SÃO PAULO - A Prefeitura de São
Paulo vai receber ajuda de médicos do Exército para combater a dengue
na capital paulista. A informação foi confirmada pelo prefeito Fernando
Haddad (PT), em entrevista à Rádio Estadão na manhã desta quarta-feira,
22. Há uma semana, a administração municipal já havia solicitado auxílio
de 50 soldados para acompanhar equipes de saúde em visitas nas
residências paulistanas.
"O Exército vai ceder dez
médicos para o combate específico contra a dengue", informou Haddad. Em
nota, o Comando Militar do Sudeste afirmou que os profissionais devem
atuar em unidades de pronto atendimento e que vai ceder para a
Prefeitura 15 barracas para atendimento de urgência à população atingida
pela dengue, devendo "a Secretaria Municipal de Saúde informar os
locais da capital a serem apoiados".
Atualmente, a
cidade dispõe de sete tendas da Prefeitura voltadas para pacientes com
dengue. A estimativa do município, segundo Haddad, é aumentar esse
número para nove - tendo em vista que ainda falta um mês para o período
crítico da doença passar.
"A capital
está totalmente cercada de epidemias. Há epidemia em Campinas, epidemia
em Sorocaba, epidemia em Santos. Aqui não estamos em uma situação
epidêmica, mas estamos lutando contra o tempo para evitar que chegue à
capital", disse Haddad. "Não sabemos se daqui a duas semanas estaremos
nessa condição."
Dados mais recentes do Ministério da Saúde
indicam que São Paulo registra 12 casos da doença por hora. No primeiro
trimestre de 2015, a cidade atingiu o triplo de casos do ano passado:
8.063, ante 3.183 no mesmo período de 2014.
Um homem foi detido pela
polícia dos Estados Unidos depois de atirar oito vezes em seu
computador. Ele ficou enfurecido porque o aparelho não funcionava,
segundo os policiais.
"Ele
estava tendo problemas tecnológicos, então ele levou o computador para
um beco e o destruiu", disse o porta-voz da polícia Jeff Strossner. O
episódio ocorreu na cidade de Colorado Springs.
Lucas
Hinch foi detido por fazer disparos de arma de fogo na rua. Ao dar uma
de "caubói do Velho Oeste" - como foi descrito por jornais locais - ele
não teria se dado conta de que estava desrespeitando a lei.
A Justiça ainda decidirá sobre sua punição.
"Ele se cansou de brigar contra o computador nos últimos meses", disse Strossner ao jornal americano Colorado Springs Gazette.
A
publicação diz que Hinch "atirou na maldita coisa" quando o commando
ctrl+alt+delete – o método tradicional para reiniciar computadores –
novamente deixou de funcionar na manhã de segunda-feira. O computador em
questão seria da marca Dell.
"Ele conseguiu ter o tipo de vingança com o qual todos nós sonhamos", disse o jornal. "O computador não deve se recuperar".
Mulheres na Índia têm uma posição frágil na sociedade
O conselho de uma aldeia no norte da Índia ordenou a uma cidadã, cujo
marido fugiu com a esposa de um vizinho, que passe a viver com o
morador abandonado ou que lhe pague uma compensação. A polícia investiga
o pedido de ajuda que Rajendra Meghwal fez ao conselho da aldeia,
situada no Estado de Rajasthan (norte da índia), depois da fuga da sua
esposa, acompanhada das duas crianças de ambos, com o vizinho Kalulal
Meghwal.
Mamta, a mulher de Kalulal, disse à polícia que o conselho da aldeia, “khap panchayat“,
a obrigou a escolher entre pagar uma compensação de US$ 4.775 (R$
15.280) a Rajendra Meghwal por o seu marido ter fugido com a mulher
deste ou viver com o homem “abandonado”.
– A mulher não esteve presente na reunião do conselho, mas veio
queixar-se a nós de que fora solicitada para escolher entre pagar
dinheiro ou viver com Rajendra Meghwal – disse o policial Sanjay Kumar à
agência francesa de notícias AFP.
