Eduardo dos Santos Pereira foi considerado culpado por abusar de cinco mulheres, matar duas delas e cometer outros cinco crimes
Tribunal de Justiça da Paraíba
Após
17 horas de julgamento, Eduardo dos Santos Pereira foi condenado a 106
anos e quatro meses de prisão por ser o mentor do crime que ganhou
repercussão nacional, a "Barbárie de Queimadas", ocorrido em 2012, no
Agreste da Paraíba.
O juiz Antônio Maroja Limeira Filho leu a
sentença às 9h, no Fórum Criminal de João Pessoa. Eduardo foi
considerado culpado pelos cinco estupros, por dois homicídios, formação
de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores e porte ilegal de
arma. Além desses crimes, o réu foi condenado por lesão corporal e teve a
pena acrescentada em um ano e quatro meses.
No caso, cinco
mulheres foram estupradas durante uma festa de aniversário e duas delas
foram assassinadas porque teriam reconhecido os agressores. Elas foram
oferecidas como presente por Eduardo Santos ao seu irmão, Luciano
Pereira, que já foi condenado.
Eduardo foi o último envolvido a
ser julgado. Mais seis homens já foram condenados e cumprem pena em
regime fechado. Três adolescentes foram sentenciados e cumprem medidas
socioeducativas.
Julgamento. Duas das vítimas de
estupro, o marido de uma das vítimas, e adolescentes que foram
sentenciados foram ouvidos como testemunhas de acusação. A imprensa não
foi autorizada a acompanhar os relatos das vítimas, nem dos
adolescentes, pois o clima na cidade é hostil em relação às famílias das
vítimas.
A defesa de Eduardo apresentou como testemunha um dos
homens já condenados por participação no estupro coletivo, que tentou
assumir toda a culpa pela elaboração e execução das mulheres. Também
alegou não ter provas técnicas para condenação.
O promotor
Francisco Sarmento disse que a arma usada para assassinar duas das cinco
vítimas do estupro coletivo era de Eduardo dos Santos e pediu a
condenação máxima.
A coordenadora geral de Acesso à Justiça da
Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher da Presidência da
República, Aline Yamamoto, comemorou o resultado. "Este julgamento é
emblemático e serve como exemplo contra impunidade no Brasil", disse.
A
secretária da Mulher do Estado disse que todo o julgamento foi tenso,
mas que o resultado significa um exemplo no enfrentamento à violência
sexual.
O crime. No dia 12 de fevereiro, cinco
mulheres foram estupradas e duas delas - a professora Isabela Pajuçara e
a recepcionista Michelle Domingos - foram assassinadas na cidade de
Queimadas, no Agreste da Paraíba. Elas estavam em uma festa de
aniversário em uma casa com dez homens.
Conforme as investigações,
os estupros foram planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos
Pereira, que teriam chamado amigos para abusar sexualmente das mulheres
convidadas para a festa de aniversário de Luciano.
Seis homens -
Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa,
Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues
- foram condenados pelos crimes de cárcere privado, formação de
quadrilha e estupro e cumprem penas entre 26 a 44 anos de prisão em
regime fechado no Presídio de Segurança Máxima PB1, em João Pessoa.
Três adolescentes também foram julgados e sentenciados a cumprir medidas socioeducativas no Lar do Garoto.
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/acusado-de-planejar-estupro-coletivo-na-pb-%C3%A9-condenado-a-106-anos