O Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,5
ponto percentual, a 7% ao ano, movimento amplamente esperado pelo
mercado e que leva a Selic ao seu menor nível histórico, deixando a
porta aberta para nova redução adiante, mas ressalvando que encarará a
investida com "cautela".
Isso porque o BC deixou claro que os passos seguintes estão mais
sensíveis a eventuais mudanças no cenário de riscos o que, para
analistas, foi uma sinalização sobre como será o desfecho da reforma da
Previdência.
Traficante era o mais procurado do Rio desde
início do conflito na Rocinha, em setembro, mas especialistas em
segurança pública afirmam que prisão não é vitória na dinâmica do crime
organizado fluminense.
A prisão de Rogério 157, que chefiava o tráfico na Rocinha e passou a
ser o homem mais procurado do Rio desde a guerra que irrompeu na favela
em setembro, foi comemorada pela cúpula de segurança do Rio como uma
grande vitória - mas está longe de ser "uma virada de página" na
segurança pública, alerta a socióloga Julita Lemgruber.
"É importante dizer que a polícia prendeu um varejista. Esses jovens à
frente do tráfico no Rio na verdade são varejistas", diz ela, uma das
coordenadoras do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Cândido
Mendes (Cesec).
"Os grandes traficantes, as conexões internacionais, quem na verdade
fornece drogas e armas para esses varejistas nas favelas, esses a
polícia não prende. A polícia rotineiramente prende o cara que está na
ponta, mas as lideranças nós não vemos serem presas", alerta Lemgruber,
que acompanha a evolução da criminalidade no Rio desde os anos 1970 e
considera que, "infelizmente, nada melhorou".
"O que incomoda é ver uma grande comemoração com a prisão desse
varejista como se significasse uma grande vitória em relação à dinâmica
da criminalidade no Rio de Janeiro. Vamos admitir que não é isso. A fila
anda", diz ela, considerando que um substituto para Rogério não tardará
a assumir o posto.
Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, foi preso na
manhã de quarta-feira na favela do Arará, na zona norte do Rio, durante
uma operação que mobilizou quase 3 mil homens das Forças Armadas e das
polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro e que envolveu também as
comunidades de Mandela e da Mangueira.
Quase vizinho de Cabral
Policiais relataram que ele foi encontrado debaixo de lençóis, de
cuecas, fingindo que estava dormindo. A casa ficava a algumas centenas
de metros do presídio de Benfica, onde o ex-governador do Rio, Sérgio
Cabral, está preso, junto a outros réus da Operação Lava Jato.
Rogério 157 foi um dos pivôs da violenta disputa que começou na Rocinha
em setembro, quando buscou se desvencilhar do ex-aliado Antônio Bonfim
Lopes, o Nem, que mesmo preso em um presídio de segurança máxima em
Rondônia continuava comandando o tráfico da Rocinha à distância. Após a
ruptura entre os dois, Rogério 157 deixou a facção Amigos dos Amigos
(ADA) de Nem e se aliou à rival Comando Vermelho.
O secretário de Segurança Pública do Rio Roberto Sá considerou a prisão
"emblemática", lembrando que, já em 2010, ele disparou tiros de fuzil
em plena Avenida Niemeyer (que liga os bairros de São Conrado, o morro
do Vidigal e o Leblon) e fez dezenas de reféns no Hotel
Intercontinental, aos pés da Rocinha. Na ocasião, um grupo de
traficantes invadiu o hotel depois de ser surpreendido pela polícia em
São Conrado, na volta de um baile funk.
"Em razão de sua liderança inegável sobre outros criminosos e de ele
ter passado a fazer parte dessa facção (o CV), eu vou pedir sua
transferência. Queremos essas pessoas presas por muito tempo", afirmou
Sá, que quer transferir Rogério para um presídio federal de segurança
máxima - como a unidade em que seu desafeto Nem está preso.
De braço-direito a desafeto
A prisão após a invasão do Hotel Intercontinental, em 2011,
representeou a primeira passagem policial de Rogério Avelino. Na época,
ele atuava como segurança de Nem. Mas com a prisão do "dono do morro" em
2011, Rogério ganhou importância e passou a representar o antigo patrão
- até que resolveu alçar voos mais altos.
"Ele continuou sendo uma espécie de preposto do Nem. A partir do
momento em que ele tentou crescer e afirmar sua autonomia em relação à
liderança do Nem, começou a crise na Rocinha", diz o sociólogo João
Trajano Sento-Sé, referindo-se aos dias de intensos tiroteios que
levaram a Rocinha a ser cercada pelo Exército durante quase uma semana
no fim de setembro.
Desde então, os confrontos na comunidade têm sido frequentes, fazendo
vítimas como a turista espanhola María Esperanza Jiménez Ruiz, de 67
anos, que foi morta por tiros disparados por policiais militares em
outubro, e uma menina de 12 anos ferida por uma bala perdida quando
deixava uma igreja evangélica.
