segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Doença rara deixa espanhola em cadeira de rodas em 24 horas

"Me davam banho, me vestiam, me alimentavam...", diz, lembrando o período logo após o diagnóstico, há apenas nove meses

Em pouco mais de 24 horas, a espanhola Lidia García Villar, de 34 anos, deixou de levar uma vida perfeitamente normal e passou a depender de alguém para tudo.
Foto: (BBC)
"Me davam banho, me vestiam, me alimentavam...", diz, lembrando o período logo após o diagnóstico, há apenas nove meses. "Você se sente super vulnerável", confessa. 

Sua filha, de 19 meses, não entendia o que estava acontecendo com a mãe, já que do dia para a noite ela não mais podia carregá-la, brincar com ela ou levá-la para o parque.

Atrofia muscular

Tudo começou numa tarde de outubro, quando estava na casa de sua família, na Galícia, Espanha. Lidia conta que perdeu a força nas mãos. No começo, ela conta não ter dado muita importância ao fato, mas com o passar das horas descobriu que a sensação foi ficando cada vez mais forte. 

Um dos primeiros sinais, lembra Lidia, foi não conseguir abrir e fechar a presilha do cabelo da filha. "Depois senti os meus pés pesados", afirma. 

Mas Lidia tinha dificuldades para explicar à sua família o que sentia. "Era difícil contar o que estava acontecendo. Ninguém me viu chorar, porque não sentia dor; é uma sensação que você mesma acha que não tem importância. Mas eu dizia a eles: 'Isso não é normal; aconteceu algo comigo'". 

Na manhã seguinte, ela já não conseguia usar as mãos. "Eu não podia abrir uma porta, tomar banho ou me vestir". 

Quando se deu conta de que os movimentos de seu corpo estavam prejudicados, Lidia decidiu ir ao hospital e, ao se consultar com uma neurologista, um dia e meio após os primeiros sintomas, conta que não conseguia mais se levantar sozinha. Tampouco tinha reflexos involuntários.
"Em poucas horas, meus músculos estavam completamente atrofiados".

Uma em cada 100 mil pessoas

Lidia, que trabalha como enfermeira no setor de emergência de um hospital em Madri, reconhece ter sentido algum alívio ao ter o diagnóstico confirmado: ela sofria da rara síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que afeta uma a cada 100 mil pessoas no mundo. 

A cientista política brasileira Lucia Hipólito, comentarista da rádio CBN, também passou pela mesma situação. Em entrevista ao 'Programa do Jô', da TV Globo, ela contou que estava de férias na França quando a doença se manifestou pela primeira vez. 

"Fui levantar para trocar de roupa e parei de sentir minhas pernas. Fiquei três meses lá e depois mais um ano e cinco meses internada aqui", disse ela ao apresentador Jô Soares em setembro do ano passado.
"Teve alguns dias em que eu quis morrer para liquidar tudo de uma vez. Essa é uma doença infernal", acrescentou ela na ocasião. 

Hipólito já recobrou parte dos movimentos. O mesmo aconteceu com Lidia.
Nove meses depois do diagnóstico, a espanhola ainda não conseguiu recuperar todos os movimentos, mas já pode, por exemplo, abotoar a roupa da filha. 

"Pelo menos não tenho um tumor cerebral ou esclerose múltipla, uma doença deste tipo seria bem pior", afirmou ela.
Doença autoimune, a síndrome de Guillain-Barré é uma condição grave por meio da qual o sistema imunológico começa a atacar o sistema nervoso. 

A doença faz com que as defesas do organismo destruam a mielina que envolve os nervos, que, por sua vez, param de trabalhar. E se os nervos não funcionam, as ordens do cérebro não chegam aos músculos. 

Como resultado, os músculos se atrofiam em pouco tempo e pacientes ficam incapacitados em questão de horas. 

A síndrome de Guillain-Barré não tem causa conhecida, embora 60% dos pacientes a desenvolvam logo após ter tido uma infecção bacteriana ou viral leve, como gripe, resfriado ou gastroenterite, segundo o NHS, o sistema de saúde público britânico.

'Lado positivo'

Surpreendentemente, porém, apesar do efeito explosivo, a maioria dos pacientes que sofre dessa rara doença consegue se recuperar depois de um ano. 

No entanto, não sem antes passar por um intenso e diário tratamento de reabilitação, com inúmeras sessões de fisioterapia e terapia ocupacional. 

"Levei dois meses para perceber o quão lenta, dura e pesada seria a minha recuperação", confessa.
"Houve semanas que não via nenhuma melhoria". 

