quinta-feira, 27 de junho de 2013

Polícia dispersa manifestantes no gramado do Congresso

Polícia dispersa manifestantes no gramado do Congresso

FOTOS: Protesto no Congresso


A Polícia Militar do Distrito Federal agiu de forma agressiva para encerrar ontem o protesto realizado em Brasília no gramado do Congresso Nacional. Depois de ser alvo de alguns rojões e sinalizadores, a polícia dispersou os milhares de manifestantes com diversas bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral atiradas para o alto e caindo no meio da multidão. Carros da PM cortaram ainda em alta velocidade os gramados da Esplanada em meio aos manifestantes que deixavam o protesto.

O aparato mobilizado pela Secretaria de Segurança do Distrito Federal envolveu 4 mil homens da Polícia Militar, incluindo a tropa de choque. Barreiras foram montadas em frente e na lateral do gramado do Congresso, além de proteger os prédios do Palácio do Itamaraty, depredado na quinta-feira passada, e do Ministério da Justiça.
A ação da PM começou por volta das 21 horas, quando aproximadamente cinco mil pessoas ocupavam o gramado em frente ao Congresso depois de cinco horas de protesto. A atitude de alguns dos integrantes da manifestação de jogar rojões e sinalizadores contra a barreira montada pela polícia serviu de justificativa para a ação definida por policiais como "dispersão".
As bombas foram atiradas em todas as direções atingindo todas as áreas ocupadas pelos manifestantes. Nas laterais também havia bombas e quem conseguia fugir do gás lacrimogêneo tentando subir aos acessos para o Itamaraty ou ministério da Justiça era recebido com spray de pimenta por policiais.
Com a dispersão encaminhada, os integrantes do protestos seguiram caminhando rumo a Rodoviária do Plano Piloto, que fica a cerca de dois quilômetros do Congresso Nacional. "Houve truculência demais, quando um meu amigo foi questionar , empurraram ele, prenderam e também perguntaram se eu queria ir para delegacia", contou Leonardo Zandonadi, servidor público de 25 anos. Segundo a PM, oito pessoas foram presas no final da manifestação. Outros dois tinham sido detidos na chegada ao protesto durante revista realizada por policiais. Um portava facas e cassetetes, o outro drogas. A secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que até às 21h50 dez pessoas tinham sido atendidas sem gravidade.
Os protestos em Brasília começaram ainda pela manhã, quando integrantes da ONG Rio de Paz espalharam pelo gramado em frente ao Congresso 594 bolas de futebol representando cada um dos parlamentares para significar que cabe ao Legislativo atender aos pedidos feitos nas ruas. Eles chutaram as bolas no final da tarde para simbolizar a responsabilidade do Congresso de dar respostas às reivindicações.
Os cartazes e gritos dos manifestantes novamente tiveram vários objetivos. A derrubada da PEC 37, que limitava o poder de investigação do Ministério Público, foi comemorada, mas houve cobrança de mais investimentos em saúde e educação, aprovação da proposta que torna aberto o voto em processos de cassação, da instalação de uma CPI para investigar os gastos da Copa do Mundo, além de pedidos para que Renan Calheiros (PMDB-AL) deixe a presidência do Senado e o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) o comando da comissão de Direitos Humanos na Câmara.
 

Dilma: 'não existe tarifa zero'


Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais, presidente afirmou que transporte gratuíto é inviável


