Material cita também homossexuais e foi exposto no campus de Piracicaba.Lista tem apelidos que identificam estudantes; instituição vai apurar o caso.
Cartaz colocado no Centro de Vivência da USP de Piracicaba (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)
Um cartaz com uma espécie de 'ranking' da vida sexual de alunas da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em
Piracicaba
(SP), revoltou um grupo de estudantes da instituição.
O material foi
colocado no Centro de Vivência, o pátio onde os universitários se
reúnem, mas retirado depois de causar polêmica e manifestações
contrárias que se espalham pelos muros da unidade. A universidade
informou que vai apurar o caso.
Considerado preconceituoso e ofensivo por alunos e professores, o
cartaz era dividido em colunas que atribuíam, com palavra de baixo calão
e termos como "teta preta", as supostas características das estudantes
listadas pelos apelidos com que foram batizadas no campus, além do
número de pessoas que teria mantido relações. Os "codinomes" são uma
tradição na Esalq e muitos universitários os carregam após o curso.
O professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, da Esalq, pesquisa
diferentes tipos de abusos nas universidades há 14 anos e chegou a
relatar casos de violência à CPI dos Trotes
no início do ano. Ele disse que o ranking comprova a existência de uma
cultura da discriminação no campus. "O cartaz tem caráter de assédio e
conteúdo difamatório intencional", disse.
De acordo com o professor, materiais como esse já foram produzidos
antes, mas nunca tinham sido expostos como aconteceu nesse caso. "Foi a
primeira vez que colocaram em local público. Isso dá margem para que as
pessoas, reconhecidas por seus codinomes, sejam discriminadas",
criticou. Segundo ele, o cartaz também cita homossexuais.
Cartaz feito em repúdio à lista discriminatória na Esalq Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Cartaz de repúdio também foi exposto no Centro de Vivência da Esaql
RevoltaA aluna da Esalq e integrante do Diretório Central dos Estudantes, Élice Natalia Botelho, de 22 anos, ficou revoltada com o conteúdo do cartaz e se posicionou sobre o abuso em uma rede social na internet.
Em trecho de texto de repúdio, ela afirma: "Percebi que os níveis de
machismo, lgbtfobia e racismo da Esalq não param de piorar. (...) Pensei
que a CPI de Violação de Direitos Humanos das Universidades Estaduais
Paulistas tivesse alertado as pessoas, mas a prova [cartaz com o
ranking] mostra que, na verdade, tem gente que está no caminho oposto".
A jovem contou que algumas meninas se juntaram e fizeram cartazes de
repúdio ao material exposto no final de maio com os termos
preconceituosos, mas os primeiros protestos também foram retirados do
Centro de Vivência. "Foram arrancados por alguém que se incomodou e,
após isso ter ocorrido, elas voltaram a fazer mais cartazes", afirmou.
'Lógica de poder'
O episódio, para o professor Almeida, é uma evidência de que há grupos que sustentam uma cultura opressora no campus. "Eles têm o objetivo de discriminar e atuam com uma lógica de poder", afirmou Almeida. O professor disse que mesmo após as investigações, casos como esse ainda são comuns.
O episódio, para o professor Almeida, é uma evidência de que há grupos que sustentam uma cultura opressora no campus. "Eles têm o objetivo de discriminar e atuam com uma lógica de poder", afirmou Almeida. O professor disse que mesmo após as investigações, casos como esse ainda são comuns.
Esalq
A instituição afirmou que soube do caso após ser questionada pela reportagem. "A direção do campus tomou ciência, por meio de informação do Portal G1, da existência de material que foi exposto no mural do Centro de Vivência e encaminhará o material para apreciação de uma comissão sindicante, cumprindo trâmite regular", informou a Esalq em nota da assessoria de imprensa.
A instituição afirmou que soube do caso após ser questionada pela reportagem. "A direção do campus tomou ciência, por meio de informação do Portal G1, da existência de material que foi exposto no mural do Centro de Vivência e encaminhará o material para apreciação de uma comissão sindicante, cumprindo trâmite regular", informou a Esalq em nota da assessoria de imprensa.
Cartaz foi exposto no Centro de Vivência da Esalq em Piracicaba.
http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2015/06/ranking-expoe-intimidade-sexual-de-alunas-da-usp-e-causa-revolta.html