visita da prima,
Angelita Muxfeldt, na prisão de Nusakambangan, a cerca de 400km de
Jacarta, onde ele é mantido e as sentenças deverão ser cumpridas. Ele
poderá ser visitado todos os dias até a data da execução.
O
encontro foi "difícil", no qual ele se negou a realizar os três últimos
pedidos a que tem direito, disse à BBC Brasil o advogado Ricky Gunawan,
que também esteve na reunião.
"Ele rejeitou, rindo. E disse: 'Isso é alguma coisa como Aladdin? Não preciso disso'", disse ele, que assumiu o caso em março.
Gularte
poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em
janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser
condenado à morte por tráfico de drogas.
'Pena de morte abolida' Gularte
foi diagnosticado com esquizofrenia por dois relatórios no ano passado.
Em março, uma equipe médica reavaliou o brasileiro à pedido da
Procuradoria Geral indonésia, mas o resultado deste laudo não foi
divulgado, apesar de repetidos pedidos da defesa e do governo
brasileiro.
Familiares e conhecidos relataram em
entrevistas recentes à BBC Brasil que Gularte passa seus dias na prisão
conversando com paredes e ouvindo vozes de satélites. Dizem que ele se
recusa a tirar um boné, que usa virado para trás, alegando ser sua
proteção.
No encontro deste domingo, Gunawan disse que o brasileiro
alterou momentos de lucidez com discursos "delirantes", no qual disse
acreditar que sua execução não será realizada.
"Quando falamos da
execução, ele disse que houve uma conferência internacional de
procuradores ontem e hoje, que a pena de morte foi abolida e que ele não
será executado".
"Disse, por exemplo, que a água em Cilacap e em todos os lugares é intoxicada e que a gente devia ter cuidado".
Um
representante da embaixada brasileira e um pastor também participaram
da visita, disse Gunawan. "O pastor tentou dizer que ele precisava estar
preparado, mas era difícil para ele (Gularte) entender a situação".
No
sábado, Gularte teria reagido com "surpresa" e "delírio" ao ser
notificado de sua execução, disse à BBC Brasil um diplomata brasileiro
que acompanhou o anúncio.
Novo recurso O
advogado de Gularte tentará um novo recurso na segunda-feira para
reverter a execução. Na semana passada, a defesa havia pedido para que a
prima que está na Indonésia ficasse com a guarda do brasileiro, devido
ao seu estado mental.
A
família alega que ele sofre de distúrbios mentais há anos. Segundo o
advogado, a lei indonésia proíbe que réus com doenças mentais sejam
condenados à morte e o recurso deverá apontar o "longo histórico de
problemas mentais" de Gularte.
"Não há nenhuma prova de que ele
estava bem quando ele cometeu o crime. Temos fortes evidências de que
ele tem problemas mentais desde 1982".
Além de Gularte, oito condenados também foram notificados - sete estrangeiros e um indonésio.
Entre
eles estão os australianos Andrew Chan e Myuram Sukumaran, considerados
os líderes do grupo de traficantes "Os Nove de Bali", além de cidadãos
das Filipinas e Nigéria.
A Indonésia está sob forte pressão
internacional para que reveja as execuções, e o secretário-geral da
Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, reforçou pedido para que as
condenações sejam revistas.
"O secretário-geral pede ao presidente
Joko Widodo que considere urgentemente declarar uma moratório na pena
capital na Indonésia, tem em vista sua abolição", disse um porta-voz de
Ban.
Widodo, que assumiu em 2014, negou clemência a condenados por
tráfico, dizendo que o país está em situação de "emergência" devido às
drogas. Em janeiro, seis presos foram executados, inclusive Marco
Archer.
Brasil e Noruega convocaram seus embaixadores na Indonésia
em protesto e, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff recusou
temporariamente as credenciais do novo representante indonésio no Brasil
em meio ao impasse com Jacarta diante da iminente execução de Gularte.
Grupos de direitos humanos também têm pressionado a Indonésia para cancelar a aplicação das penas.
Mais de 130 presos estão no corredor da morte, 57 por tráfico de drogas, segundo a agência Associated Press.
Emissora fluminense é criticada nos seus 50 anos por movimentos sociais em SP, DF, RS e MG
No
domingo que marca os 50 anos de fundação da Rede Globo, movimentos
sociais e sindicatos promoveram neste domingo em quatro capitais
protestos contra a emissora fluminense por sua suposta colaboração com a
ditadura militar e numa campanha de apoio ao impeachment da presidente
Dilma Rousseff (PT).
