Segundo a pesquisa, no primeiro trimestre o PIB tinha registrado alta
de 0,99%. Na comparação com o segundo trimestre de 2016, o recuo foi
ainda maior: 0,30%. O principal destaque negativo neste tipo de
comparação foi a queda de 1,8% da indústria, influenciada pela redução
de 7,4% do setor da construção.
Sob a ótica da demanda, os investimentos tiveram um recuo de 5,1%. Por
outro lado, o consumo das famílias avançou 0,6%, depois de nove
trimestres consecutivos de queda. O resultado positivo foi influenciado
pelos consumos de bens duráveis (3,8%), semiduráveis (7,3%) e não
duráveis (0,5%).
Analisando-se apenas o mês de junho, o PIB cresceu 2,65% na comparação
com maio, depois de uma queda de 5,79% na passagem de abril para maio.
O fundo público bilionário para o financiamento de campanhas eleitorais
não será aprovado pelo Senado, caso a proposta passe pela Câmara dos
Deputados, disse nesta segunda-feira o senador Ricardo Ferraço
(PSDB-ES).
"O fundo público não passa no Senado", garantiu o parlamentar durante
evento sobre a reforma política organizado pelo jornal O Estado de S.
Paulo na zona norte de capital paulista.
Ferraço fez críticas à proposta de reforma política que tramita na
Câmara, avaliando que as mudanças sugeridas, como a mudança do sistema
proporcional para o majoritário conhecido como "distritão", miram os
interesses próprios dos parlamentares.
"Do jeito que está posta, esta reforma busca atender o interesse da reeleição", afirmou.
A Câmara deve votar nesta semana a votação da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que institui um fundo público de financiamento de
campanhas e estabelece o chamado "distritão" para eleições legislativas,
após ter adiado a votação na semana passada mediante indefinição dos
deputados sobre o novo sistema eleitoral.
A Polícia Federal e a Polícia Judiciária Militar lançaram nesta
segunda-feira operação para desarticular esquema de fraude na obtenção
da aposentadoria militar por meio da apresentação de atestados médicos
falsos, informou a PF do Rio Grande do Sul.
Como parte da chamada operação Reformados, conduzida em conjunto com o
Ministério Público Militar e com a Advocacia-Geral da União, estão sendo
cumpridos um mandado de prisão preventiva, três de condução coercitiva e
dois de busca e apreensão nas cidades de Canoas e Novo Hamburgo, disse a
PF em comunicado.
Os envolvidos no esquema utilizavam atestados médicos falsos com a
indicação de doenças psiquiátricas para manter o vínculo de militares
temporários com o Exército para a realização de supostos tratamentos de
saúde e, em seguida, para a obtenção da reforma militar, que equivale a
aposentadoria, segundo as investigações.
"Durante as investigações, diligências flagraram pessoas com
diagnósticos incapacitantes para a vida militar, por problemas físicos
ou psíquicos, em uma rotina normal de vida, inclusive com ocupações
remuneradas", afirmou a PF.
Os prejuízos causados pelos crimes de estelionato e falsidade
ideológica, assim como o número de pessoas envolvidas no esquema, ainda
estão sendo apurados, acrescentou.
Depois de uma grande atuação em sua primeira partida pelo Paris
Saint-Germain no Parque dos Príncipes, Neymar foi contundente ao opinar
sobre a diretoria do Barcelona. Ao microfone da
Deportes Cuatro
, o craque brasileiro revelou sua mágoa com quem comanda o futebol do clube catalão.
"Estou realmente muito triste com os diretores do Barcelona, são
pessoas que não têm de estar ali comandando o futebol. O Barça merecia
muito mais pela grandeza do clube", disse o camisa dez.
Recentemente, o presidente do clube catalão, Josep María Bartomeu,
criticou a postura do atleta e de seu pai durante a negociação com o
PSG. "Não tiveram limite. Nós (diretores) não colocamos nenhum jogador
acima do Barcelona. A forma como Neymar e seu estafe conduziram o
negócio não foi a melhor e não condizem com o tipo de nossos atletas",
afirmou o presidente.
