terça-feira, 16 de junho de 2015

Clube que obriga babá a usar branco é alvo de investigação do MP

 Advogada fez denúncia após babá tentar entrar sem uniforme no Clube Pinheiros; para promotora, 'discriminação é evidente'

"Sempre que eu estava trabalhando e a Débora*, a babá da minha filha, ia ao clube com ela, era um estresse. A gente nunca sabia se os seguranças iam deixá-la entrar ou não. Tudo porque o clube exige que babás vistam branco. Tentei conversar com a direção, mas não adiantou. Um dia eu cansei."

O depoimento acima é da advogada paulistana Roberta Loria que acionou o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) com uma denúncia de discriminação por parte do Esporte Clube Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

"Não é só para resolver o nosso problema. É uma questão social. É revoltante essa discriminação ainda ocorrer. Sou sócia do Pinheiros há pouco mais de um ano e jamais imaginei que isso acontecesse", disse à BBC Brasil.
Advogada fez denúncia após babá de sua filha tentar entrar sem uniforme no Clube Pinheiros
Mariana Chama
Advogada fez denúncia após babá de sua filha tentar entrar sem uniforme no Clube Pinheiros
Após a denúncia, a promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca resolveu abrir um inquérito civil contra o Clube Pinheiros (MP 43.0725.0000489/2015-2). Outros clubes de elite da capital paulistana também estão na mira do MP.

De acordo com o Ministério Público, o objetivo do inquérito é apurar a prática de discriminação social pelo clube ao exigir que as babás que acompanham as crianças sócias estejam vestidas de branco.

Uniforme e áreas exclusivas
Questionado pela BBC Brasil, o Clube Pinheiros confirmou que "a utilização de uniforme na cor branca pelas babás está devidamente regulamentada através de normativa interna do clube" e afirmou que "assim como é comum em organizações a utilização de uniforme e crachá, o Pinheiros adota o mesmo tipo de sistema".

O clube confirmou ainda a existência de algumas partes do local que são proibidas às babás, como relatadas por sócios ouvidos pela reportagem. "Existem áreas, como piscina e locais de eventos, que possuem regras específicas para o acesso, podendo ser reservadas exclusivamente aos associados. O clube ainda ressalta que repudia qualquer tipo de pré-conceito ou discriminação de qualquer caráter."

A promotora, no entanto, discorda da visão do clube.
"Ao exigir o uso de determinada roupa pelas babás, o clube pretende marcar as pessoas que estão no local, circulando entre os sócios, mas que pertencem a outra classe social", afirmou Beatriz à BBC Brasil, ressaltando que outros acompanhantes dos sócios, como parentes, não são obrigados a usar branco.

"A discriminação é evidente porque viola os princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoa humana. A regra é discriminatória."

Ameaças
Roberta conta que a regra para babás no clube não é algo explícito, que esteja em um quadro pendurado na parede ou algo do tipo.

Tanto que, nas primeiras vezes que a babá e a menina foram ao clube, não houve problemas. "A Débora poderia passar por mãe da minha filha. Então, quando as duas estavam sozinhas, acho que não percebiam que ela era babá e ela não era barrada", conta.
Sócia do clube Pinheiros há um ano, a advogada Roberta Loria se surpreendeu com a exigência do uniforme para as babás
Mariana Chama
Sócia do clube Pinheiros há um ano, a advogada Roberta Loria se surpreendeu com a exigência do uniforme para as babás
"Mas, quando ela foi identificada como babá, os problemas começaram. Os porteiros não queriam deixá-la entrar, falavam que ela tinha de usar uniforme, ameaçavam. Uma vez em que ela tentou argumentar, disseram que iam me mandar uma carta de advertência", conta.

"E também achei péssimo quando, uma vez em que eu estava com a Débora e os funcionário falavam sobre ela, só olhavam para mim, como se ela não estivesse lá. Fora que ela já relatou que uma sócia interrompeu a conversa com ela assim que descobriu que ela era a babá da minha filha e não a mãe."

Por temer problemas futuros, Débora preferiu não falar com a BBC Brasil e pediu que sua identidade fosse preservada. Segundo Roberta, a babá acha que ela está "comprando briga à toa".
"O mais triste é que acho que, de tão acostumada a esse tipo de tratamento, não percebe a gravidade do problema, acha que é só uma questão de roupa."

Nada justifica'
A juíza Beatriz Fonseca, no entanto, explicou como, em sua visão, o problema vai muito além disso.
Segundo ela, é válido que o clube exija que seus funcionários usem uniforme, por existir um motivo para isso. "Os sócios podem identificar os funcionários e solicitar a prestação de serviço de forma mais célere", diz.
"Mas qual a necessidade de babás serem identificadas pelos demais sócios? Nada justifica esta obrigatoriedade, a não ser a possibilidade de imediata identificação de que a pessoa não é sócia. Mas qual a necessidade desta identificação? Afinal, os convidados dos sócios, amigos, e familiares não são obrigados a usar uma identificação que os discrimine, que indique não serem associados."

