sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Morre ex-prefeito de Guarujá, Ruy Gonzalez; velório será nesta sexta-feira

De A Tribuna On-line
N/A
Ruy Gonzalez foi prefeito de Guarujá

Morreu, na manhã desta quinta-feira, aos 59 anos, o ex-prefeito de Guarujá e ex-deputado estadual, Ruy Gonzalez. Segundo familiares, ele sentiu-se mal logo cedo, na penitenciária de Tremembé, onde cumpria pena por envolvimento a um assalto ao banco Banespa, em 2001, e, imediatamente, foi levado a um hospital de Taubaté (cidade vizinha), mas não resistiu.
O velório será aberto ao público e começa às 8 horas desta sexta-feira, na Câmara Municipal de Guarujá, localizada na Avenida Leomil, 175. Já o sepultamento deve ser no final da tarde, no Cemitério da Vila Júlia.

O presidente do Legislativo de Guarujá, Marcelo Squassoni (PRB), decretou luto oficial de três dias.
A prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito decretou luto oficial por sete dias pela morte de Ruy Gonzalez.

“É com pesar que recebemos a notícia do falecimento do ex-prefeito Ruy Gonzalez. Diante das tribulações que a vida lhe impôs, na misericórdia de Deus ele alcançou conforto espiritual e força para seguir em frente. Na certeza de que agora repousa no braços do Pai, rogamos pela proteção de seus familiares e amigos”, externou a prefeita Antonieta.
Nascido em 4 de agosto de 1954, Rui Carlos Gonzalez foi diretor escolar e ingressou na carreira política em 1983, quando eleito vereador em Guarujá pela primeira vez. Em 1987, foi reeleito e assumiu a Presidência do Legislativo Municipal até o final de 1988. Em 1990, foi novamente eleito, só que para o cargo de deputado estadual - função essa que exerceu entre 1991 e 1992, até sua chegada ao Executivo Municipal, em 1993, onde permaneceu até dezembro de 1996.

Bastante abalada, a viúva Maria Elisabete Gonzalez, que mora em Guarujá, disse que o sonho do ex-prefeito era voltar para a cidade. ''Ele era inocente. Lutava por sua inocência e queria voltar para sua terra natal''. Ruy Gonzalez deixa três filhas.

Preso há mais de dez anos

O ex-prefeito de Guarujá (1993-1996), estava preso havia quase 12 anos. Ele foi condenado por envolvimento no assalto a uma agência do Banespa, em 2001. Dez anos depois, foi novamente condenado por ter contratado, sem licitação, uma empresa para realização de rodeio na cidade, no início de 1994. Desde então, o político cumpria pena no regime semi-aberto.

A ação penal mais recente foi movida pela Promotoria de Justiça em agosto de 2002. Julgada improcedente em 1ª instância em 2007, a decisão foi reformada pelos desembargadores da 15ª Câmara do 7º Grupo de Seção Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), com relatoria do desembargador Pedro Gagliardi. Por despacho datado de 12 de fevereiro de 2010, foi determinado o cumprimento do acórdão.

A Cia. São Francisco de Rodeios S/A Ltda. Foi contratada, na época, por 35.445.000 cruzeiros reais e não passou por licitação, como determina a Lei 8.666/93. Na ocasião, o prefeito argumentou em sua defesa que não havia necessidade de licitação para a contratação, uma vez que os profissionais contratados eram do setor artístico, hipótese em que a Lei de Licitações permite a contratação sem prévia licitação. Mas o desembargador não aceitou a alegação.

Na época, conforme a assessoria jurídica do ex-prefeito, essa decisão não alterou a rotina de Ruy, que já cumpria pena em regime semi-aberto por causa de outro processo, envolvendo o assalto ao Banespa. Uma das advogadas de Ruy, Gabriela Ianni, informou que o departamento jurídico chegou a recorrer da sentença ao Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, não houve redução da pena ou abrandamento.

Roubo a banco

Em agosto de 2001, Ruy Gonzalez foi preso por envolvimento em um assalto a uma agência do Banespa, localizada no Centro de Guarujá. Ele teria comandado mais de 10 bandidos na ação.
 
N/A
Ruy foi condenado a 57 anos de prisão pelo roubo de um banco, além do sequestro do gerente e sua família
O crime aconteceu em 13 de agosto. O gerente do Banespa na época, Lúcio César Soares Pinto, sua mulher e seu filho foram sequestrados pela quadrilha e mantidos em um cativeiro na Praia da Enseada. Na madrugada seguinte, o bancário foi levado à agência, onde, por volta das 9 horas, os cofres particulares foram abertos pelos bandidos.

Uma equipe da Polícia Militar foi acionada e no local foi iniciada uma troca de tiros. No confronto, uma policial foi atingida com três disparos. Nenhum dos clientes se feriu.

O confronto resultou na prisão de três assaltantes. Porém, uma parte do grupo conseguiu escapar. Pouco tempo depois, foram localizados refugiados na mansão do ex-prefeito, no bairro do Guaiúba.

Depois de os policiais cercarem a casa, uma equipe do Grupo de Operações Especiais (GOE) invadiu o local. Um dos assaltantes foi baleado e morreu. Outros oito foram presos e dois conseguiram fugir. Gonzalez acabou sendo preso.

O político afirmou, na ocasião, que sua casa teria sido invadida pelos assaltantes quando eles fugiam da polícia. Porém, a esposa do gerente, que havia sido sequestrada, disse à polícia ter ouvido dos integrantes da quadrilha referências à casa do ex-prefeito no cativeiro onde foi levada.
Em maio de 2002, o ex-prefeito foi condenado a 57 anos de prisão pelo roubo à agência bancária, além do sequestro do gerente da agência e sua família. Na ocasião, o político ficou preso no Centro de Observação Criminológica (COC), no Carandiru, em São Paulo.

Pretendia voltar para a política

Liberado para passar o indulto de Dia das Crianças junto à família, Ruy Gonzalez ficou uma semana em Guarujá, em outubro de 2011, quando concedeu sua última entrevista a A Tribuna.

Durante sua permanência na Cidade, o ex-prefeito chegou a visitar velhos amigos na Câmara e chegou até a ser assaltado. Após ter seu celular e carteira levados pelos bandidos, o político foi parar em uma favela, onde procurou o chefe do local. Depois de informar sua condição de presidiário, teve todos os itens devolvidos.

Ruy Gonzalez cumpria pena no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo. Ele pretendia retornar à vida política.
 
N/A
Em outubro de 2011, o ex-prefeito concedeu entrevista durante indulto de Dia das Crianças