Autor de dois gols e duas assistências na vitória por 6 a 2 diante do
Toulouse, no domingo, Neymar também não poupou elogios para seus
companheiros e comentou sobre sua adaptação na França. "O time joga de
forma parecida com o Brasil e isso tem me ajudado. As presenças do
Daniel Alves, Marquinhos e dos outros brasileiros também têm sido
importantes, além dos torcedores, que nos apoiam do começo ao fim",
completou.
Visto como 'plano B' do PT caso Lula seja
condenado em 2ª instância e não concorra à Presidência, ex-prefeito de
São Paulo diz que ex-presidente terá papel fundamental na decisão sobre
sua candidatura em 2018.
Pouco menos de um ano após perder a chance de reeleição para João Doria
(PSDB), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), está com a
agenda cheia. Desde que deixou o cargo, ele tem feito uma série de
viagens pelo Brasil, se encontrando com políticos de esquerda,
realizando palestras e dando entrevistas.
Visto por alguns como um "plano B" do PT caso Lula seja condenado em
segunda instância e não concorra à Presidência, Haddad nega estar em
pré-campanha e diz descartar um cenário sem o ex-presidente em 2018.
Segundo Haddad, Lula também terá papel fundamental na decisão sobre uma
eventual candidatura a outro cargo ano que vem. "Eu vou querer ouvi-lo
antes de tomar qualquer decisão. Não que necessariamente acate, mas
quero ouvi-lo".
Em entrevista à BBC Brasil na sede do Insper na última sexta-feira,
Haddad afirma que o atual momento político polarizado impede uma
autocrítica maior por parte do PT. "É difícil você conseguir que as
partes façam as autocríticas cabíveis e promovam uma virada de página
porque tudo virou briga de facção no Brasil".
Haddad também fez críticas ao atual prefeito de São Paulo, João Doria.
"A estratégia do Doria é só comunicacional. Ela não tem nenhuma outra
finalidade. É uma estratégia de marketing. Pura e simplesmente."
O ex-ministro da Educação também está de volta ao magistério. Há cerca
de três meses pediu licença da Universidade de São Paulo para dar aulas
no Insper, instituição privada cujas mensalidades beiram os R$ 4 mil na
graduação.
O ex-prefeito se mostra cético quanto à proposta de reforma política
relatada na Câmara pelo petista Vicente Cândido e defende uma solução
que chama de heterodoxa: que o STF tome a frente da reforma.
Confira os principais trechos da entrevista à BBC Brasil:
BBC Brasil - O senhor viajou para diversos Estados nos últimos seis meses. Está iniciando uma pré-campanha, como Lula e Dória?
Fernando Haddad -
Não. Na verdade, eu estou atendendo a um pedido do Lula. Ele me pediu
para rodar as universidades. Eu me coloquei à disposição para integrar a
equipe que vai formatar o plano de governo dele.
No começo do ano, quando ele me perguntou o que eu queria, falei que
gostaria de ajudar a formular uma plataforma para a sua candidatura. Aí,
ele falou: 'Une o útil ao agradável. Você está sendo convidado para dar
palestras no Brasil. Nesse périplo, você pode se conectar a pessoas,
estabelecer relações com pessoas no Brasil inteiro. Você tem um nome
forte na educação em função do seu trabalho no MEC (Ministério da
Educação) e seria uma oportunidade ótima para nós".
BBC Brasil - Movimentos sociais e políticos acabam de lançar um
projeto chamado Vamos!. Como o senhor vê essa nova movimentação da
esquerda?
Haddad -
É natural que, diante de uma crise tão profunda, existam várias
iniciativas. Eu entendo que é bom para o processo que haja mais de uma
iniciativa. Considero importante a candidatura do Ciro (Gomes).
