Uma
pesquisa lançada pela consultoria McKinsey Global Institute revela
dados alarmantes em relação à obesidade no Brasil e no mundo. Segundo o
estudo, a obesidade causa no Brasil um prejuízo equivalente a 2,4%
do PIB nacional, o que significa R$ 110 bilhões.
Nesta
conta estão os custos com a queda da produtividade, gastos com sistema
de saúde e os investimentos necessários para reduzir os impactos da
obesidade.
Segundo a última
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-2008-2009), mais da metade da
população adulta está com excesso de peso. Os dados também são
alarmantes quando se olha para as crianças: 33% apresentam o problema,
sendo que 15% já são obesas. No mundo todo, de acordo com a McKinsey,
mais de 2,1 bilhões de pessoas, ou um terço da população mundial, estão
com sobrepeso ou são obesas. Atualmente, 5% das mortes são causadas pela
obesidade. Se nada for feito, até 2030 quase a metade da população
adulta estará acima do peso. O impacto econômico é de US$ 2 trilhões (R$
5,2 trilhões), 2,8% do PIB global, o que corresponde ao PIB da Itália
ou da Rússia, equivale aos gastos com violência armada, guerras e
terrorismo e se aproxima do tabagismo (2,9% do PIB global).
Ainda
conforme o estudo, a parcela da população mais afetada é a de mulheres e
crianças, sobretudo as das famílias de menor poder aquisitivo.
Não
por acaso, organizações internacionais, como OMS, OPAS e ONU há algum
tempo vêm recomendando aos países para que adotem regras claras a
respeito da regulação da publicidade de alimentos, especialmente para
crianças. Afinal, a obesidade é um problema de saúde pública de causas
multifatoriais. “O meio ambiente em que vivemos é um fator determinante,
marcado pela oferta de produtos alimentícios consumidos em excesso, em
decorrência da influência de estratégias de comunicação mercadológica,
muitas delas direcionadas diretamente às crianças”, explica Ekaterine
Karageorgiadis, conselheira do Consea (Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional) e advogada do Instituto Alana.
Há
alguns anos as crianças vêm sendo precificadas pelo mercado
publicitário. Segundo dados de uma pesquisa recente, a proibição da
publicidade dirigida às crianças geraria ao mercado perdas de R$ 33,3
bilhões, menos 728 mil empregos e R$ 6,4 bilhões em salários, além de
uma baixa na arrecadação tributária de R$ 2,2 bilhões. Uma conta rápida
sobre esses números revela que, considerando-se um universo de 40
milhões de crianças com até 12 anos, cada uma delas custaria cerca de R$
825. “Explorar as vulnerabilidades das crianças é lucrativo. Por isso, a
recente Resolução 163 do Conanda, publicada em abril desse ano, é uma
norma que traz importante luz para esse cenário. O mercado precisa
entender que redirecionar a publicidade para os adultos não é o fim do
mundo. É fundamental que se pense não nos prejuízos econômicos, mas nas
consequências que o estímulo ao consumismo desenfreado desde a primeira
infância pode acarretar no longo prazo”, afirma Ekaterine.
Bom
exemplo é o que aconteceu com a indústria do tabaco, no ano 2000,
quando foram anunciadas as primeiras medidas de restrição de sua
publicidade. Houve uma grande preocupação com os patrocínios, pois a
Fórmula 1, antes apoiada por empresas tabagistas, poderia deixar de
existir, assim como festivais de músicas e outros eventos, o que não se
concretizou. A Fórmula 1 hoje tem outros patrocinadores e o Brasil é um
destino certo na rota de turnês internacionais, mercado que cresce 7,5%
ao ano, segundo a consultoria PwC.
As
restrições à publicidade infantil não almejam perdas econômicas ou o
fim de qualquer mercado, mas sim a proteção à criança. “Não tenho
dúvidas de que proteger a infância é muito mais lucrativo. E que o
mercado, que de forma legítima está preocupado com suas cifras,
conseguirá, respeitando as leis do país, proteger sua rentabilidade e a
infância”, diz Ekaterine.
http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/obesidade-j%C3%A1-custa-ao-brasil-24percent-do-pib-diz-pesquisa/ar-BBgTdFX