Os
atos aconteceram em São Paulo (SP), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e
Belo Horizonte (MG) e foram apoiados por sindicatos como a Central Única
dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e
Movimento dos Sem-Terra (MST).
Veja o vídeo do ato paulista produzido pelo Jornalistas Livres
Em
São Paulo, a concentração ocorreu na Praça General Gentil Falcão, que
fica próxima da sede paulista da emissora. A seguir, o grupo seguiu em
marcha ao local. Estimativas iniciais dos organizadores indicam que pelo
menos mil pessoas participaram do ato.
Veja galeria de imagens
Manifestação em São Paulo reuniu dezenas de pessoas. Foto: Reprodução/Facebook
Também
foram realizados atos em Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Porto
Alegre (RS). Na capital gaúcha, a afiliada da Rede Globo foi denunciada
na Operação Zelotes, da Polícia Federal, que investiga manobras para
sonegar impostos.
Estudo de cientistas identificou que região da Ásia sofre de abalos sísmicos históricos
O
devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal no último
sábado (25) já deixou milhares de vítimas, feridos e desabrigados. Mas
esta tragédia não é totalmente inesperada.
Cientistas
haviam identificado há um mês a possibilidade de um grande abalado
sísmico ocorrer no exato epicentro deste último tremor, após um estudo
revelar um padrão histórico de terremotos nesta região.
Laurent
Bollinger, da agência de pesquisa CEA na França, e seus colegas
realizaram um pesquisa de campo no Nepal e identificaram ser comum que
um grande terremoto gere outro, vários anos mais tarde, em uma mesma
região.
Veja galeria com imagens da tragédia no Nepal
Assim,
um tremor ocorrido no Nepal em 1934, que matou 8,5 mil pessoas, teria
gerado uma grande pressão no subsolo, que foi sendo transferida ao longo
de uma falha geológica e liberada 81 anos depois, no último sábado.
O mesmo "efeito dominó" teria ocorrido há 700 anos, segundo os cientistas. Falha geológica
Em
sua pesquisa, Bollinger e sua equipe foram até à selva no centro-sul do
Nepal para investigar a principal falha geológica do país, que corta
seu território de leste a oeste e tem uma extensão de 1 mil quilômetros.
No
local onde a falha chega à superfície, eles desenterraram fragmentos de
carvão vegetal para verificar quando ela havia se movido pela última
vez.
Textos antigos mencionam diversos terremotos, mas localizar
no solo do Nepal onde eles ocorreram é extremamente difícil, porque
intensas chuvas, deslizamentos de terra e a densa folhagem cobrem a
superfície da terra, fazendo com que seja difícil identificar as
rupturas causadas por um tremor.
Mas, a partir da análise do
carvão, o grupo liderado por Bollinger encontrou evidências de que a
falha investigada não havia se movido por um longo tempo.
"Mostramos
que esta falha não havia sido a culpada pelos grandes terremotos de
1505 e 1833, e que a última vez que ela havia se movido havia sido em
1344", afirma Bollinger, que apresentou o estudo para a Sociedade
Geológica do Nepal há duas semanas.
Preocupação
Antes,
a equipe havia trabalhado em outro segmento próximo da falha, que fica
ao leste de Kathmandu, e mostrado que ele havia passado por fortes
terremotos em 1255 e, depois, em 1934.
Quando os cientistas viram
este padrão de eventos, eles ficaram preocupados, porque, quando
acontece um grande terremoto, o movimento de terra gerado por ele gera
uma transferência de pressão ao longo da falha - e parece ter sido isso
que ocorreu após o tremor de 1255.
Depois de 89 anos, em 1344, a pressão acumulada no segmento leste da falha foi liberada, gerando um novo forte abalo.
Agora, a história se repete, com a pressão gerada em 1934 sendo transferida rumo ao leste da falha e liberada 81 anos depois.
O mais preocupante é que os pesquisadores acreditam que novos tremores podem estar por vir.
"Cálculos
sugerem que a magnitude 7,8 do terremoto de sábado não foi forte o
suficiente para gerar um ruptura até a superfície, então, é possível que
mais pressão ainda esteja acumulada", afirma Bollinger.
"Por isso, podemos esperar um novo grande terremoto ao leste e ao sul nas próximas décadas."