Considero importante esse movimento Vamos!, considero mais importante
ainda a candidatura Lula.
Mas eu penso que esses movimentos fazem parte do mesmo diagnóstico: de
apresentar uma plataforma de superação da crise alternativa ao governo
Temer. Porque o governo Temer é o que está posto hoje. E precisa de uma
alternativa a isso. E o governo Temer certamente terá alguém do PMDB ou
do PSDB para defender.
BBC Brasil - Mas é possível criar uma plataforma comum para essas esquerdas?
Haddad -
Não saberia te dizer hoje e consideraria até prematuro.
BBC Brasil - Se o Lula for condenado em segunda instância, ele pode
ter sua candidatura impedida pela Lei Ficha Limpa. O que o PT deveria
fazer nesse caso?
Haddad -
Não estamos trabalhando com essa hipótese. Para nós é muito caro o processo de revisão da sentença.
Lula está sendo acusado de uma suposição de que ele trocaria um
apartamento por uma cobertura sem pagar a diferença. Não existe
absolutamente nada no processo que indique que isso seria feito. E nem
por que seria feito, que é um pressuposto do crime de corrupção.
É você indicar o ato que beneficiou aquele que está te favorecendo. Então juridicamente é frágil.
BBC Brasil - O fato de o PT estar se focando no Lula é um sinal de que
o partido não conseguiu criar um quadro novo para substituí-lo?
Haddad -
Um Lula é a cada 50, 100 anos que surge. Então, num certo sentido, o
Lula não tem substituto, porque ninguém tem o carisma e a trajetória que
ele tem. A trajetória dele é única.
Então, nesse sentido, o PT faz bem em dizer que não há plano B (à
candidatura Lula). Agora, o próprio Lula hoje (sexta-feira) deu uma
entrevista citando os governadores do PT. Citou Wellington Dias
(governador do Piauí), citou Jaques Wagner (ex-governador da Bahia),
citou Rui Costa (atual governador da Bahia).
BBC Brasil - Deveria ter citado Fernando Haddad?
Haddad -
Certamente, alguém vai ligar para ele e dizer que ele esqueceu alguém e ele vai citar numa terceira entrevista.
Eu estava dando uma entrevista e citei Tarso Genro, Olívio Dutra. Por que não?
BBC Brasil - Lula teve que escolher a Dilma como pessoa de confiança
quando não podia concorrer novamente à Presidência. Caso ele fique
sinucado judicialmente, o senhor seria uma opção?
Haddad -
Eu acho que ninguém deveria encarar essa possibilidade dessa forma. Os
esforços não podem ser outros a não ser o de fortalecer a candidatura do
Lula, de pedir Justiça, o que significa a revisão da sentença. Qualquer
outro movimento é um movimento que não deveria ser feito.
BBC Brasil - O Fernando Haddad em 2018 pretende se candidatar a senador, a deputado, governo de São Paulo?
Haddad -
Eu vou querer ouvir o Lula sobre isso.
BBC Brasil - O senhor aceitaria ser vice do Lula?
Haddad -
Eu vou querer ouvir ele. Fui ministro a convite dele. Fui candidato a
prefeito a convite dele. O mínimo que eu devo é a lealdade de perguntar
para ele o que seria melhor para o projeto que ele e todos nós
representamos.
Tem mais experiência política do que eu. Eu vou querer ouvi-lo antes de
tomar qualquer decisão. Não que necessariamente eu vou acatar, mas eu
quero ouvi-lo.
BBC Brasil - É possível trazer o Ciro ou o PSB para uma candidatura em volta do Lula?
Haddad -
Está havendo muita conversa. Os dirigentes do PT conversam com os
dirigentes de outros partidos. O Ciro é uma pessoa próxima nossa. Foi
ministro nosso e um bom ministro. Um bom governador. É uma pessoa muito
qualificada.
O PSB também tem quadros importantes. Tem governadores muito próximos.