Lidia conta ter levado um mês para se levantar sozinha. Eventualmente, contabilizava pequenos progressos: "Voltei a caminhar com ajuda", lembra ela. 

"Não era capaz de tomar banho sozinha, mas conseguia me lavar aos poucos", diz. "Conseguia colocar as calças, mas precisava de ajuda para abotoá-las".

Nove meses depois

Hoje, Lidia tem poucas sequelas da síndrome que mudou sua vida, mas ainda precisa das sessões diárias para recuperar todos os movimentos. 

"Ainda não consegui recuperar totalmente a sensibilidade das mãos", explica ela.
Ter de volta os movimentos significaria voltar a exercer uma de suas paixões: ser enfermeira.
Atividades diárias, como colocar o sutiã, escrever, abotoar roupas ou cortar alimentos para cozinhar continuam sendo um desafio. 

Tampouco Lidia consegue correr, ficar na ponta dos pés ou andar de salto alto.
Mas Lidia diz ser otimista e acredita que sua atitude positiva vem contribuindo para sua recuperação.
Ela fica emocionada quando questionada sobre como a doença mudou o modo como encara a vida.
"Embora soe como um clichê, a doença mudou o modo como eu encaro minha vida. Agora dou valor a coisas pequenas, como sair para tomar um café, fazer compras ou levar a minha filha para o parque ...". 

"E espero que, se conseguir me recuperar 100%, não perca a capacidade de continuar a apreciar as pequenas coisas". 

 http://noticias.terra.com.br/mundo/doenca-rara-deixa-espanhola-em-cadeira-de-rodas-em-pouco-mais-de-24-horas,a27a611a81fa3f6016cffc5742810dab60hdRCRD.html

Mais 9 acusados avaliam fazer delação

BRASÍLIA - O avanço da Operação Lava Jato e a avaliação de que há dificuldades para conseguir anulá-la na Justiça têm levado investigados que até então rejeitavam a possibilidade de fazer delação premiada a avaliar a hipótese. Essa lista inclui executivos das empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Galvão Engenharia, o que pode elevar em mais nove a lista de delatores. Dos 112 presos na Operação Lava Jato desde que foi deflagrada em março de 2014, pelo menos 23 fizeram delação premiada.

A mudança de estratégia também tem sido influenciada pela decisão do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque de iniciar um acordo de delação premiada. A expectativa de envolvidos nas investigações e de advogados de empreiteiras é de que ele fará uma das mais duras delações da Lava Jato e tornará mais difícil qualquer tentativa de reverter as acusações contra as empreiteiras.
Paulo Roberto Costa na acareação: O ex-diretor Paulo Roberto Costa, 1º delator da Lava Jato, durante acareação na CPI mista da Petrobrás© Fornecido por Estadão O ex-diretor Paulo Roberto Costa, 1º delator da Lava Jato, durante acareação na CPI mista da Petrobrás 
 
Nas palavras de um advogado criminalista, "está todo mundo pensando na delação" porque o Judiciário não está anulando nenhuma das ações tomadas até agora pela força-tarefa. Para esse defensor, mesmo que a Justiça venha a anular provas "vai demorar uma década". "Isso gera uma instabilidade no acusado."

O advogado Marcelo Leonardo, que defende Sérgio Cunha Mendes, da Mendes Júnior, não descarta a colaboração do seu cliente. "Por enquanto não houve conversa sobre isso, mas tudo pode acontecer. No caso da Mendes Júnior, deve ter sentença na semana que vem do primeiro processo. Estamos aguardando para fazer uma análise."

Em relação a José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, da OAS, conforme interlocutores, ele aguarda uma definição de Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que leva seu nome, sobre a delação para tomar sua decisão. Pinheiro e outros ex-dirigentes da OAS foram condenados na Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Erton Medeiros, da Galvão Engenharia, também avalia partir para a delação devido ao cenário desfavorável aos réus. Advogados das OAS e da Galvão negam, formalmente, porém, que seus executivos farão delação.

Gerson Almada, da Engevix, tenta outra estratégia. Até agora ele admitiu fatos, mas não reconheceu crimes, um dos princípios da delação, e espera que isso seja suficiente para amenizar uma eventual pena. A delação seria um plano B. Almada contou como funcionava o "clube" de empreiteiras na Petrobrás. Negou acerto de preços, mas admitiu que as empresas combinavam as "preferências" em cada obra de licitações da estatal.

Outro que avalia o acordo é o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, que aceitou participar de uma conversa sobre delação. "Não descarto que possa acontecer um desespero e partir para a delação, mas sou contra", disse seu advogado, Edson Ribeiro.