Na decisão do conselho da aldeia não ficou claro se ao viver com
Rajendra desempenhará o papel de esposa ou de empregada doméstica. Os
conselhos de aldeia, conhecidos como ‘panchayats‘, consistem em grupos de cidadãos não eleitos que são encarados como árbitros sociais e morais da respectiva aldeia.
Embora não tenham cobertura legal, os ‘panchayats’ são muito
influentes e têm sido acusados de aplicar sanções a “crimes de honra”
praticados por mulheres cujas ações são vistas como vergonhosas para as
suas famílias.
O estudante Pedro Henrique Afonso é o personagem central em um episódio absurdo registrado na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
O aluno foi preso no último dia 30 de março por uma suposta tentativa
de roubo de um carro no estacionamento da Faculdade de Políticas
Públicas da instituição. O problema é que o veículo era do próprio estudante.
“Ao
trancar o meu carro, fui abordado por uma viatura da PM. ‘O que você
está fazendo aí?’. Respondi que era trabalhador. Um sargento e um cabo,
ambos da 124ª cia, do 22º BPM, saíram com armas em punho: ‘mão na
cabeça, vagabundo, e cala a sua boca’. ‘Conheço meus direitos, não podem
me abordar dessa forma e já vou fazer uma representação contra vocês na
corregedoria’, argumentei. Foi o suficiente para que a truculência
aumentasse”, escreveu Pedro em sua página no Facebook.
Segundo o estudante, colegas e professores protestaram contra a sua prisão, mas não obtiveram nenhum resultado. Ele ainda pediu para que os policiais militares averiguassem se o carro não era mesmo dele, porém não adiantou.
“O tempo inteiro eu estava algemado, ainda que em nenhum momento tinha
resistido fisicamente à prisão. Queriam me humilhar, constranger.
Conseguiram”.
Sepultamento aconteceu às 11h; helicóptero da PM jogou rosas brancas. Mulher dele e cunhada foram baleadas, mas não correm risco de morte.
Enterro do corpo do sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Antônio Marcos de Araújo (Foto: Luciana Amaral/G1)
O sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Antônio Marcos de
Araújo, morto baleado na cabeça depois de reagir a um assalto na
segunda-feira (20), em Sobradinho, foi enterrado na manhã desta
quarta-feira (22) no cemitério da região.
O velório começou às 8h e o sepultamento, às 11h. Amigos, familiares e
policiais de diversos batalhões estiveram presentes para prestar as
últimas homenagens. Um helicóptero da corporação lançou pétalas de rosas
brancas.
A professora Ivone Naves do CEF 08, onde Araújo trabalhava, disse que
ele era querido por alunos e funcionários do colégio. "Era uma pessoa
muito trabalhadora. Vai fazer muita falta, tanto para os professores
quanto para os estudantes. Lamentamos muito."
A mãe da vítima passou mal após o enterro e teve de ser atendida por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
O tenente-coronel Júlio César, do Batalhão Escolar em que Araújo
atuava, conhecia o policial há cerca de um ano. Ele classificou o crime
de "tragédia". "Era excelente profissional, a própria comunidade escolar
reconhece isso. O pior é que [os assaltantes envolveram a filha [do
policial, de 7 anos], que estava dentro de casa. Fizeram menção de
levá-la. Ela então entrou em casa e tentou pegar o colete à prova de
balas para se proteger."
O policial aposentado Belchior Ferreira era amigo de Araújo desde 1996,
desde quando ambos eram soldados. "Considero ele um irmão. Sempre
tivemos uns planos de trabalhar no Proed e ajudar as pessoas, os
dependentes químicos. O destino profissional nos separou, mas era um
amigão. Foi uma pessoa carismática, íntegra e um dos ícones da PM. Ele
teve interesse em ampliar o quadro do Proerd e interagia com diferentes
grupos sociais."
Prisão
Nesta terça, a Polícia Militar prendeu três adultos e apreendeu um
adolescente suspeitos de participar do crime. Eles foram detidos no
Arapoanga. Três armas, entre elas a pistola do policial, munição e
dinheiro também foram apreendidos. A PM disse que o dinheiro era fruto
de um assalto a uma padaria.