Ricardo Coutinho (governador da Paraíba), um grande quadro. Tive com o
Paulo Câmara (governador de Pernambuco) esses dias no Recife.
BBC Brasil - Vocês estão estudando uma convergência com o PSB?
Haddad -
Isso, por incrível que pareça, não é possível antecipar. Porque é muito
grave a situação. Imagine se passa o distritão. Com quem você vai
dialogar? É o fim dos partidos.
BBC Brasil - Mas o relator da reforma política que propõe o distritão é um petista (Vicente Cândido)…
Haddad -
Não é ideia dele. É relator. Ele tem que aprovar um texto para ir a
plenário. Não vamos também colocar a culpa em quem não tem. Tem que
apanhar a opinião da maioria. Mas é o fim dos partidos. Se juntar
parlamentarismo com o distritão… São duas propostas que no meu conceito
de democracia…Não tenho aderência nenhuma a essas ideias.
BBC Brasil - O que o PT deveria propor em termos de reforma?
Haddad -
Um fundo público modesto, para fazer campanhas que tenham
sustentabilidade econômica com a sobriedade que a crise exige, e o fim
da coligação proporcional.
Essas duas medidas representam mais da metade das tarefas que precisam ser cumpridas.
BBC Brasil - E a cláusula de barreira (dispositivo que restringe ou
impede a atuação parlamentar de partido que não alcança um determinado
percentual de votos)?
Haddad -
A cláusula de barreira não é necessária se você acabar com a coligação
proporcional. Eu manteria os partidos pequenos ideológicos. É importante
para o Brasil ter um PSOL, PSTU, PCO. Os da direita também. É
importante isso.
O fim da coligação proporcional vai fazer com que os partidos se
organizem em torno de ideários mais robustos e, portanto, não tenha 30
partidos. Tenha quatro, cinco. O que vai possibilitar o presidente da
República compor uma maioria com base em princípios e valores e
plataforma política, que é o que tem que ser.
BBC Brasil - Então um fundo público ficaria mais barato do que voltar às doações de empresas?
Haddad -
Muito mais barato. Olha o que deu no Brasil deixar empresa financiar campanha política. Acabou com o país.
BBC Brasil - Os jovens são a principal força da direita no Brasil?
Temos o MBL, o Vem Pra Rua, mas não vemos nenhuma grande militância de
esquerda.
Haddad -
O Vamos! tem muito jovem.
BBC Brasil - Mas não tem esse poder de mobilização do Vem Pra Rua e MBL...
Haddad -
A direita tem dinheiro, não tem mobilização. A atuação nas redes
sociais da direita é com dinheiro. E muito dinheiro, inclusive dinheiro
de fora do Brasil. Tem financiamento externo nessa atuação em rede
desses movimentos sociais. Isso declaradamente. Nem eles negam isso. Tem
petrolíferas americanas, tem tudo.
Saiu uma boa reportagem no The Intercept sobre isso. Mostrando como o
dinheiro dos tycoons americanos está circulando na América Latina
patrocinando ONGs, institutos, movimentos espontâneos.
BBC Brasil - Tem fundos patrocinando movimentos de esquerda também, fundações de partidos de esquerda alemães…
Haddad -
Tem? Ótimo.
BBC Brasil - Em artigo na (revista) Piauí, o senhor disse que os
protestos de 2013 tinham como pano de fundo uma movimentação patrocinada
em redes sociais e que o Putin e o Erdogan teriam avisado o Lula e a
Dilma sobre isso. O senhor acha que os protestos de 2013 foram
manipulados?
Haddad -
É um pouco mais complexo que isso. O que eu disse e repito é que o MPL
(Movimento Passe Livre) tem uma forma de organizar protestos e de
dialogar com a institucionalidade de partidos e governos que foi, na
minha opinião, raptada por grupos que tinham outros objetivos. E que
usaram aquela forma para fazer valer os seus pontos de vista.