BRASÍLIA - Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que "não existe tarifa zero" no transporte coletivo, detalhou os planos para conter a onda de protestos no País e afirmou estar disposta a entrar em campo para pôr os pingos nos 'is' nessa luta política. "O meu governo vai disputar a voz das ruas", afirmou Dilma aos sindicalistas.
Sem ser interrompida durante 35 minutos, ela disse respeitar as manifestações, mas admitiu temer a ação de grupos com outros interesses que não os de movimentos pacíficos. Ao citar a redução do preço das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos nas principais capitais, Dilma disse que o transporte gratuito é inviável. "Não existe tarifa zero: ou se paga passagem ou se paga imposto", insistiu.
A presidente pediu apoio aos sindicalistas para a proposta de convocação de um plebiscito, com o objetivo de ouvir o que a população quer mudar no sistema político. A ideia rachou o movimento sindical. A presidente também não conseguiu convencer os dirigentes a suspender a greve geral marcada para 11 de julho e muitos deles deixaram o Palácio do Planalto sem esconder a irritação com o que chamaram de "reunião para inglês ver".
"O controle da inflação é primordial. Mas a consulta popular para fazermos avançar a reforma política também é", argumentou Dilma, de acordo com relatos dos participantes do encontro. Para a presidente, é preciso bater nessa tecla agora para que as mudanças entrem em vigor na eleição de 2014, quando ela disputará o segundo mandato.
Dilma e a cúpula do PT defendem o financiamento público de campanha, sob o argumento de que essa é a melhor forma de coibir o abuso do poder econômico. O problema é que não há consenso em torno da proposta nem mesmo na base aliada do governo no Congresso. "A corrupção é um crime hediondo e nós precisamos enfrentar isso", afirmou Dilma, ao lembrar um dos pontos do pacto lançado pelo Planalto em resposta à onda de protestos.
Acuado pelas manifestações, o Senado aprovou na noite desta quarta-feira o projeto que transforma a corrupção em crime hediondo. O texto, agora, seguirá para a Câmara.
Ao levantar essa bandeira, o PT também quer construir uma agenda positiva num momento em que os réus petistas do mensalão aguardam julgamento de seus recursos, por parte do Supremo Tribunal Federal, na tentativa de diminuir suas penas. Embora dirigentes e parlamentares do PT estejam insatisfeitos com a "centralização" do governo Dilma, a intenção do partido é virar a página da crise e definir uma estratégia para se reaproximar dos movimentos sociais.
O encontro de Dilma com os sindicalistas acabou tenso porque ela levantou e foi embora depois que todos os inscritos externaram sua opinião sobre os problemas do País. "Foi mais uma reunião para ouvir os planos mirabolantes da presidente. Saímos daqui como sempre saímos: sem encaminhamento de nenhuma das nossas reivindicações", criticou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, tentou amenizar o clima de mal estar após o encontro. "Essa reunião não foi chamada para tratar de nossa pauta, mas, sim, das manifestações nas ruas", comentou Freitas. "É verdade que a pauta está travada e o governo precisa ter agilidade. Mas, se não negociar, faremos o que sempre fizemos, tanto que já temos greve marcada para 11 de julho."
"O que a presidente está tentando é engabelar o povo com essa história de plebiscito, para desviar a atenção da crise de seu governo", atacou José Maria de Almeida, presidente do PSTU e coordenador da CSP-Conlutas. "Enquanto ela tentar controlar a inflação com ajuste fiscal e mantiver esse modelo econômico não tem solução." 

Médicos de todo o País decidem parar no dia 3 de julho


Médicos de todo o País farão uma mobilização no dia 3 de julho  contra a importação de médicos formados fora do Brasil sem a revalidação do diploma. Esta é uma das ações anunciadas nesta quarta-feira, durante assembleia realizada em São Paulo, com cerca de 200 lideranças médicas do Brasil. 


O encontro, que teve a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de conselhos regionais, terminou com a elaboração de uma Carta Aberta aos médicos e à população brasileira, que explica: “a reação das entidades médicas simboliza a resistência dos profissionais e dos cidadãos ao estado de total abandono que afeta a rede pública”.



A decisão da categoria é uma resposta ao anúncio do governo de trazer médicos do exterior para regiões do interior do País. “As decisões anunciadas pelo Governo que afetam a saúde pública brasileira demonstram a incompreensão das autoridades ao apelo manifesto nas ruas”, aponta o documento. 



Como solução para o problema da falta de profissionais de saúde em áreas remotas e nas periferias, as lideranças médicas anunciaram o esforço conjunto pela aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 454/2009, que cria a carreira médica nos serviços públicos federal, estadual e municipal, semelhante à de juízes e promotores. Segundo as lideranças, a medida evitaria a necessidade de importação de médicos sem aprovação do Revalida e, dessa forma, zelaria pela saúde da população.



No documento, os representantes de conselhos, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas também esclareceram que as medidas que deverão ser colocadas em prática não deverão, sob nenhum aspecto, penalizar o paciente, “já tão prejudicado pelo abandono do Governo”.



Foi anunciado ainda o lançamento, na próxima semana, do site SOS Saúde (www.sossaude.org.br), onde médicos, profissionais da saúde e a população poderão apresentar denúncias (com relatos, fotos e filmes). Este será um espaço público para divulgar a situação precária da rede pública em todo o país.



Confira o teor da Carta Aberta 



''As decisões anunciadas pelo Governo que afetam a saúde pública brasileira demonstram a incompreensão das autoridades ao apelo manifesto nas ruas. A vinda de médicos estrangeiros e a abertura de mais vagas em escolas médicas são medidas irresponsáveis, por expor a parcela mais carente e vulnerável da nossa população a profissionais mal formados e desqualificados.