O sargento Antônio Marcos de Araújo foi baleado na cabeça depois de
reagir a um assalto quando chegava de carro em casa por volta das 13h.
Armado, o PM reagiu, mas tropeçou e caiu. Um dos assaltantes se
aproveitou e atirou na nuca dele. A mulher e a cunhada da vítima
estavam no portão da residência e foram atingidas, mas não correm risco
de morte.
O crime chocou a vizinhança. O prestador de serviços Alessandro dos
Reis, morador da rua em que o sargento foi morto, disse estar assustado.
“Todo mundo na rua ficou desesperado, o que não é normal. É uma
situação delicada. Delicada porque a gente não pode fazer nada.”
Robson Severgnini usou o Instagram para pedir o valor da gravação de um DVD da cantora
"Jeziel Liasch espera até hoje receber pelo trabalho que foi contratado" / Reprodução Instagram
Simony foi cobrada publicamente, em uma rede social, por um
empresário paulista. De acordo com Robson Severgnini, a cantora deve
pela gravação do DVD de 30 anos de carreira.
"Muito bem, Srta. Benelli Simony, gostaria de saber quando você vai
pagar os serviços de gravação do áudio do seu show de relançamento em
São Paulo. Jeziel Liasch espera até hoje receber pelo trabalho que foi
contratado e nada de você efetuar o pagamento! Outras pessoas igualmente
também não receberam por seus serviços... Estamos reunindo as pessoas
que prestaram serviços e não receberam e começaremos a cobrar
publicamente em todos os lugares, até que você honre com seus
compromissos! Aguardamos seu contato! Robson Severgnini / Jeziel
Liasch”, publicou Robson no Instagram da artista, de acordo com o jornal
Extra.
Até o momento da publicação, Simony não respondeu a mensagem e não
se pronunciou sobre o caso. O DIÁRIO também não conseguiu contato com a
assessoria da cantora.
Acidente no quadro ‘Vem quem Quer’ causou problemas ao SBT (Divulgação)
O quadro ’Vem quem Quer’ do ’Programa do Ratinho’ já está fora do ar desde o ano passado, mas continua rendendo problemas ao SBT.
Segundo a coluna ‘Outro Canal’ da 'Folha de S. Paulo’, a emissora foi
condenada a indenizar um participante no valor de R$ 40 mil.
Gilson Francisco
foi jogado para fora do palco da atração pelo braço mecânico de gorila
do quadro e terminou tendo parte do dedo da mão esquerda decepado. O
porteiro ficou três dias internado e outros 50 afastado do trabalho e
por isso entrou na justiça pedindo R$ 160 mil de indenização.
OSBTcusteou
os medicamentos, renovação de curativos e transporte para a
fisioterapia de Gilson na época do acidente, mas alegou em juízo que a
responsabilidade pelo acidente era do porteiro, que sabia como o quadro
funcionava e aceitou correr o risco. Tanto a emissora, quanto o
participante vão recorrer da sentença.
Durante a audiência na Praça de São Pedro, Francisco atacou a 'instrumentalização e a comercialização do corpo feminino'
O
papa Francisco criticou nesta quarta (22) "os excessos do machismo",
que qualifica a mulher como "segunda classe", e denunciou "a
instrumentalização e a comercialização do corpo feminino na atual
cultura midiática".
Durante a audiência geral na Praça de São Pedro, o
papa denunciou as "variadas formas de sedução enganosa e prepotência
humilhante" exercidas sobre as mulheres, como "os excessos do machismo,
que considera a mulher de segunda classe".
O papa lembrou que, de
acordo com a Igreja Católica, quando Deus criou Adão, este estava
sozinho. "[Mas], quando lhe apresentou uma mulher, o homem reconheceu
aquela criatura como parte dele – osso dos meus ossos, carne da minha
carne. Há um reflexo, uma reciprocidade."