O MPL estava defendendo uma tese dele. Só que a forma que ele escolheu
para defender a tese dele favoreceu grupos que queriam minar as bases
institucionais da democracia. Que, ao meu ver, levaram ao impeachment.
BBC Brasil - O senhor não acredita que esse discurso de
neoliberalismo, privatizações, porte de armas não é mais atrativo para
os jovens hoje que distribuição de renda e programas sociais?
Haddad -
Pode acontecer porque quando existe uma crise sistêmica, em geral as
pessoas ficam muito mais conservadoras. Isso tem vários precedentes
históricos. Quando tem uma crise sistêmica, a tendência das pessoas não é
a superação positiva. É uma reação conservadora. Um instinto de
proteção meio atávico. As pessoas vão buscando proteção pelo
supremacismo branco americano, volta da Ku Klux Klan, essas coisas.
As pessoas vão buscar refúgio nesse tipo de atitude. Vão buscando o que
eles entendem que sejam os iguais. Buscando proteção em grupos cada vez
menores. E isso aumenta a intolerância.
BBC Brasil - O senhor perdeu em primeiro turno, perdeu muito voto na
periferia. Aquela população que tinha virado a base do lulismo
aparentemente abandonou o partido e a candidatura do senhor. A gente
pode avaliar que é mais provável uma vitória da direita no próximo ano?
Haddad -
A tendência mundial é de uma disputa entre a direita e a
extrema-direita, conforme eu afirmei e dei exemplos. Holanda, França,
Estados Unidos, Inglaterra com o Brexit.
A tendência é essa, mas no Brasil há duas variáveis que podem mudar a história.
Uma delas é o Lula e a outra é o governo Temer, que pode aglutinar
contra si forças que impeçam a continuidade do projeto que ele
representa.
BBC Brasil - O senhor acha que se não tivesse no PT teria tido mais chances em São Paulo?
Haddad -
Não. Não porque a população não entende esses gestos de traição de
última hora. Não entende isso. E outra, (o PT) tem um milhão e meio de
filiados. De pessoas que a vida inteira se dispuseram a lutar por mais
igualdade, por mais oportunidade.
Você não pode rifar uma experiência histórica em função de uma dificuldade.
BBC Brasil - O PT deveria tentar montar uma frente de esquerda, com um nome diferente?
Haddad -
É o que estava previsto, né? Antes da crise, o Lula sempre disse que em
2018 o ideal seria apoiar um candidato de outro partido, numa frente
mais ampla que o próprio PT poderia ajudar a constituir.
BBC Brasil - Isso está descartado agora?
Haddad -
Está em função da candidatura Lula, que se impôs pela marcha mais
acontecimentos. Mas não era o roteiro original, vamos dizer assim.
BBC Brasil - Como petista, o senhor se preocupa mais com Doria, Alckmin ou Bolsonaro no ano que vem?
Haddad -
Óbvio que é o Bolsonaro. Mas eu acredito que ele seja o que tem menos
chance de chegar à Presidência. Mas eu não considero nenhum dos três
apto a governar o país. De maneira nenhuma. E não falo isso como crítica
pessoal.
BBC Brasil - Mas com base em quê? Passado político?
Haddad -
As circunstâncias são muito difíceis. Exige muita experiência, muito
traquejo político. Exige um tipo de ousadia que não é a do espalhafato,
não é a do marketing. É um tipo de ousadia da sobriedade, do estadista.
Essa combinação não é uma combinação simples. Eu até gostaria que
tivesse alguém dessa direita que tivesse estatura. Um John McCain
(senador do partido Republicano nos EUA) aqui.
BBC Brasil - No Brasil, o senhor identifica alguém que já foi assim?
Haddad -
O Fernando Henrique foi. Um cara de direita que tinha envergadura para presidir.
BBC Brasil - Doria, como o anti-Lula, tem capacidade de repetir o que aconteceu com o senhor no ano passado?