A reação das entidades médicas simboliza a resistência dos profissionais e dos cidadãos ao estado de total abandono que afeta a rede pública. Não é possível acreditar que medidas midiáticas dessa ordem resolverão o acesso e a qualidade do atendimento nos serviços de saúde. Não se trata de ação corporativista, mas corporativa, no sentido de unir a força das entidades em prol do bem comum e da vida dos brasileiros.



Por isso, nesta terça-feira (26), os representantes de conselhos, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas, reunidos em São Paulo, decidiram por consenso intensificar a luta em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas condições para o pleno exercício da Medicina. Portanto, seguem medidas que deverão ser colocadas em prática e que, sob nenhum aspecto, querem a penalização do paciente, já tão prejudicado pelo abandono do Governo. Dentre as ações constam:



1) Mobilização nacional dos médicos e da sociedade no dia 3 de julho (quarta-feira) em defesa do SUS e da Medicina de qualidade. Estão previstos passeatas, protestos, caminhadas, atos públicos e assembleias em todos os Estados para alertar a população para o problema. Locais e horários serão divulgados pelas entidades estaduais;



2) Apoiar a aprovação urgente da PEC 454 em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê uma carreira de Estado para o médico (semelhante ao que ocorre no Judiciário), único caminho para estimular a interiorização da assistência com a ida e fixação de médicos em áreas de difícil provimento;



3) Incentivar a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para tornar viável a apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde + 10, que prevê mínimo de 10% da receita bruta da União em investimentos na saúde;



4) Defender a derrubada do Decreto Presidencial 7562, de 15 de dezembro de 2011, que modificou a Comissão Nacional de Residência Médica, tornando-a não representativa e refém dos interesses do Governo, o que sucateou a formação de médicos especialistas no país;



5) tuar contra a importação de médicos estrangeiros sem revalidação de seus diplomas com critérios claros e rigorosos, conforme a prática mundial e o previsto na legislação vigente. Defendemos o uso do Programa Revalida, do Governo Federal, em seus moldes atuais;



6) Vistoriar as principais unidades de saúde do país, encaminhando denúncias ao Ministério Público e outros órgãos de fiscalização, revelando a precariedade da infraestrutura de atendimento que afeta pacientes e profissionais.



Finalmente, as entidades declaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como persona non grata para a sociedade por adotar medidas eleitoreiras que colocam em risco a vida e a saúde dos brasileiros''.

São Paulo, 26 de junho de 2013.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA (AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MÉDICOS RESIDENTES (ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS (FENAM)


Manifestação em Brasília termina com pelo menos 27 presos

Até as 21h50, Secretaria de Saúde havia atendido dez

pessoas. Protesto terminou pouco depois das 23h desta quarta-feira

 Pelo menos 27 pessoas foram presas em Brasília nesta quarta-feira (26) durante manifestação na Esplanada dos Ministérios contra a aprovação da PEC 33, pelo fim do voto secreto e pela saída de Renan Calheiros da presidência do Senado. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas participaram do protesto. A corporação usou gás lacrimogêneo para conter os manifestantes, que chegou a invadir a Câmara dos Deputados e causar irritação nos servidores. O protesto acabou pouco depois das 23h.