Francisco
acrescentou que "a mulher não é uma réplica do homem, mas foi criada
diretamente por Deus". A ideia de que Eva foi criada a partir da costela
de Adão "não significa inferioridade ou subordinação, mas que homem e
mulher são a mesma substância e são complementares, também têm essa
reciprocidade", disse o papa. "A
relação vê-se assediada por mil formas de sedução enganosa, humilhação e
até de violência", acrescentou. Essas situações aumentaram a
desconfiança entre o homem e a mulher "e a dificuldade de uma aliança
plena, capaz de uma relação íntima de comunhão e de respeito das
diferenças", explicou.
"Ao mesmo tempo, desvalorizou-se
socialmente a aliança estável e criadora entre ambos, o que constitui
uma grande perda para todos. É importante que se volte a valorizar o
casamento e a família", destacou Francisco.
Boche, de 10 anos, teve pedaço do tornozelo arrancado pelo pai na Tanzânia por se recusar a se submeter à mutilação genital
Apesar
de condenada pela ONU, países da África e no Oriente Médio mantêm a
prática; a mutilação consiste em cortar partes do clitóris e dos
pequenos e grandes lábios da vagina
A
gaze ao redor do tornozelo esquerdo da pequena Boche, de 10 anos,
esconde o que seu olhar triste não consegue disfarçar. Após se recusar a
ter as partes genitais mutiladas, a criança que mora em uma aldeia do
norte da Tanzânia teve o pedaço da pele da perna arrancada à faca pelo
próprio pai.
Boche faz parte do contingente de milhões de meninas
e mulheres que vivem em países da África e do Oriente Médio onde
persiste a prática da mutilação genital feminina, uma tradição de ao
menos cinco mil anos de história que consiste em cortar partes do
clitóris e dos pequenos e grandes lábios da vagina. Em alguns locais o
corte ainda é feito à navalha.
O procedimento teria função
sanitária – a mulher se tornaria mais limpa após o ato – e também
atenderia a questões culturiais: o clitóris é visto por sociedades
patriarcais como a falsa representação do pênis e, portanto, competiria
com a virilidade masculina. Na maioria dos casos, a mutilação da
vagina veta à mulher o direito ao prazer sexual.
De
acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, a
mutilação genital é realizada em cerca de 3 milhões de meninas e
mulheres todos os anos e se concentra em 29 países entre o continente
africano e o Oriente Médio.
Até agora, mais de 130 milhões de meninas e mulheres já foram submetidas ao procedimento e, se essa tendência for mantida, outras
30 milhões poderão ser mutiladas nos próximos dez anos. Somado ao
impacto do crescimento populacional, o índice pode atingir 63 milhões até 2050, de acordo com o Unicef.
"De todas as histórias que eu já presenciei, a de Boche é a que mais me comoveu. Ela é só uma criança...", diz ao iG
Julian Marcus, presidente da Tanzânia Development Trust (TDT), ONG que
acolhe vítimas da mutilação e ajuda a erradicar a cultura no país e para
onde Boche foi encaminhada.
Entre
os países que praticam a circuncisão feminina, a Somália tem o maior
número de casos: 98% das mulheres entre 15 e 49 anos já tiveram a vagina
mutilada, segundo o estudo "Female Genital Mutilation/Cutting: A
statistical overview and exploration of the dynamics of change", do
Unicef, divulgado em 2013. A Guiné tem o segundo maior índice, 96%.
Djibouti e Egito têm, respectivamente, 93% e 91% da população feminina
mutilada. Em Eritreia e no Mali, o número chega a 89%. Em Serra Leoa e
no Sudão, a prevalência é de 88%.
Formas de mutilação
Em dezembro de 2012, uma resolução da ONU (67/146) condenou
a prática. Para dribá-la, no entanto, alguns países têm medicalizado o
procedimento. No Egito, por exemplo, o corte no clitóris é feito
superficialmente por profissionais de saúde treinados, o que reduz o
risco de infecções e morte da paciente.
