A juíza do Tribunal do Júri de Contagem (MG), Marixa Fabiane Lopes
Rodrigues, determinou em despacho nesta sexta-feira o desmembramento do
processo que apura a morte da modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro
Bruno Fernandes de Souza. Dessa forma, o julgamento do ex-policial
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi marcado para o dia 22 de abril.
Já o julgamento de Bruno e de sua ex-mulher, Dayanne dos Santos, foi
confirmado para o dia 4 de março.
No despacho, a magistrada
considerou que "a experiência indica que julgamentos com longa duração,
que perduram vários dias, causa extremo cansaço aos jurados que ficam,
de fato, extenuados, pois são submetidos a confinamento involuntário,
tendo que modificar sua rotina, ausentar de seus lares e do seu
trabalho".
No julgamento de Bruno e Dayanne, será permitida a
presença dos advogados de defesa dos demais réus, caso queiram
acompanhar os trabalhos e fazer perguntas para o casal. Contudo, segundo
a juíza, "não será oportunizado aos advogados de outros réus fazerem
perguntas para testemunhas, pois as testemunhas da denúncia serão
oportunamente ouvidas nos júris ainda por serem realizados". "Já as
testemunhas da defesa, igualmente não há razão para estender o direito
de perguntas à defesa de réus que não estão sendo julgados, pois estes
terão suas testemunhas igualmente ouvidas na data de seu julgamento",
concluiu.
O caso Bruno
Eliza
desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de
Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a
estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava
grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios
abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para
pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de
junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido
espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de
propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo
Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu
a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4
meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo
Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante
depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino
na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves,
onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de
Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de
julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do
crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado
pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do
goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a
polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada
do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial
civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a
estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o
ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia
seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados
foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão,
acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois,
Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson
Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram
presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se
recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em
juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou
todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como
mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos
inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do
goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O
Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu
denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O
jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter
visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela
participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por
prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão
foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009,
pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão
por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu
amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a
Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola
seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado,
sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne,
Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por
sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação
da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado
após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi
absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção
de menores.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao
julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias
depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu
desmembrar o processo. Bruno será julgado em março junto a outros dois
acusados: o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é
acusado como autor do homicídio, e Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher
do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime.
No dia 22 de
novembro de 2012, durante depoimento de cinco horas, Macarrão
responsabilizou Bruno pelo sumiço de Eliza. Dois dias depois, o júri
condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a 15 anos de prisão, e
Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos.
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2013/02/09/juiza-desmembra-processo-e-bola-sera-julgado-depois-de-bruno-e-dayanne/