Nesta sexta-feira, o consumidor participou de uma audiência de
conciliação com a empresa. Segundo ele, no encontro, realizado na sede
do Procon, no Município, o advogado da Coca-Cola convidou a família do
pedreiro a conhecer as instalações da fábrica da empresa e ofereceu uma
nova embalagem do produto.
Rodrigues conta que, por sorte, a bebida não foi ingerida pelo seu
filho de 16 anos. “A embalagem foi comprada pela minha esposa e deixada
dentro da geladeira de casa para gelar. Como o líquido é escuro, ela não
percebeu a presença do rato dentro da embalagem”, comenta.
O refrigerante foi comprado há cerca de um mês por um consumidor de Guarujá. Embalagem não era retornável
Ainda conforme o pedreiro, quando o refrigerante já estava gelado, um
dos filhos do casal, que tem 16 anos, pegou a garrafa. Ao despejar parte
do líquido em um copo, percebeu a presença de um corpo estranho dentro
da embalagem. “Ele nos chamou e constatamos que aquilo dentro da garrafa
era um rato. O bicho era pequeno e estava boiando dentro da garrafa”.
Após constatar a irregularidade, o pedreiro imediatamente fechou a
garrafa e apresentou uma queixa no Procon da Cidade. “Fotografamos tudo e
trouxemos a embalagem com o bicho aqui para o Procon. Mas a Coca-Cola
não deu muita atenção para o nosso problema. Simplesmente falaram que
trocariam a embalagem. Isso é um absurdo. Poderia ter prejudicado outras
pessoas”, comenta indignado.
De acordo com o diretor do Procon de Guarujá, Alexandre Cardoso, após o
caso chegar ao conhecimento da fundação, a empresa e o supermercado
onde o refrigerante foi adquirido foram notificados. “Todas as garrafas
do mesmo lote foram retiradas, imediatamente, das prateleiras, a fim de
preservarmos a saúde de outros consumidores”, explica.
O caso também foi oficiado ao Ministério Público e à Vigilância
Sanitária. “Esta foi a primeira vez que recebemos uma denúncia nesse
sentido. Estamos preocupados e acompanharemos de perto este caso para
não colocar em risco a saúde de nenhum consumidor”.
Problema foi percebido quando o filho do consumidor colocou um pouco do refrigente no copo
Garrafa retornável também estava contaminada
Um outro caso, também em Guarujá, envolveu a funcionária pública
Alessandra Rodrigues, de 42 anos. Depois de comprar uma garrafa
retornável, ela encontrou no produto algo semelhante a limo. Alessandra
disse que comprou a garrafa há cerca de um mês.
“Eu sempre costumo comprar garrafas retornáveis. No dia, comprei duas
embalagens. Uma delas consumi com o meu marido e o meu filho. Não
verificamos nenhum gosto estranho, mas sentimos um desconforto estomacal
após a ingestão. Já a segunda, comprada no mesmo estabelecimento,
verifiquei, enquanto fazia a sua higienização, que estava estranha.
Dentro dela notei um limo e, por isso, entrei em contato com o SAC da
Coca-Cola”, comenta.
Imediatamente ela entrou em contato com a empresa, que pediu para que
aguardasse contato em 24 horas. Como isso não aconteceu, a consumidora
decidiu acionar o Procon de Guarujá há cerca de duas semanas.
Hoje, Alessandra compareceu novamente ao Procon. “Na audiência do seo
Rui, falei com o advogado da empresa, que foi rude e até sarcástico.
Futuramente haverá uma análise do material, mas achei uma falta de
respeito da marca conosco. Somos os consumidores que dão lucro pra eles e
fomos tratados com descaso”.
Segundo o Procon, assim como no primeiro caso, o material foi
encaminhado para análise no Instituto Adolfo Lutz. Os resultados dos
exames ainda são aguardados.
Em casos como estes, o diretor do Procon orienta os consumidores a
acionarem a empresa por meio do SAC e levar a reclamação ao conhecimento
do órgão e da Vigilância Sanitária. “O Procon vai esperar os laudos
destas análises e continuará acompanhando o caso”.
Resposta
Em nota, a FEMSA Brasil, que representa a Coca Cola, informa que
''segue os mais rigorosos padrões de qualidade, segurança e integridade
na fabricação das bebidas. As linhas de produção das fábricas da
companhia possuem uma série de procedimentos de inspeção, com
equipamentos eletrônicos que asseguram a qualidade das bebidas''.
Sobre os casos relatados pelos consumidores, o comunicado diz que ''não
há registro no SAC da empresa. Hoje, durante encontro entre as partes
no Procon, a companhia ofereceu a troca do produto por mera
liberalidade, já que não teve oportunidade de realizar a análise técnica
do produto, que está aberto. A medida não foi aceita, ficando
prejudicada qualquer avaliação detalhada sobre o fato narrado''.
E a nota conclui dizendo que ''a FEMSA Brasil reafirma seu compromisso
com a qualidade e com o bem estar de seus consumidores, estando sempre à
disposição para substituir os produtos, nas hipóteses determinadas pelo
Código de Defesa do Consumidor, colocando-se à disposição para
atendimento pelo 0800 0212121''.
Sobre o segundo caso, a empresa não se manifestou.
Problemas de locomoção
O medo de encontrar restos de animais – em especial, ratos – em
garrafas do produto se deve à denúncia, feita por um relojoeiro
paulista, de que teria sofrido problemas de locomoção e fala após
ingerir uma garrafa na qual haveria um rato morto.
O caso ocorreu em dezembro de 2000, mas apenas recentemente se espalhou
nas redes sociais, após ser mostrado em uma reportagem de TV.
Desde então, a Coca-Cola tem procurado reverter a má impressão deixada a
parte dos consumidores. No mês passado, em comunicado, declarou que
“nossos protocolos de controle de qualidade e higiene tornam impossível
que um roedor entre em uma garrafa em nossas instalações fabris”.
“Lamentamos o estado de saúde do consumidor, mas reiteramos que o fato
alegado não tem fundamento e é totalmente equivocada a associação entre o
consumo do produto e o seu estado de saúde”, afirmou.