Exemplo carioca
O ofício contra o Clube Pinheiros foi enviado pelo Ministério Público no dia 10 deste mês. O clube, que diz que até esta segunda-feira não havia recebido o documento, tem 20 dias para se posicionar.

Após o posicionamento do Pinheiros, o Ministério Público vai decidir se entrará com uma ação pública. Outra possibilidade seria a realização do chamado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), um instrumento jurídico no qual os clubes assumiriam o compromisso de ajustar suas regras conforme solicitado, sob risco de sofrerem sanções (normalmente multas).

Roberta, que está grávida do segundo filho, conta que uma de suas expectativas com o caso seja um desfecho semelhante ao que aconteceu no Rio de Janeiro.
Para promotora, exigir o uso de roupa branca para babás é é uma regra discriminatória
Mariana Chama
Para promotora, exigir o uso de roupa branca para babás é é uma regra discriminatória
No ano passado, o governador Sérgio Cabral sancionou uma lei proibindo clubes de exigir uniforme para a entrada de babás e de acompanhantes de idosos, com pena de até R$ 2,5 mil para quem não cumprir a regra.
Semelhante ao caso de São Paulo, a lei foi criada a partir de uma representação no Ministério Público feita pela ONG Educafro. A promotoria então instaurou um inquérito civil para apurar possíveis casos de discriminação nos clubes de elite Paissandu, Naval Piraquê, Jockey Clube e Caiçaras, na zona sul.

A denúncia da ONG veio na esteira de um caso ocorrido no clube Caiçaras, na qual a babá Elaine Pacheco foi barrada por não estar de branco, mesmo com seu nome estando na lista de convidados de um evento que ocorria no local.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-06-16/clube-que-obriga-baba-a-usar-branco-e-alvo-de-investigacao-do-mp.html

Nasir al-Wahishi era tido como braço direito de Osama Bin Laden; organização tem realizado inúmeros atentados nos EUA

Um ataque aéreo dos EUA matou o líder número 2 da Al-Qaeda, que comandava sua poderosa filial iemenita, no que é considerado o maior golpe contra o grupo terrorista desde a morte de Osama bin Laden. A ação elimina um líder carismático em um momento em que a organização disputa com o Estado Islâmico o título de fundador da jihad global.

O então líder da Al-Qaeda na Península Arábica identificado pelo IntelCenter como Nasir al-Wahishi durante encontro no Iêmen (Arquivo)
AP
O então líder da Al-Qaeda na Península Arábica identificado pelo IntelCenter como Nasir al-Wahishi durante encontro no Iêmen (Arquivo)
Em uma declaração em vídeo datada de 14 de junho e divulgada nesta terça-feira (16) pela filial iemenita da organização terrorista, um agente sênior anunciou a morte de Nasir al-Wahishi, um jihadista veterano que já foi apontado como braço direito de Bin Laden e disse que seu vice, Qassim al-Raimi, havia sido escolhido para substituí-lo.

"Nação muçulmana, um herói de seus heróis e um mestre de seus mestres foi em direção a Deus", disse Khaled Batrafi no vídeo, prometendo que a guerra do grupo contra os EUA iria continuar.

"Em nome de Deus, o seu sangue nos faz mais determinados ao sacrifício", disse ele. "Que os inimigos saibam que a batalha não é de apenas de um. A batalha conta com uma nação de bilhões de membros."

Autoridades de segurança iemenitas haviam dito anteriormente que um drone dos EUA havia matado três supostos militantes na cidade portuária do sul de Mukalla na semana passada. Autoridades norte-americanas disseram que eles estavam tentando verificar se al-Wahishi havia mesmo sido morto.

O braço da Al-Qaeda no Iêmen tem sido visto como o mais letal e tem sido associado a uma série de atentados no território dos EUA. O grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque de janeiro à revista satírica francesa Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos.

Além de liderar a filial iemenita, conhecida como Al-Qaeda na Península Arábica, al-Wahishi também serviu como substituto de Ayman al-Zawahri, principal líder da Al-Qaeda, que sucedeu bin Laden em 2011.
 
A morte de Al-Wahishi é uma grande perda para a Al-Qaeda enquanto os terroristas se esforçam para competir com o Estado Islâmico, um grupo separatista que ocupa vastas áreas na Síria e no Iraque e gerou suas próprias filiais em outros países da região.

Ambos os grupos se dedicam a impor a lei islâmica, apesar de a Al-Qaeda não reconhecer o califado autoproclamado do Estado Islâmico e manter a prioridade de usar a jihad contra os Estados Unidos a fim de conduzi-lo para fora do Oriente Médio.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-06-16/al-qaeda-no-iemen-confirma-morte-de-lider-apos-ataque-dos-eua-com-drone.html