Mas esse não parece ser o
procedimento padrão em todos os países listados pelo Unicef. Théo
Lermer, ginecologista, sexólogo e colaborador do ambulatório de
sexualidade do Hospital das Clínicas (HC), explica que tribos ainda
realizam a mutilação genital extrema, onde a mulher tem o clitóris e os
pequenos lábios arrancados por meio de facões e navalhas sem o menor
nível de profilaxia.
Waris Dirie durante pronunciamento sobre mutilação genital feminina na ONU (Arquivo). Foto: Reprodução/Facebook
"Nesses
casos, a vagina é costurada e se torna, basicamente, os orifícios para
urinar e menstruar. Depois disso, durante a relação sexual, essa mulher
sente bastante dor e, quando engravida, corre sério risco de morrer. Se
ambos sobreviverem, é provável que a mulher sofra com fístulas", afirma.
Para
Melanie Sharpe, assessora de imprensa do Unicef em Nova York, "acabar
com a mutilação genital não é uma questão de simplesmente impor valores.
O fim da prática é uma ação que inclui governos nacionais, líderes
religiosos locais, os meios de comunicação e o mais importante,
comunidades e famílias".
Questão de cultura
A
origem da mutilação genital feminina é milenar, mas incerta. Segundo
Olga Regina Zigelli Garcia, pesquisadora do Instituto de Estudos de
Gênero da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), há estudiosos
que apontam para a época da venda de escravas no mercado árabe – elas
seriam circuncidadas antes do negócio. Outros falam da invasão do Vale
do Nilo por tribos nômades que realizavam o procedimento e o espalharam
pelo Egito e países vizinhos por difusão nos anos 3.100 a.C.
Para
Claudio Bertolli Filho, professor de antropologia da
Unesp, Universidade Estadual Paulista, como a mutilação genital feminina
tem uma representatividade grande nas sociedades africanas, sua
permanência deve ser discutida e, em muitos casos, respeitada.
"Essa
é uma cultura que passa de geração para geração. Para nós, por exemplo,
é normal a mulher fazer cirurgia de reconstituição de hímen para ficar
virgem novamente. Se a circuncisão não for total e a mulher quiser
manter a tradição, não acho que deveria ser erradicada", pondera.
Já
a socióloga Olga considera a mutilação genital uma violação dos
direitos humanos e herança das sociedades patriarcais e, por isso, não
deve ser mantido apenas por seu "questionável valor cultural".
"A
prática, além de violar a dignidade humana, também viola os direitos da
criança, já que meninas entre quatro e oito anos também são violadas.
Não podemos legitimar crueldades e desigualdades com a desculpa da
tradição", afirma.
Foi para apresentar a filha à sociedade que o
pai da tanzaniana Verônica, de 14 anos, quis obrigá-la a se submeter ao
ritual. Durante seu relato para a ONG que a acolheu, a jovem afirmou ter
sido informada de que "deveria ser mutilada porque tinha terminado a
escola primária e já tinha idade para casar."
Como se recusou, a adolescente passou a ser
espancada sistematicamente pelo pai. "Meu pai dizia que com a
mutilação eu teria um dote maior. Seriam cinco vacas que meu pai
utilizaria para vender e mandar meu irmão para uma escola particular",
disse ela em depoimento à BBC. Verônica fugiu de casa e buscou refúgio
na Tanzânia Development Trust (TDT).
O Fundo de
População das Nações Unidas, que atua em 22 países do continente, afirma
que cerca de oito mil comunidades na África concordaram em abandonar
a mutilação genital feminina. De acordo com Melanie Sharpe, foi criado
em 2008 um programa conjunto entre o Unicef e o UNFPA para acelerar a
mudança em 15 países da África Ocidental, Oriental e do Norte.
Cenário econômico e social
A
baixa escolaridade e os níveis expressivos de pobreza ajudam a difundir
e manter a prática no continente africano, segundo a ONU. O continente,
cuja população geral ultrapassa os 889 milhões de habitantes, tem
algumas das áreas com os piores níveis de saneamento básico do mundo.
Na
África Subsaariana – que abrange países como Tanzânia, Somália, entre
outros – o porcentual de saneamento básico não passa de 30%. Metade da
população vive com menos de um dólar por dia e até dois terços dos
países estão entre os que têm os menores IDHs.