Haddad -
Como candidato eu não saberia responder. Como presidente, a minha opinião é que não está à altura do que foi colocado.
BBC Brasil - O senhor não descarta uma viabilidade eleitoral do Doria?
Haddad -
Não. Tudo é possível no Brasil de hoje. Absolutamente tudo.
BBC Brasil - No artigo da Piauí o senhor falou que a corrupção no
Brasil é mais do que sistêmica, que é um 'corolário do nosso
patrimonialismo'. O senhor tentou isentar o PT de responsabilidade dos
problemas da corrupção?
Haddad -
O que eu quis dizer é que não é fácil você fazer reforma política. E
por que não é fácil? Porque o Congresso se protege da reforma política. A
única reforma política que o Congresso aceita é aquela que o beneficia.
Distritão, fundão, parlamentarismo. Eles só fazem a reforma política
que os beneficia. O chefe do Executivo sempre fica de mãos atadas.
Por isso eu vejo com bons olhos o Supremo declarar inconstitucional a
contribuição empresarial a campanhas. Ou essa sinalização que o Supremo
está dando de que vai declarar inconstitucional a coligação
proporcional. Porque a reforma parece impossível por dentro do sistema.
Por dentro do Congresso ela parece impossível, a não ser para pior.
BBC Brasil - Como faz a reforma então? Constituinte exclusiva?
Haddad -
Não. Por que quem você vai eleger como os constituintes?
BBC Brasil - Então não tem muito jeito?
Haddad -
O Supremo tem feito a reforma. O que eu estou dizendo é que se resolver
o problema do financiamento e da coligação proporcional, nós vamos
melhorar a representação em 2018. Já é um caminho.
BBC Brasil - O senhor estava criticando essa crise institucional e está defendendo que o Supremo atue como legislador.
Haddad -
Na reforma política, eu não vejo saída. Porque o sistema não se autorreforma. Então, é heterodoxa a saída.
Até do ponto de vista jurídico, o Supremo poderia declarar
inconstitucional a contribuição empresarial? Tem gente que diz que diz
que foi uma exorbitância. Mas de que outro jeito ia se colocar ordem no
financiamento de campanha?
Há quem diga que não dá para resolver pelo Supremo. Tem que resolver
pela Constituição, pelo Congresso. Mas o Congresso não quer pôr ordem
nas coisas. Interessa aos integrantes manter essa desordem.
BBC Brasil - Voltando à responsabilidade do PT. O PT não deveria pedir
desculpas, reconhecer os erros e expulsar os envolvidos em corrupção?
Haddad -
O problema todo é de natureza política, num sentido muito preciso. Se
não houvesse seletividade dos vazamentos, seletividade do tratamento…
Não vi nenhum tucano ser conduzido coercitivamente a lugar nenhum.
Tucano preso parece que o Ibama proíbe. Não tem nenhum. Nem julgado. Tem
processo se arrastando há 20 anos, que não se julga. Então nesse
contexto é mais difícil você conseguir que as partes façam as
autocríticas cabíveis e promovam uma virada de página porque tudo virou
briga de facção no Brasil. Se estivéssemos numa normalidade
institucional esses gestos seriam mais frequentes.
BBC Brasil - O eleitor não merece?
Haddad -
Eu acho é que o ano de 2017 é muito mais favorável a esse tipo de gesto
do que 2016, porque em 2016 nós vivemos uma situação de fraude no ponto
de vista da informação. Represaram as informações contra o PSDB e
contra o PMDB. Todo mundo sabia que elas existiam e não vinham a
público.
Isso causou um desequilíbrio e é muito difícil você cobrar de quem quer que seja.
BBC Brasil - Então por causa dessa polarização, o senhor acha que o PT erraria se pedisse desculpas?
Haddad -
Não é questão de errar ou acertar. É saber o efeito que aquilo vai ter.
Porque tem que produzir um efeito de superação. Todo mundo tem que
entender aquele gesto. Qualquer gesto político você tem que pensar no
efeito que ele vai ter.
