Em seu primeiro
discurso desde o início dos ataques aéreos contra a Síria nesta semana, o
líder Al-Nosra Frente alertou para represálias.
"Seus dirigentes
não serão os únicos a pagar o preço dessa guerra. Vocês também vão nos
pagar", disse Abu Mohammad al-Jolani em uma mensagem de áudio na
Internet, dirigida "à população dos Estados Unidos e da Europa". "Se os
ataques aéreos não cessarem, transferiremos a batalha para as casas de
vocês", ameaçou.
"O que vocês ganharam com essa guerra contra os
muçulmanos e os jihadistas além de tragédias e dor sobre os seus países e
seus filhos?", perguntou Al Julani, em referência à morte de soldados
no Iraque e no Afeganistão e de civis nos atentados de 11 de Setembro.
Os
Estados Unidos lançaram uma campanha de ataques aéreos sobre posições
do EI no Iraque que na terça-feira passada se estendeu à Síria, tendo
como alvo principalmente as bases do Al Nosra e de membros do Khorasan,
grupo vinculado à Al-Qaeda que, segundo Washington, preparava atentados
em seu território e na Europa e cujo líder teria sido morto.
Ameaça subestimada
Em
um vídeo postado na internet, a Frente Al-Nosra descreveu as operações
da coalizão de "guerra contra o Islã" e criticou um "eixo do mal"
liderado pelo "país dos caubóis".
As ameaças da Al-Nosra são
feitas após as proferidas na semana passada por um porta-voz do EI, que
incitou os muçulmanos a matar cidadãos dos países membros da coalizão.
O
presidente dos EUA, Barack Obama, admitiu neste domingo que os Estados
Unidos subestimaram a oportunidade que uma Síria em conflito oferece aos
combatentes jihadistas na hora de se reagrupar e reaparecer
repentinamente em cena.
"Acredito que nosso chefe da comunidade de
inteligência, Jim Clapper, sabe que subestimaram o que está acontecendo
na Síria", disse o mandatário em referência a seu diretor nacional de
inteligência.
Quando foi perguntado se Washington também
superestimou a habilidade e a vontade dos militares iraquianos treinados
pelos Estados Unidos para combater os jihadistas, Obama disse: "Isso é
verdade. É totalmente verdade".
A coalizão internacional
anti-jihadista atacou novas refinarias de petróleo controladas pelo
grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, assim como o centro de comando e
controle do EI, no norte de Raq, segundo o Centro de Comando dos
EUA(Cetcom).
Esses ataques destinam-se a secar a fonte financeira
que o petróleo representa para os jihadistas, que contrabandeiam o
combustível especialmente para a vizinha Turquia, de acordo com
especialistas. Este comércio movimentaria cerca de 3 milhões do dólares.
"O
EI refina petróleo usando métodos tradicionais e o vende a comerciantes
turcos", explicou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. "A
coalizão quer destruir uma das fontes de renda do EI, fundamental para
sustentar a guerra".
Desde o início dos bombardeios aéreos, a extração nos campos petroleiros sob controle do EI foi praticamente encerrada.
Turquia não pode ficar de fora
O
presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse neste domingo que a
Turquia não pode "ficar de fora" da coalizão internacional contra o EI, e
que seu país decidirá na semana que vem de que modo se engajará.
A
posição prudente da Turquia nos últimos meses decepcionou o Ocidente,
mas a recente viagem de Erdogan aos Estados Unidos parece ter mudado sua
opinião.
O primeiro-ministro do país, Ahmet Davutoglu, precisou
que o governo apresentará na segunda-feira um projeto de mandato para
autorizar a intervenção do exército no Iraque e Síria, que será debatido
na quinta-feira pelo Parlamento.
Reforço de aviões britânicos
Último
país a aderir à campanha de ataques aéreos, o Reino Unido enviou seus
caças Tornado da Royal Air Force (RAF), que têm sobrevoado diariamente o
território iraquiano, segundo o ministro da Defesa, Michael Fallon.
Estas aeronaves "estão prontas a ajudar as tropas iraquianas e curdas no chão em caso de confronto", assegurou.
No
Iraque, as forças pró-governo repeliram um ataque na manhã deste
domingo contra Amriyat Al-Fallujah, uma cidade estratégica 40 km a oeste
de Bagdá, segundo fontes de segurança.
Os soldados se
beneficiaram dos ataques aéreos, mas o exército não foi capaz de
confirmar qual membro da coalizão foi o responsável pelos bombardeios.
Na
Síria, os ataques conduzidos no sábado atingiram "um aeroporto
controlado pelo EI, uma guarnição e um campo de treinamento perto de
Raqa", reduto do grupo extremista sunita no país, segundo o centro de
comando americano (CENTCOM).
Apesar dos ataques no norte da Síria,
os jihadistas do EI continuam sua ofensiva contra a cidade curda de Ain
al-Arab (Kobané em curdo).
Os últimos combates levaram centenas
de moradores a fugir para a vizinha Turquia, que já abriga mais de 160
mil pessoas que fugiram da região de Ain al-Arab.
A
organização Human Rights Watch (HRW) também pediu a abertura de uma
investigação sobre uma possível violação da lei da guerra após a morte
de pelo menos sete civis em ataques americanos no noroeste do Síria.
https://br.noticias.yahoo.com/ataques-coaliz%C3%A3o-visam-petr%C3%B3leo-dos-jihadistas-al-qaeda-140701756.html