Dos manifestantes presos, dois desacataram policiais, três são suspeitos de atirar pedras em um carro da polícia, um portava um fação, duas facas, dois canivetes, uma faca artesanal, um cassetete e uma máscara de gás e outro tinha maconha na mochila. Pelo menos outras 19 pessoas foram detidas por tentar fechar a W3 Sul, na altura do shopping Pátio Brasil.
Mais cedo, o comandante-geral da PM, coronel Jooziel de Melo Freire, havia afirmado que atos de violência seriam punidos com prisão. “Estamos resguardando os nossos efetivos. Quem cometer qualquer tipo de crime, e desacatar, despeitar um servidor durante o serviço é crime, vai ser preso. Tem que se manifestar ordeiramente e não cometendo um crime justificando isso porque tem outra coisa errada”, disse na ocasião.
Manifestantes chutam as bolas que estavam colocadas em frente ao Congresso (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)Manifestantes chutam as bolas que estavam colocadas em frente ao Congresso 
Durante o ato, um grupo de cerca de 3 mil manifestantes seguiu para o Estádio Nacional Mané Garrincha para dar uma abraço simbólico na arena. A distância entre o local e o Congresso Nacional é de cerca de cinco quilômetros. Os manifestantes também fecharam a W3 Sul durante o ato, mas foram reprimidos com gás lacrimogêneo disparado pela Polícia Militar.
Carros da Rotam circularam pelo canteiro central da Esplanada para evitar aglomerações de manifestantes. A cavalaria também atuou no local. Foram mobilizados 4 mil servidores da Polícia Militar para acompanhar o protesto.
Ainda durante a manifestação, uma mulher de calcinha e sutiã chegou na garupa de uma moto e desceu a rampa do Congresso em direção à barreira policial. Uma das pinturas que ela tinha no corpo é o símbolo do anarquismo. Outras pessoas que estavam no local cercaram a mulher.
O estudante Rubem Borges Rosa deixou o jogo de futebol de lado para protestar contra a corrupção. "Isso aqui [diz apontando para o Congresso] é mais importante. Não estou ganhando nada com o futebol. Com isso aqui eu tenho muito a ganhar", diz.
Manifestantes chutaram bolas de futebol na direção do Congresso Nacional. Segundo o organizador do ato, Antonio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz, do Rio de Janeiro, cada uma das 594 bolas custou R$ 1,25. "Estamos jogando a bola para eles. A bola agora está com o Congresso", diz.
Jornalistas de uma rede de televisão coreana filmam protesto no Congresso Nacional, em Brasília. O trio não fala português mas, segundo o produtor Park Yoong Sik, eles foram orientados a gravar as imagens porque a noção que se tem fora do Brasil é de que o povo está com raiva do governo.
Nem o atacante Neymar, do Barcelona e da seleção brasileira, "escapou" dos manifestantes. "Que Neymar que nada. O verdadeiro herói da Copa do Vinagre é o povo brasileiro", dizia cartaz levado por manifestante ao protesto no Congresso Nacional.
Protesto em Brasília contra o deputado Feliciano (Foto: Isaura Borba/G1)Protesto em Brasília contra o deputado Feliciano (Foto: Isaura Borba/G1)
Feridos
Uma manifestante desmaiou e foi socorrida por outros três integrantes do protesto em frente ao Congresso Nacional. Ela teria sido atingida por spray de pimenta jogado por um policial contra um grupo que hostilizava agentes do Bope.

Manifestante desmaiada durante protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira (26) (Foto: Gabriella Julie/G1)
Manifestante desmaiada durante protesto na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira (26)

A Secretaria de Saúde divulgou balanço informando que até as 21h50 havia atendido dez pessoas. A pasta informou que foram sete policiais militares e dois bombeiros, além de uma mulher que sofreu intoxicação. As vítimas reclamaram de dores de cabeça e tontura, provavelmente provocadas por causa das bombas de gás lacrimogêneo. Ninguém foi levado para o hospital, apenas um PM foi encaminhado para fazer um Raio-X na Câmara do Deputados.
A Polícia Militar chegou a jogar spray de pimenta contra jornalistas. Um repórter da TV Globo e um do G1 foram atingidos. Os policiais correram atrás de manifestantes dentro do shopping Pátio Brasil e nas ruas adjacentes.

Senado aprova projeto que torna corrupção crime hediondo

Projeto integrou agenda de votações prioritárias estabelecida pelo Senado.Texto será agora enviado para apreciação da Câmara dos Deputados.


