A
defesa de cinco executivos da OAS, entre eles o presidente da
empreiteira, José Aldemário Pinheiro Filho, o Leo Pinheiro, queria
conhecer as revelações de Barusco, que fechou acordo de delação com a
força tarefa do Ministério Público Federal.
A
OAS está sob suspeita de ter integrado cartel de empreiteiras que se
apossou de contratos bilionários da estatal petrolífera. A OAS pediu
acesso aos relatos de Barusco, mas em vão.O juiz Sérgio Moro argumentou
que "por ora, ainda se faz necessário o sigilo para fins de investigação
e corroboração do por ele declarado".
O
magistrado assinalou que os depoimentos de Barusco não serviram de base
às denúncias propostas - cinco denúncias ao todo - contra as cúpulas
das maiores empreiteiras do País, entre elas a OAS. Os executivos das
empreiteiras são acusados de formação de organização criminosa, lavagem
de dinheiro, evasão de divisas e corrupção ativa.
O
acordo de delação premiada de Barusco foi homologado há duas semanas
pela Justiça Federal.Na avaliação dos investigadores da Lava Jato, os
depoimentos de Barusco são "estarrecedores" porque apontam com detalhes
como operava o esquema na área da Diretoria de Serviços, sob comando de
Renato Duque.
Em uma cláusula
do contrato que firmou com a força tarefa do MPF o ex-gerente
comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milhões que mantêm no
exterior e mais R$ 6 milhões no Brasil. Ele confessou que essa fortuna
teve origem em atos "ilícitos".
O
grau de colaboração do ex-gerente impressiona os investigadores. Ele
demonstrou grande senso de organização e disciplina ao fazer uma
metódica contabilidade dos repasses de propinas, apontando todos os
negócios onde correu dinheiro por fora. Tudo ele registrava em um
arquivo pessoal.
Barusco
passou números de contas bancárias e nomes de beneficiários de
comissões. Afirmou que ele e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da
estatal petrolífera, dividiram propinas em "mais de 70 contratos" da
Petrobrás entre 2005 e 2010.
Ele
declarou que fornecedores e empreiteiros não desembolsavam recursos por
"exigência", mas porque o pagamento de propinas na Petrobrás era "algo
endêmico, institucionalizado".
Antes
de atuar na gerência, subordinado a Duque, ele ocupou os cargos de
gerente de tecnologia na Diretoria de Exploração e Produção e de diretor
de Operações da empresa Sete Brasil, que tem na Petrobrás um de seus
investidores.
Pedro Barusco
afirmou que "na divisão de propinas" Duque ficava "com a maior parte",
na margem de 60% para o ex-diretor de Serviços e de 40% para ele. Duque
nega taxativamente a prática de atos ilícitos.Barusco entregou uma
planilha de contratos onde teria corrido suborno e os valores que o
esquema girou. Os contratos são de praticamente todas as áreas
estratégicas da Petrobrás. Ele citou Gás e Energia, Exploração e
Produção e Serviços. Revelou outros operadores da trama de corrupção na
Petrobrás.
Ao rejeitar o
pedido da OAS, o juiz Sérgio Moro destacou que as defesas de todos os
investigados por cartel na Petrobrás já tiveram acesso a todos os
depoimentos e provas que embasaram as seis denúncias da Procuradoria da
República, recentemente propostas à Justiça - cinco delas
especificamente contra as cúpulas das maiores empreiteiras do País,
entre elas a OAS; a sexta denúncia foi apresentada contra o ex-diretor
de área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, e o lobista Fernando
Falcão Soares, o Fernando Baiano.
Todas
as seis denúncias foram recebidas pela Justiça Federal, que abriu
processo contra os executivos e também contra Fernando Baiano e Nestor
Cerveró.Moro assinalou que os advogados das construtoras também já
tiveram acesso aos termos de outras duas delações premiadas, de Augusto
Ribeiro Mendonça Neto e Julio Gerin de Almeida Camargo - com suas
revelações, Mendonça e Camargo implodiram o pacto do cartel de
empreiteiras que agiram na Petrobrás durante longa jornada, segundo o
Ministério Público Federal.
http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/justi%C3%A7a-nega-acesso-%C3%A0-dela%C3%A7%C3%A3o-de-ex-gerente-da-petrobr%C3%A1s/ar-BBh5dZT