É nessa
região que há também a maior prevalência de favelas urbanas do planeta:
elas devem abrigar 400 milhões de pessoas em 2020. O rápido crescimento
urbano e a falta de planejamento têm aumentado os assentamentos
impróprios e, por consequência, o número de catástrofes recorrentes de
desabamentos, entre outros.
Um
equipamento chamado placa de braqueterapia, que custa R$ 70 mil, pode
ser considerado a salvação para pacientes diagnosticados com câncer no
olho. O problema é que no Hospital São Paulo, único lugar do Brasil que
faz a cirurgia por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), a
ferramenta não é reposta há dois anos, obrigando os médicos a retirarem o
órgão de pacientes.
Importada da Alemanha, a placa funciona por um ano
e pode atender até 50 pacientes neste período, segundo o médico Rubens
Belfort Neto, chefe do setor de oncologia ocular da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo), responsável pelo Hospital São Paulo
e a Escola Paulista de Medicina. “A gente briga, mas a resposta é que o
hospital não tem dinheiro”, explica Belfort Neto.
Segundo
o médico, nestes dois anos os pacientes que recebem diagnóstico
positivo para tumores malignos no olho precisam necessariamente passar
pelo trauma estético e psicológico de ficar cego.
“Nós
resolvíamos o problema do Brasil inteiro porque éramos o único hospital
que fazia esse tipo de tratamento pelo SUS [Sistema Único de Saúde].
Agora nenhum Estado faz e estamos tendo de tirar o olho de todo mundo
porque o hospital não tem dinheiro”, diz Belfort Neto.
Pacientes com câncer no olho (foto) têm que tirar olho doente por falta de equipamento. Foto: Dilvulgação
O
oncologista explica que a placa tem o tamanho de um botão. Costurada ao
olho do paciente, ela imite um feixe de radiação especificamente no
tumor, evitando lesões no cérebro.
“Para evitar a
retirada do olho, o único tratamento é com essa placa. Ela é colocada
por meio de uma pequena cirurgia. O paciente fica com ela em média dois
dias e, quando é retirada, o tumor já está tratado”, afirma Belford. “A
placa dura um ano e serve para tratar, em média, um paciente por semana,
cerca de 50 por ano”.
“Quem não tem dinheiro, fica sem olho”
Na
rede particular, o tratamento com a placa de braqueterapia chega a R$
50 mil, segundo Belfort Neto. “Quem não tem dinheiro, fica sem olho”,
sentencia o médico.
Enquadrada nesta categoria, a dona de casa Maria da Conceição Aves, de 60 anos, foi obrigada a tirar o olho recentemente.
O diagnóstico foi dado em março e já no último dia
6 ela foi submetida à cirurgia chamada de enucleação no Centro de
Oncologia Ocular, do Hospital São Paulo. A cirurgia foi considerada um
sucesso e Maria já pôde voltar para a casa de familiares, onde se
recupera e aguarda a colocação de uma prótese, que deve acontecer já no
próximo mês. Voltar a enxergar, no entanto, já não é mais possível.
Moradora
de Montes Claros, em Minas Gerais, Maria da Conceição disse que começou
a sentir dificuldade para enxergar no ano passado. Em maio, foi fazer
exame oftalmológico na cidade onde mora e descobriu uma mancha no seu
olho. Foi então que começou a sua peregrinação. “As vistas começaram a
escurecer um pouco. Eu achei que precisava usar óculos. Comecei a ir
atrás de médico, mas não tinha na minha cidade”, lembra. Os médicos
pediram biópsia para confirmar o diagnóstico, mas o exame teria de ser
feito na capital Belo Horizonte. Em outubro, já não enxergava mais.
“Fazia
quase um ano que ela tinha descoberto essa mancha, mas não conseguia o
tratamento. Os médicos de lá pediram uma biopsia para confirmar o
câncer. Mas depois disseram o exame só poderia ser feito em Belo
Horizonte. Ela pediu ajuda para prefeitura e eles também não ajudaram.
