Agnelo ficou em terceiro lugar na disputa pelo Buriti e resultado ameaça aliança PT-PMDB
Derrota de Agnelo deve resultar na ruptura entre PT e PMDB no DF.
Desde 1990, quando os governadores do Distrito Federal começaram a ser
escolhidos por meio de eleições diretas, esta é a primeira vez que um
candidato que está com o poder nas mãos perde as eleições sem nem
conseguir chegar ao segundo turno. Agnelo Queiroz tentou se reeleger
pelo PT, mas ficou em terceiro lugar com 20,07% dos votos válidos, com
100% das urnas apuradas.
Na prática, a derrota significa um ruptura da aliança entre PT e PMDB
em Brasília. Essa é avaliação do cientista político da UnB (Universidade
de Brasília), Antônio Flávio Testa. Na visão dele, os partidos devem
seguir caminhos independentes no segundo turno e um racha interno também
pode ocorrer.
Isso porque tanto Rodrigo Rollemberg (PSB) como Jofran Frejat (PR), que
vão disputar o segundo turno, já tiveram aliados políticos no PMDB, por
exemplo. O cientista político lembra que o vice de Agnelo, Tadeu
Filipelli (PMDB), já trabalhou com Frejat na gestão do ex-governador
Joaquim Roriz.
— O PMDB provavelmente vai se dividir. Uma boa parte do partido é
arrudista, rorizista e deve apoiar a candidatura de Frejat. Mas, é
possível, depende da negociação, que alguns segmentos do PMDB migrem
para a campanha do Rollemberg.
O PT também deve ficar dividido no segundo turno, mas se decidir apoiar
algum candidato o escolhido deve ser Rollemberg. Isso porque o PSB fez
parte da base aliada do PT no DF até 2012. Mas, para Flávio Testa, o
setor mais radical do partido deve se manter neutro, sem manifestar
apoio a nenhuma das candidaturas.
— O PT e o Rodrigo sempre estiveram muito próximos, foram aliados
durante muito tempo. Os segmentos mais radicais do PT devem se abster de
apoiar, mas alguns setores mais pragmáticos poderão migrar para dar
apoio à candidatura de Rollemberg.
Aliança improvável
Em Brasília, PT e PMDB sempre estiveram tradicionalmente de lados
opostos. Desde a primeira corrida eleitoral pelo governo do Distrito
Federal, os partidos eram rivais e polarizavam a disputa, dividindo os
eleitores de maneira bastante demarcada.
Na maioria das vezes o PMDB saiu vitorioso, sempre representado por
Joaquim Roriz – que foi três vezes eleito governador do DF. Somente em
2010 PT e PMDB se uniram e lançaram Agnelo Queiroz como candidato. A
derrota da candidatura à reeleição no primeiro turno é um sinal de que a
aliança não deu certo.
Imagem de Agnelo
O mais prejudicado com o resultado do primeiro turno das eleições é o
próprio Agnelo Queiroz. O professor da UnB avalia que o governador nunca
teve apoio total do PT e ganhou as eleições em 2010 sem precisar de
muito esforço político. Ao mesmo tempo, a queda também foi rápida.
— Ele é um político de muita sorte. Conseguiu se eleger várias vezes,
deputado distrital, deputado federal, foi ministro e ganhou o governo de
graça. Tudo deu certo para ele, apesar de nunca ter feito muita coisa.
Mas, também entrou em uma situação de queda muito radical.
De acordo com análise do cientista político, Agnelo não inspirou
confiança e por isso os índices de rejeição foram altos – chegaram a 51%
na pesquisa Datafolha divulgada no início deste mês.
Para o especialista, esses foram os principais motivos da derrota, mas ele não vê o fim da carreira política de Agnelo.
— Agnelo é novo ainda, pode ser candidato ao Senado com chances de
vitória, ou à Câmara Federal, vai depender se ele vai conseguir se
viabilizar dentro do próprio PT.
http://noticias.r7.com/eleicoes-2014/distrito-federal/pela-primeira-vez-na-historia-do-df-um-candidato-a-reeleicao-perde-no-primeiro-turno-05102014