Então o contexto tem que estar preparado para aquele gesto, para que você promova a superação da situação.
BBC Brasil - E não tem esse contexto agora?
Haddad -
Está sendo construído e tem gente contra essa construção. Tem gente
querendo impedir que ela aconteça. Então, vamos pegar alguns casos. O
mesmo Senado tratou o Delcídio de um jeito e o Aécio de outro. Não estou
dizendo qual é o certo. Estou dizendo que são duas coisas completamente
diferentes. O mesmo Senado.
A mesma Câmara tratou a Dilma de um jeito e o Temer de outro. Completamente diferente.
É um desequilíbrio muito grande em tudo. Isso vai impedindo avanços quando você nota esse desequilíbrio.
BBC Brasil - Como o senhor vê as pesadas críticas do João Doria ao PT e sua gestão?
Haddad -
A estratégia do Doria é só comunicacional. Ela não tem nenhuma outra
finalidade. É uma estratégia de marketing. Pura e simplesmente. Os
termos com os quais ele se dirige a Dilma, por exemplo, e ao Temer não
têm a ver com uma métrica ética que vale para todo mundo. Tem a ver com
uma lógica de disposição e uma lógica de angariar apoio. É assim que
funciona.
Chamar uma mulher de anta. Qual é o sentido disso? A não ser o de se
apresentar de uma determinada maneira. E se aliar ao Temer? O que está
por trás disso? Do meu ponto de vista, é só uma lógica comunicacional.
BBC Brasil - Que erros o senhor cometeu na prefeitura?
Haddad -
Eu acredito que o de comunicação foi o maior. Mas tem coisas que é
difícil explicar. É difícil explicar para taxistas que eu tinha que
regulamentar o Uber.
BBC Brasil - Foi comunicação o seu pior erro?
Haddad -
Foi com certeza. Mas tem decisões que eu tomei que são difíceis de
comunicar. A regulamentação do Uber traz para a cidade de São Paulo
entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões de arrecadação. E o Uber ia operar
na cidade eu querendo ou não porque eles tinham ganhado na Justiça.
Então, a regulamentação significou botar ordem no sistema e aumentar a
arrecadação da cidade num momento difícil. Como é que você comunica isso
para 35 mil taxistas? Então eu tinha 35 mil cabos eleitorais contra
durante a eleição. Como é que você resolve isso?
Pelo menos 20 pessoas foram presas na manhã de hoje (21) em operação
conjunta das polícias estaduais, federais e das Forças Armadas, em sete
comunidades da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. A ação faz parte
do plano federal de segurança para o estado do Rio.
Os policiais cumprem ordens judiciais em sete comunidades da zona norte
do Rio de Janeiro: Jacarezinho, Alemão, Manguinhos, Mandela, Bandeira
Dois, Parque Arará, além do Condomínio Morar Carioca.
Enquanto isso, os militares fazem cerco às comunidades afetadas. O
espaço aéreo sobre essas áreas está restrito para aeronaves civis, mas o
tráfego do Aeroporto Internacional Tom Jobim, que fica nas
proximidades, não foi afetado.
Além das polícias estaduais (Civil e Militar) e das três Forças Armadas
(Exército, Marinha e Aeronáutica), participam da ação agentes da
Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de
Segurança Pública e da Agência Brasileira de Inteligência.
Integrantes do serviço Disque-Denúncia também participam da ação. Eles
estão no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio, repassando, em
tempo real, denúncias de esconderijos de criminosos, armas e drogas para
o comando da operação. Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo
telefone (21) 2253-1177.
Um soldado do Exército foi preso na manhã de hoje, suspeito de ter
vazado informações para criminosos das comunidades alvos da operação. De
acordo com o Comando Militar do Leste, divisão do Exército responsável
pelo Rio de Janeiro, o suspeito estava sendo monitorado e foi preso
hoje.