Então a trouxemos para cá”, conta a auxiliar de limpeza Ivonete Pereira
das Neves, de 44 anos, sobrinha de Maria da Conceição. Desde então, ela
mora em Mauá, no Grande ABC, com a sobrinha e uma irmã.
O diagnóstico positivo para o câncer só veio em março deste ano, quando ela se consultou no hospital São Paulo.
“Nessa
hora, senti um troço por dentro. Só não cai no chão porque já estava
sentada. O médico falou que tinha tirar o olho. Eu me conformei depois
porque, se não tirasse, a doença iria se espalhar”, diz. “Estava nas mãos de Deus”
Também
submetido a cirurgia de enucleação (como é chamada a cirurgia para
retirada do olho), o aposentado Antonio Vieira da Silva, de 84 anos, diz
que foi fácil aceitar que terá de viver o resto da vida sem um olho.
Ele conta que começou a sentir dores no olho no ano passado, tomou
remédio e passou. Mas na madrugada do dia 25 de dezembro, quando
comemorava o Natal na casa de amigos, sentiu novamente a dor forte no
olho, que começou a inchar. Foi levado ao hospital e diagnosticado.
“O médico disse que eu tinha tumor no olho e que,
se não fizesse a cirurgia, poderia passar para o outro olho e para o
cérebro. Respondi que poderia fazer porque era a vontade de Deus. Não
tive medo”. A cirurgia foi realizada no dia 28 de março deste ano e no
mesmo dia, ele voltou para casa, em Diadema, no Grande ABC.
Silva se
define como “forte como um leão” e diz vai superar mais essa
adversidade – há 12 anos, retirou um tumor na próstata . Silva também
não vê a hora de voltar a trabalhar. “Sou forte, trabalho até hoje. Faço
pamonha, bolo de milho verde, cocada e cural com minha esposa para
ajudar nas contas”, diz. “Vejo bem da outra vista. Estou bem”,
afirma. Em duas semanas o aposentado deve receber a prótese ocular.
“Teria vergonha de sair na rua com prótese”
A
empresária e modelista Anali Müller Dallmann, de 59 anos, se considera
uma pessoa abençoada. Ao contrário de Antônio e Maria da Conceição, ela
não precisou tirar o olho ao descobri o tumor maligno.
O câncer
foi diagnosticado em 2002 e, na ocasião, o hospital ainda tinha a placa
de braqueterapia para o tratamento. Ela, que mora em Pomerode, em Santa
Catarina, disse que veio para São Paulo encaminhada pelo serviço de
saúde da capital do Estado, Florianópolis. “Eu sentia uma sombra, como
se tivesse uma sujeira no olho, que parecia uma rede de pesca”.
“Foi um choque quando descobri. Não é fácil receber a notícia de que tem um tumor maligno”, lembra.
Anali foi
operada em julho daquele ano e ficou com a placa por cinco dias,
período em que ficou internada no hospital São Paulo. A recuperação foi
em casa, para onde voltou de avião, custeado pelo SUS.
Dona de uma
pequena confecção, Anali diz que enxergar bem é essencial para que ela
exerça a profissão. “Se tivesse perdido o olho, acho que não teria mais
vontade de fazer as minhas coisas. Seria complicado trabalhar também,
principalmente no corte, que tem que ser detalhista. Talvez, eu nem
tivesse mais a confecção."
Além disso, seria impossível continuar
praticando os seus dois principais hobbies: tiro ao alvo e bocha,
atividade para qual tem dedicação diária. “A prótese seria motivo para
me isolar em casa. Todo mundo saberia que uso prótese e eu teria
vergonha de sair na rua e lidar com as pessoas”.
Doações de empresas
A
reposição da placa de Braquiterapia é um dos motivos pelo qual o médico
Rubens Belford inscreveu o projeto Centro de Oncologia Ocular, orçado
em R$ 2,1 milhões, no Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção
Oncológica). Criado em 2013 pelo Ministério da Saúde, o Pronon permite
que empresas destinem 1% dos impostos sobre os lucros para programas
autorizados nessa área. Os empresários escolhem o destino desse valor.