Operadores. Investigados que atuaram como braço operacional do esquema também consideram ou já decidiram colaborar com as investigações. O advogado Roberto Trombeta teria contado aos investigadores detalhes do suposto esquema da OAS fora do País, segundo pessoas próximas a ele. Trombeta é considerado "homem-bomba", o que abrirá uma nova frente de apuração. Procurado, ele não foi localizado pelo Estado. O lobista Fernando "Baiano" Soares, que fazia a ponte com o PMDB, segundo a força-tarefa, também está em processo de delação.

Auxiliar do doleiro Alberto Youssef, o agente da Polícia Federal Jayme Alves, apontado como "carregador de malas" do doleiro, "recentemente iniciou negociações com o MPF (Ministério Público Federal) para celebração de acordo de colaboração", disse sua defesa. O advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, que administrava empresa de fachada de Youssef, também está fazendo delação premiada. 
 
http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/mais-9-acusados-avaliam-fazer-dela%C3%A7%C3%A3o/ar-BBlBKxF

Câmara pede ao STF anulação de documentos contra Eduardo Cunha

BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados ingressou com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja anulada uma ação que teve como alvo o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar está entre os 50 políticos investigados na Operação Lava Jato perante o Supremo. A expectativa é de que Cunha figure ainda entre os primeiros políticos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A previsão é de que isso aconteça nas próximas semanas. 

No pedido, a Câmara argumenta que a ação, autorizada pela Suprema Corte, “desrespeitou prerrogativas fundamentais da Constituição e a harmonia dos Poderes, necessárias para um exercício altivo e independente do Poder Legislativo para a sobrevivência de uma democracia civilizada”, diz o documento, assinado pelo advogado-geral da União substituto, por Fernando Luiz Albuquerque Faria, em nome da Casa Legislativa.  

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
André Dusek/Estadão ctv-1zf-cunhavotacaodesoneracoesandre: O presidente da Câmara, Eduardo Cunha© Fornecido por Estadão O presidente da Câmara, Eduardo Cunha 
 
A ação foi solicitada pela Procuradoria-geral da República e autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Jato no STF. Como publicou o Estado, no dia 4 de maio Zavascki autorizou que um oficial de Justiça fosse ao Departamento de Informática da Câmara para retirar cópias que pudessem comprovar a autoria de Cunha de um requerimento que poderia ajudar nas investigações referentes ao suposto envolvimento do presidente da Câmara.

Com a ação na Câmara, a Procuradoria buscava elementos que pudessem comprovar a fala do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato. De acordo com o doleiro, Cunha seria o verdadeiro autor de requerimentos que pediam ao Tribunal de Contas da União (TCU) a auditoria dos contratos entre Mitsui, Samsung e Petrobrás. De acordo com Youssef, os requerimentos foram criados pela ex-deputada federal Solange de Almeida, em 2011, a pedido de Cunha e serviriam como uma “ameaça”, após a suspensão de um pagamento de propina oriundo desses contratos que teria Cunha como beneficiário.  

Os dois requerimentos foram feitos na Câmara em 2011 e oficialmente são de autoria da ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita da cidade de Rio Bonito, no Estado do Rio de Janeiro.
Investigadores suspeitam que as representações tenham sido arquitetadas por Cunha, com base no depoimento de Youssef. De acordo com o delator, o presidente da Câmara seria um dos beneficiários das propinas vindas do esquema envolvendo um contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui. Ele teria encomendado os pedidos. 

A ação na Câmara ocorreu em decorrência de um depoimento pelo ex-diretor da área de informática da Câmara dos Deputados Luiz Antonio Souza da Eira. O funcionário foi destituído do cargo por Cunha logo depois de um vazamento sobre a autoria dos requerimentos. 

Em parecer enviado ao Supremo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu que as informações prestadas pelo ex-diretor “reforçam as suspeitas” de envolvimento de Cunha em requerimentos alvo das investigações da Operação Lava Jato. Em depoimento a procuradores e à Polícia Federal, um dia após ser demitido por Cunha, Eira afirmou que a versão inicial do requerimento da auditoria do sistema de informática da Câmara foi gerada com a senha, “pessoal e intransferível”, de Cunha. A informação foi utilizada para sustentar o pedido de Janot ao Supremo para coletar documentos no setor de informática da Câmara. 

À época da ação, Cunha tratou o pedido do PGR como "retaliação". Desde que foi aberto inquérito contra o presidente da Câmara no STF, ele tem negado com veemência qualquer envolvimento com o esquema de desvios da Petrobrás.  

 http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/c%C3%A2mara-pede-ao-stf-anula%C3%A7%C3%A3o-de-documentos-contra-eduardo-cunha/ar-BBlAwED