O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (26) o projeto de lei que altera o Código Penal para aumentar a punição para corrupção e tornar esse tipo de delito crime hediondo, considerado de maior gravidade.
O texto aprovado determina que a corrupção ativa (quando é oferecida a um funcionário público vantagem indevida para a prática de determinado ato de ofício) passa ter pena de 4 a 12 anos de reclusão, além de multa – atualmente, a reclusão é de 2 a 12 anos. A mesma punição passa a valer para a corrupção passiva (quando funcionário público solicita ou recebe vantagem indevida em razão da função que ocupa).
A proposta também inclui entre crimes hediondos a prática de concussão (ato de exigir benefício em função do cargo ocupado).
A proposta segue agora para a Câmara – se alterada pelos deputados, voltará para o Senado antes de ser sancionada pela presidente da República.
O texto foi votado um dia após o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciar “agenda positiva” com a votação da proposta entre as prioridades estabelecidas pela Casa para atender as reivindicações surgidas nos protestos de rua por todo o país.
No discurso que pronunciou durante reunião com governadores e prefeitos na última segunda-feira (22), a presidente Dilma Rousseff defendeu endurecer a legislação para que a corrupção dolosa passasse a ser qualificada como crime hediondo.
De acordo com o Código Penal, a condenação por crime hediondo impede a concessão de anistia e o livramento mediante o pagamento de fiança. Por esse tipo de crime, a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem informou incorretamente que o fato de um crime ser considerado hediondo impede a concessão de liberdade condicional.)
O relator do projeto, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), incluiu no texto, de autoria do senadorPedro Taques (PDT-MT), outros dois tipos de crime que envolvem recursos públicos.
Pela proposta, o crime de peculato (quando funcionário se apropria de bem público) passa a ter a pena mínima aumentada de dois para quatro anos de reclusão, além de ser considerado hediondo. A pena máxima permanece em 14 anos de prisão.
Já o crime de excesso de exação (quando servidor público cobra indevidamente imposto ou contribuição social) tem a pena mínima aumentada de três para quatro anos de reclusão, além de também ser considerado hediondo. A pena máxima permanece em 14 anos.
Para Alvaro Dias, a proposta é fundamental para recuperar a credibilidade das instituições públicas. “O projeto aprovado hoje que transforma o crime de corrupção em hediondo aumenta as penas, elimina os privilégios e acaba com a impunidade se a legislação for corretamente aplicada”, declarou.
Emendas
O projeto foi aprovado com uma emenda do senador Wellington Dias (PT-PI) que aumenta em um terço o período de reclusão da pena para peculato nos casos em que o crime for cometido por “agente político” ou “membro de carreira de estado”.

Outra emenda aprovada, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), vai além dos crimes de corrupção e inclui no projeto o homicídio simples e as suas formas qualificadas como crime hediondo.

Morre jovem que caiu de viaduto durante manifestação em BH

Acidente aconteceu na Região da Pampulha, perto do Mineirão.
Esta foi a primeira morte registrada em manifestações na capital mineira.


Morreu no início da madrugada desta quinta-feira (27) no Hospital Pronto-Socorro João XXIII o jovem Douglas Henrique de Oliveira de 21 anos que caiu do Viaduto José Alencar durante a manifestação em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (26), de acordo com a assessoria do Governo de Minas Gerais. O acidente aconteceu perto do Mineirão, na Região da Pampulha, durante o confronto entre a polícia e um grupo de manifestantes. Esta foi a primeira morte nas manifestações na capital mineira.

Funcionários de concessionária atacada por vândalos ficam acuados  (Foto: Alexandre Rezende/G1)Funcionários de concessionária atacada por vândalos ficam acuados. (Foto: Alexandre Rezende/G1)
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Vândalos colocam fogo em veículo durante protesto em Belo Horizonte (Foto: Alexandre Rezende/G1)Vândalos colocam fogo em veículo durante protesto em Belo Horizonte (Foto: Alexandre Rezende/G1)Bombeiros socorrem pessoa que caiu da ponte durante protestos em Belo Horizonte (Foto: Pedro Gontijo/AFP)Bombeiros socorrem jovem que caiu de viaduto durante protestos em Belo Horizonte. (Foto: Pedro Gontijo/AFP)Rodovias fechadas
Após manhã de protestos, houve interdições no trânsito nas rodovias federais da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Manifestantes desbloquearam a BR-262, na altura de Juatuba, no início da tarde desta quarta-feira (26). A rodovia ficou fechada nos dois sentidos por mais de cinco horas antes da liberação. Durante o protesto, o policiamento informou que houve bloqueio nos kms 361, 367 e 369. Em um deles, foi reivindicada a construção de uma passarela.

Mais de 50 mil pessoas fizeram uma manifestação pacífica em Belo Horizonte durante a tarde desta quarta-feira. Mas o protesto terminou com depredação, saques e mesmo incêndio de lojas. As ações foram cometidas por um grupo radical. Até às 21h, a Polícia Militar confirmou 25 detidos suspeitos de vandalismo e outros crimes. Os arruaceiros atiravam pedras e explosivos caseiros contra os militares. O confronto começou na Avenida Abrahão Caram, na Região da Pampulha, no entorno do Mineirão, onde Brasil e Uruguai disputavam a semifinal da Copa das Confederações.
A manifestação se concentrou no início da tarde na Praça Sete, no Centro da capital, com muitas pessoas levando cartazes e faixas com pedidos de melhorias. No trajeto, a recomendação era a de respeitar o bloqueio da PM e não tentar chegar ao estádio.
Durante a tarde, quando a marcha se aproximou da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vândalos com os rostos cobertos subiram em direção à Av. Abrahão Caram, onde estava localizada uma das linhas de bloqueio da PM.
Parte dos manifestantes fez uma corrente para impedir a chegada à barreira e manter a tranquilidade no protesto, dando recomendações, porém, sem resultado. Os arruaceiros atiraram pedras contra os policiais e devolveram contra os militares as bombas de gás lacrimogêneo lançadas. A PM permaneceu atrás do bloqueio até o início da noite. Eles também carregaram grades retiradas de um dos acessos ao Mineirão.
Neste momento, lojas e concessionárias passaram a ser saqueadas e depredadas. Os vândalos retiraram equipamentos e móveis de uma das revendedoras de veículos para atear fogo. Logo, o incêndio tomou grandes proporções. O fogo acontecia ao lado de um posto de gasolina. Policiais não eram vistos nos locais de maior depredação.


