A presidente Dilma Rousseff acertou com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um roteiro para tentar afastar a
crise do Palácio do Planalto, com o aprofundamento das investigações da
Operação Lava Jato. A ideia é mostrar que o governo não está parado e
cuida dos “reais” problemas do País, como o combate ao zika vírus,
enquanto há uma “luta política” em curso e “ilações” que se transformam
em denúncias.
A estratégia para enfrentar o agravamento da crise
foi discutida ontem em reunião entre Dilma e Lula, num hotel de São
Paulo. Dilma vai defender o ex-presidente das suspeitas contra ele, mas
de forma moderada, sem entrar no mérito da Lava Jato. Ficou combinado
que as reações mais enfáticas ficarão a cargo do PT.
A intenção da
presidente é bater na tecla de que julgamentos precipitados embutem
riscos e que há vazamentos “seletivos” das investigações, com o objetivo
de prejudicar o governo. Provocada, Dilma responderá às perguntas sobre
Lula, destacando não haver provas contra ele.
Um gesto neste
sentido pode ser feito hoje, depois que a presidente participar do
mutirão do governo contra o mosquito Aedes aegypti, no Rio. Além disso,
no ato político pela passagem dos 36 anos do PT, marcado para os dias 26
e 27 – também no Rio –, Dilma voltará a se solidarizar com o padrinho
político.
Lula disse à sucessora que ela precisa mostrar, o quanto
antes, que está governando porque, com a agenda dominada pela Lava
Jato, desemprego e inflação alta, a percepção da sociedade acaba sendo a
de que só há corrupção no País. O ministro da Casa Civil, Jaques
Wagner, presente à reunião, concordou com esse diagnóstico.
O
ex-presidente é alvo da Operação Zelotes, que investiga esquema suspeito
de “compra” de medidas provisórias em seu governo. O Ministério Público
de São Paulo, por sua vez, apura a suspeita de ocultação de patrimônio
relacionada à compra de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá.
Apesar
de admitir ter visitado o condomínio com o então presidente da
empreiteira OAS, Léo Pinheiro, condenado à prisão, Lula nega ser
proprietário do apartamento. A Lava Jato vasculha benfeitorias
executadas por empresas envolvidas no escândalo da Petrobrás em um sítio
frequentado por Lula e sua família, em Atibaia, no interior paulista.
Ele afirma que usa o sítio para descansar, mas garante não ser dono da
propriedade.
Silêncio. Antes de se encontrar com
Dilma, o ex-presidente comandou uma reunião com o Conselho do Instituto
Lula e não quis falar sobre as suspeitas. Uma das participantes chegou a
tocar no assunto para fazer a defesa de Lula e criticar a Lava Jato,
mas foi interrompida por ele.
Lula argumentou que comentários
sobre as investigações deveriam ficar para a reunião do Conselho
Político do PT, marcada para segunda-feira. “Disse que as questões
relativas a ele, ele mesmo enfrenta”, relatou o ministro da Cultura,
Juca Ferreira.
Segundo Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula,
o ex-presidente e seus advogados estão levantando documentos para
apresentar uma “resposta cabal” sobre o sítio de Atibaia, nos moldes da
defesa feita sobre o apartamento no Guarujá. Na escritura, o sítio de
173 mil metros quadrados está em nome dos empresários Fernando Bittar e
Jonas Suassuna, sócios de um dos filhos de Lula.
http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/dilma-promete-a-lula-defesa-moderada/ar-BBpshcR?li=AAggV10