Com os preços pressionados, veja dicas para economizar na hora de comer
Sentar-se à mesa para comer, seja em casa ou em um restaurante, está
ficando cada vez mais caro. É o que mostram os dados da inflação oficial
(o IPCA), divulgados nesta quarta-feira (8) pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas como o valor dos alimentos é
muito variável, especialistas alertam que os preços tendem a cair nos
próximos meses.
De acordo com o IBGE, a
inflação no Brasil fechou em 6,75% no acumulado de 12 meses
— entre setembro de 2013 e setembro de 2014. Esse valor é bem acima da
meta do governo, estipulada em 4,5%, com tolerância de até 6,5%, o
chamado “teto da meta”. Foi a maior inflação acumulada desde outubro de
2011, quando o índice cravou 6,97%.
Dos 50 produtos e serviços avaliados pelo IBGE que mais subiram nos
últimos 12 meses, apenas cinco não pertencem ao grupo de alimentos. São
eles: carvão vegetal (+24,91%), pá (+23,57%), refrigerador (+17,54%),
energia elétrica residencial (+14,72%) e reforma de estofado (+14,41%).
Dentre os outros 45 produtos estão, por exemplo, tangerina (+61,67%),
tomate (+25,34%), carnes em geral (+19,58%), cebola (+20,72%) e carne
seca (+30,39%).
Comer fora de casa não está entre os campeões do preço alto, mas também
puxou os preços pra cima, com inflação de 10,59% nos últimos 12 meses.
Apesar da comida mais cara, não há motivos para apostar em uma escalada
inflacionária nesse momento. Essa é a avaliação do economista Ramon
Garcia Fernandez, coordenador do curso de economia da UFABC
(Universidade Federal do ABC).
— Não é bom ficar muito preocupado com esses produtos porque eles
dependem muito da safra. Com uma safra maior ou menor, eles oscilam
muito de preço, principalmente os hortifrútis.
A seca histórica de 2014 entra nessa conta, já que seus efeitos não se
restringiram ao primeiro semestre e se estenderam ao longo do ano.
O professor aponta ainda um erro na medição da inflação, já que os
institutos não contabilizam um comportamento da população: a
substituição dos alimentos mais caros por outros produtos.
Com relação ao preço das carnes — que estão em patamares recordes —, os
produtores também reclamam da seca severa. Isso prejudicou a engorda
dos animais e, consequentemente, reduziu a oferta e pressionou os preços
para cima.
O R7 entrou em contato com a CNA (Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil), mas não obteve retorno até a
publicação da reportagem.
A boa notícia
Se a variação é maior entre os alimentos, isso significa que há
produtos com preços mais baixos. A boa notícia, nesse caso, é que o
carro-chefe da família brasileira, o “arroz com feijão”, registra preços
abaixo da inflação.
Se o índice geral é de 6,75%, o preço do arroz, no mesmo período,
cresceu 5,17%. A mistura com o feijão torna a combinação ainda mais
atrativa.
O grão é o produto cujo preço mais caiu no País: o feijão-carioca
baixou 33,65%, o feijão-mulatinho caiu 30,14% e o feijão-preto, 6,78%
negativos. Só o feijão fradinho subiu: 4,97% (veja ao final quais
produtos estão mais caros e quais estão mais em conta).
Por que a alta de juros não surtiu efeito?
Como a inflação está mais influenciada pelos alimentos, a principal
estratégia do governo para combater a inflação vem surtindo pouco
efeito: a alta da taxa básica de juros, a Selic.
Para o sócio-diretor da corretora Easynvest, Marcio Cardoso, o aumento
de juros impactou setores como o automobilístico e o de imóveis, mas não
o de alimentos.
— O juros acaba não atingindo esse consumo.
Segundo o economista Fernandez, da UFABC, para surtir algum efeito,
seria preciso subir ainda mais os juros. Mas como o País está em um
momento de crescimento baixo, o resultado seria um desastre.
— [Aumentar os juros] desaceleraria mais o País do que abateria a
inflação. Então o governo prefere conviver com a inflação no teto da
meta. Derrubar a inflação quando a economia está meio devagar é difícil.
É mais fácil quando a economia está mais aquecida, porque aí tem uma
gordura.
Segundo o professor, o ideal seria crescer primeiro e, em seguida, combater a inflação.
Mas isso só deve acontecer a partir do ano que vem. Para os dois
especialistas, a eleição presidencial só piora o atual cenário, porque
mexe com a expectativa dos empresários e investidores, que ainda não
sabem os planos para o País em 2015.
Aí sim, no ano que vem, independentemente de quem assumir a Presidência, investir, e investir muito.
http://noticias.r7.com/economia/alimentos-puxam-inflacao-para-cima-mas-mistura-arroz-com-feijao-esta-mais-barata-09102014