Um grupo quebrou a loja da Kia Motors e invadiu o local. Eles retiraram os tapumes e quebraram vidros. A loja da Hyundai também ficou destruída. A Volkswagen e a Pampulha Car Shopping também foram alvos dos radicais. Funcionários da Kia chegaram a colocar uma faixa antes do protesto dizendo apoiar o movimento, mas "sem violência".
Durante a manifestação, ao menos 18 pessoas ficaram feridas, segundo balanço preliminar. Sete foram levadas para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, nenhum deles em estado grave. Eles tiveram escoriações, dor de cabeça e possíveis fraturas. Um jovem de 24 anos teve o olho esquerdo ferido por um objeto não identificado. Outras três pessoas foram encaminhadas ao Hospital Pronto-Socorro João XXIII, entre eles o jovem morto. Outro homem também caiu do viaduto. Em outros protestos também houve quedas.
Outros dois foram para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da região. Seis receberam os primeiros socorros e liberados em seguida
No início da noite, por volta das 18h, policiais começaram a ocupar a Avenida Antônio Carlos e as vias no entorno. Muitos carros da corporação, incluindo veículos blindados, transitavam pela cidade. O Regimento da Cavalaria também estava presente. Durante o dia, 1,5 mil oficiais do Exército estiveram a postos na capital mineira para agir em caso de extrema necessidade.
Em nota, a PM explicou a ausência de policiais em alguns momentos de vandalismo. "A Polícia Militar de Minas Gerais teve dificuldades de atuar de forma ostensiva para conter os vândalos que faziam depredações na Avenida Antônio Carlos, no final da tarde e no início da noite dessa quarta feira, porque havia ali uma grande movimentação de manifestantes pacíficos que não estavam envolvidos nas ações de vandalismo no local. Qualquer ação mais brusca da Polícia Militar naquele momento poderia causar pânico nessas pessoas. Além disso, o viaduto que fica na esquina entre as avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram estava repleto de pessoas, sendo um local muito sensível à ação de repressão da polícia. Os policiais militares não insistiram em forçar a passagem por este ponto para evitar uma provável catástrofe”, explicou o comandante-geral da PM, Márcio Sant’Ana.
Ao todo, 5,5 mil policiais foram destacados para a operação de contenção na capital mineira, incluindo 166 homens da Força Nacional de Segurança.
O Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac) afirmou que atos de vandalismo não justificam "ação de repressão que coloca a vida das pessoas em risco", o que, segundo os organizadores, ocorreu por parte da PM. "Repudiamos também a violência com que a polícia reprimiu a manifestação, uma vez que tinha plena condição de resistir às provocações de poucos manifestantes para não violar todos aqueles que saíram às ruas para lutar pelos seus direitos", explicou o Copac.
Já na BR-381, que liga Belo Horizonte a Vitória, o km 442, em Sabará, foi liberado por volta das 12h55. Os manifestantes se concentraram no trecho – na altura do distrito de Ravena – desde a madrugada. Pela manhã, também houve bloqueios no km 451, no mesmo município, e no km 503, em São Joaquim de Bicas.
Outra rodovia que ficou fechada foi a MGC-262, também em Sabará. Manifestantes reivindicaram a pavimentação de ruas. O protesto durou mais de sete horas.
Também houve protesto na MG-424, em São José da Lapa, na Grande BH. Já em Vespasiano, o bloqueio ocorreu no km 19. À tarde, trechos já estavam liberados.
As interdições na MG-20, entre Santa Luzia e Jaboticatubas, na Grande BH, fechada nos dois sentidos durante a manhã, e em pontos da BR-381 foram finalizadas. Um dos trechos fica em Carmópolis de Minas, na Região Oeste.