Acusada pela Polícia Civil do Rio de envolvimento com o grupo Black
Bloc, suspeito de incitar e cometer atos de vandalismo em manifestações,
a universitária Maíra Cupolillo Alvarês, 22 anos, só voltará ao Brasil
caso tenha a garantia de que não será presa, disse nesta terça-feira,
10, seu pai, o auditor da Receita Federal Ésio Alvarês. A jovem,
estudante de Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense,
viajou em 27 de agosto de férias para a Bolívia, e retornaria ao Brasil
no próximo dia 17.
"Antes de decidir se minha filha volta ou não ao País, preciso ter
acesso às acusações contra ela. A polícia não diz nada, alegando que a
investigação é sigilosa. Maíra nega que tenha a senha para administrar a
página do Black Bloc. Ela apenas postava comentários, a maioria de
cunho feminista e sobre corrupção. Temo que ela seja presa ao depor,
como ocorreu com os outros acusados. Se ficar comprovado que Maíra está
sendo perseguida por suas posições políticas, como criticar esse Estado
corrupto, vamos pedir refúgio em outro país", afirmou Ésio Alvarês.
Segundo ele, a jovem já deixou a Bolívia e está em outro local da
América do Sul. Ela estaria confinada num hotel, à base de calmantes.
Na semana passada, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática
(DRCI) cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Maíra e seu
pai, em Niterói, no inquérito que apura quem administra o perfil "Black
Bloc RJ" no Facebook. Foram apreendidos computadores e pen drives.
Alvarês diz que os policiais estiveram em sua casa porque Maíra, que
costuma visitá-lo nos fins de semana, utilizou a internet em sua casa
algumas vezes este ano.
No total, os agentes estiveram na residência de seis suspeitos.
Detidos em casa, três jovens acabaram presos em flagrante pelos crimes
de formação de quadrilha armada e incitação à violência, após terem sido
conduzidos à delegacia para prestar depoimento: Daniel Guimarães
Ferreira, Henrique Palavra Vianna e Jahn Gonçalves Traxler.
Outros dois menores também foram detidos no dia da operação acusados
de atualizar o perfil "Black Bloc RJ" no Facebook, mas foram liberados
após seus responsáveis se comprometerem a apresentá-los em juízo. Um
deles é irmão de Daniel Ferreira, que também foi indiciado por corrupção
de menores. Já Traxler também foi autuado por armazenar imagens de sexo
explícito envolvendo menores, pois em seu computador foram encontradas
fotos de crianças praticando sexo.
Na última sexta, 6, a juíza Simone Ferraz, da 27ª Vara Criminal,
converteu em preventiva a prisão em flagrante do trio. O processo
tramita em segredo de Justiça, mas o Grupo Estado teve acesso à decisão.
"Chama a atenção desta magistrada à certeza de que a apreensão de armas
brancas retráteis, máscaras contra gás lacrimogêneo, e artefatos
cortantes, revestidos por pregos, conhecidos como `jacaré', capazes de
causar não somente danos em bens materiais, como pneus de ônibus e
viaturas policiais, bem como com potencialidade lesiva suficiente para
dar causa a lesões corporais graves ou mesmo gravíssimas, dependendo do
seu emprego (...). A apreensão de artefatos tais demonstra, no contexto
dos autos, a preparação para os atos de graves contornos sociais os
quais são nesta medida preparatória, investigados", diz trecho da
decisão.
http://br.noticias.yahoo.com/acusada-integrar-black-bloc-pode-pedir-asilo-231000817.html