O problema é que o médico tem até 30 de abril para conseguir doações que somem ao menos 60% do valor do programa. Até o momento foram doados R$ 650 mil. A meta é chegar a R$ 1,26 milhões.
A
Unifesp confirmou, por meio da assessoria de imprensa, a necessidade da
compra da placa de braquiterapia. “Existe a necessidade de compra das
placas de rutênio importadas e cotadas em dólar e também de estrutura
cirúrgica e de internação”.
A universidade informou ainda que o
tratamento com a placa exige quarto individual com banheiro e proteção
nas paredes contra radiação. Além de equipes médica e de enfermagem
especializada 24 horas por dia.
“Provavelmente esses são os
motivos pelos quais renomados serviços, ligados ou não às universidades,
em todo o Brasil, não disponibilizam deste tratamento, apesar de
contarem com equipe capacitada para realiza-lo”, diz a universidade em
nota.
A assessoria também informou que o setor de Oncologia
Oftalmológica cuida de câncer e que apenas uma parte teria indicação
para o tratamento por meio da placa. Não informou, no entanto, o número
de pessoas que estariam aptas a fazê-lo.
Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, não recebeu perdão judicial e pegou 7 anos de 6 meses de reclusão
A
Justiça Federal condenou o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás
Paulo Roberto Costa, pelos crimes de organização criminosa e lavagem de
dinheiro oriundo de desvios de recursos públicos na construção da
Refinaria Abreu e Lima (RNEST), no município de Ipojuca, Pernambuco -
emblemático empreendimento da estatal petrolífera alvo da Operação Lava
Jato.
Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, não recebeu
perdão judicial e pegou 7 anos de 6 meses de reclusão. Deste total,
serão descontados os períodos em que ficou preso na PF e em regime
domiciliar, que cumpre desde outubro de 2014, com tornozeleira
eletrônica.
Além de Costa, foram condenados o doleiro Alberto Youssef, peça
central da Lava Jato, e outros seis investigados, entre eles o
empresário Márcio Bonilho, do Grupo Sanko Sider. Delator da Lava Jato,
Paulo Roberto Costa está em prisão domiciliar desde outubro de 2014. Em
seus depoimentos, ele escancarou o esquema de corrupção na Petrobrás e
revelou o envolvimento de deputados, senadores e governadores no
recebimento de dinheiro ilícito.
Segundo a denúncia, houve desvios de dinheiro público na construção
da Refinaria, por meio de pagamento de contratos superfaturados a
empresas que prestaram serviços direta ou indiretamente à Petrobrás,
entre 2009 e 2014. A obra, orçada inicialmente em 2,5 bilhões de reais,
teria alcançado atualmente o valor global superior a 20 bilhões de
reais.
Costa pediu perdão judicial pela colaboração que prestou, mas o juiz
Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, não concedeu o benefício.
"A pena privativa de liberdade de Paulo Roberto Costa fica limitada
ao período já servido em prisão cautelar, com recolhimento no cárcere da
Polícia Federal, de 20 de março de 2014 a 18 de maio de 2014 e de 11 de
junho de 2014 a 30 de setembro de 2014, devendo cumprir ainda um ano de
prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, a partir de 1.º de
outubro de 2014 e mais um ano contados de 1.º de outubro de 2015, desta
feita de prisão com recolhimento domiciliar nos finais de semana e
durante a noite", decretou o juiz.
"Embora o acordo fale em prisão em regime semiaberto a partir de 1.º
de outubro de 2015, reputo mais apropriado o recolhimento noturno e no
final de semana com tornozeleira eletrônica por questões de segurança
decorrentes da colaboração e da dificuldade que surgiria em proteger o
condenado durante o recolhimento em estabelecimento penal semiaberto",
impõe a sentença.
A partir de 1.º de outubro de 2016, Costa irá para o regime aberto
pelo restante da pena a cumprir, "em condições a serem oportunamente
fixadas e sensíveis às questões de segurança".