Ex-mulher do goleiro, Dayanne do Carmo foi absolvida.
Foi na madrugada de 8 de março, Dia Internacional da
Mulher, que sete jurados condenaram o ex-goleiro do Flamengo, Bruno
Fernandes, a 22 anos e 3 meses de cadeia pela morte de sua ex-amante
Eliza Samudio. Foram quatro dias intensos de julgamento. O ex-jogador já
havia sentando no banco dos réus em novembro, no entanto, após
estratégia da defesa, o caso foi desmembrado e somente Macarrão e
Fernanda foram julgados. Desta vez, Bruno não escapou.
Nos primeiros dias, os trabalhos ficaram por conta das
provas e testemunhas. No segundo, a ré Dayanne do Carmo, ex-mulher de
Bruno, contou a sua versão no plenário. O ápice do julgamento,
entretanto, aconteceu no terceiro dia, com o depoimento do goleiro.
Por aproximadamente seis horas Bruno chorou bastante e
contou sua versão da história. Embora não tenha feito uma clara
confissão, o ex-atleta do Flamengo admitiu que “aceitou” que Eliza fosse
morta. No depoimento, ele contou como tudo supostamente aconteceu. Como
se conheceram, como foram os dias da gravidez, e ainda, como foi o dia
do crime.
“Ela falou que viajaria para São Paulo, resolver
problemas. Ela se despediu e foi embora. O Macarrão a levou para um
ponto de táxi. Horas depois eles voltaram, Luiz Henrique, Jorge e a
criança. Eu questionei o que estava acontecendo e o menor me contou. Ele
afirmou como tudo aconteceu, que Eliza foi levada para a casa de um
homem, ele perguntou se ela usava drogas e depois deu uma gravata nela, e
depois foi esquartejada. Eu chorei muito com isso”, disse em prantos.
Interrogado pela juíza por quanto tempo ficou “desesperado”, o
ex-arqueiro afirmou que foi aproximadamente por 1h30.
O depoimento de Bruno, no entanto, não surtiu efeito. A
imprensa questionou e o promotor Henry Vasconcelos confirmou que o réu
não fez nenhuma confissão.
Novo depoimento
Em uma tentativa
desesperada de reverter à situação, Bruno foi novamente interrogado
nesta quinta-feira pela manhã. O atleta, porém, respondeu a apenas um
questionamento, feito por seu advogado. “Excelência, eu sabia e
imaginava que Eliza morreria”, finalizou.
Logo após os debates começaram. Mostrando total
conhecimento do processo, das mais de 15 mil páginas, o promotor Henry
Vasconcelos utilizou de seu tempo para mostrar aos jurados que o réu era
culpado por todos os crimes que respondia: homicídio triplamente
qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado da Eliza e
do Bruninho.
O promotor, inclusive, pediu a condenação de Bruno e a
absolvição de Dayanne. Algo que foi criticado pelo advogado do
ex-goleiro. A defesa, por outro lado, buscou desqualificar as
investigações. O advogado Lúcio Adolfo passou todo o seu tempo tentando
mostrar falhas no inquérito e também as afirmativas da promotoria de
Justiça.
Sentença
Encerrados os debates, a
juíza retornou ao plenário após quase duas horas e meia e leu a sentença
de condenação. Bruno ouviu sua sentença de cabeça erguida, encarando a
juíza. Depois de ouvir o resultado, deixou o plenário de cabeça baixa.
Dayanne foi absolvida.
Antes do goleiro ser retirado para a
Penitenciária Nelson Hungria, onde está preso, o defensor Lúcio Adolfo
prometeu recorrer da decisão. A promotoria também fará o mesmo
procedimento, mas em busca de uma pena maior.
A expectativa agora fica para o julgamento de Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, que teve seu caso desmembrado e sentará no
banco dos réus em abril.
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia
4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas
Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias
anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele
até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em
Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro
meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O
menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro
Liberdade, em Ribeirão das Neves.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem
considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o
Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco
depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha
Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno,
também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia
buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do
goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou
à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada
pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como
Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato,
o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou
todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como
mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão
foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009,
pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de
prisão.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno,
Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por
homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também
por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson
responderiam por sequestro e cárcere privado.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao
julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias
depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu
desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e
Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de
Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser
cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do
homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.
http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/caso-bruno/bruno-e-condenado-por-morte-de-eliza-no-dia-internacional-da-mulher,72b04c057494d310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html