"Mas mesmo entre as lideranças do varejo do tráfico, o Rogério não
conseguiu ser um protagonista. Não chegou a esse patamar. Justamente
quando tentou afirmar sua autonomia, começou a assinar sua sentença de
prisão", diz Sento-Sé, pesquisador do Laboratório de Análise da
Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Apreensão na Rocinha
Em outubro, foi presa Danúbia Rangel, mulher de Nem e, de acordo com as
investigações, uma das principais rivais de Rogério na disputa pelo
controle do tráfico na Rocinha. Agora, com a prisão de Rogério e sua
saída de cena em definitivo, o comando está vago, o que causa apreensão
entre moradores da favela. Nesta quarta-feira, boatos sobre possíveis
cenários de sucessão no tráfico e de confrontos iminentes circulavam
pela favela.
Moradores consultados pela BBC Brasil dizem estar trancados em casa e
relatam toque de recolher na comunidade, com mototaxistas deixando de
circular e lojas fechando mais cedo.
Para Sento-Sé, a notícia da prisão de Rogério trará um breve alento à
imagem combalida das forças de segurança no Rio. "Todos os episódios de
confronto armado na Rocinha causam transtornos óbvios na cidade toda por
causa de sua localização geográfica, então essa prisão tem apelo à
opinião pública. Mas esse efeito terá curta duração, porque a prisão não
impacta o cenário que estamos vivendo", considera ele.
O Rio está passando por um rearranjo e um acirramento de disputa pelo
controle de pontos de venda de drogas, afirma, um problema "muito maior"
que não se resolve com a captura de uma figura "quase secundária".
Infelizmente, acho que não temos muito o que comemorar", considera.
Caso Trump reconheça Jerusalém como capital, os EUA serão único país a ter embaixada na cidade sagrada
O presidente norte-americano Donald Trump deve anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel nesta quarta-feira (6), segundo informações de altos funcionários do governo republicano. Com isso, ele determinará a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv.
Caso Donald Trump anuncie a mudança, algo previsto para a tarde de hoje, os Estados Unidos serão o único país do mundo a reconhecer Jerusalém como capital israelense, além de ser a única embaixada internacional na cidade. A ação é encarada como uma ‘provocação’ contra os palestinos, já que a cidade é considerada sagrada por cristãos, muçulmanos e judeus.
Porém, mesmo com a determinação do presidente para que o Departamento de Estado inicie o processo de transferência, é sabido que poderá “levar anos”. "Há cerca de mil pessoas trabalhando na embaixada em Tel Aviv, e não temos instalações que possam acomodá-las em Jerusalém. Levará tempo para encontrar um lugar, se certificar de que é seguro, projetar uma nova embaixada e construí-la", completou.
De acordo com a mesma fonte interna, o republicano deve fazer um discurso às 13h locais (16h em Brasília), anunciando que “as fronteiras específicas da soberania israelense estarão sujeitas a negociações de status final” com os palestinos. Ele também deve apoiar o “status quo no Monte do Templo”, que está na parte palestina da cidade.
A mudança e suas consequências
De acordo com as fontes internas, a Casa Branca considera a decisão sobre Israel como um “reconhecimento de uma realidade histórica”, uma vez que Jerusalém oi a capital do Estado judeu desde a antiguidade, além de ser a sede go governo israelense desde a fundação moderna, em 1948. Para a base aliada, este é o momento certo para realizar a mudança, “especialmente no que diz respeito à esperança de conseguir um acordo de paz”.
Para o governo norte-americano, a localização física da embaixada não seria um empecilho às conquistas de paz. Segundo a fonte anônima, o que Trump anunciará é “uma mudança para uma política de ambiguidade (sobre onde a embaixada dos EUA deveria ser), que não funcionou nos últimos 22 anos”.
Isso porque o Congresso do país aprovou, em 1995, uma lei para iniciar a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Até hoje, nenhum presidente implementou a mudança. Desse modo, por causa do longo tempo para a mudança, Trump deve assinar, também nesta quarta, uma ordem que lhe permita adiar por mais seis meses a aplicação dessa lei de 1995.
Contudo, os palestinos já sinalizaram que a medida pode gerar “graves repercussões”, estancando as negociações de paz na região. De acordo com especialistas entrevistadas pela rede de TV americana “CNN”, a ação tem bastante potencial para consequências negativas no Oriente Médio, podendo causar mais violência contra americanos e dificuldades aos interesses do país na região.
Além disso, alguns líderes internacionais já reagiram de forma negativa. Na Arábia Saudita, foi anunciado que a decisão "unilateral" é uma "provocação a todos os países muçulmanos". O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, chegou a ameaçar romper suas relações com Israel, caso os Estados Unidos mudem sua embaixada. Entre outras manifestações contrárias, esperam-se reações bastante complicadas em todo o Oriente Médio.
Vários protestos já são realizados na região, com a queima de bandeiras americanas e israelenses.
Histórico
Quando da anexação israelense na parte oriental de Jerusalém, em 1980, a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou a retirada de todas as legações internacionais da Cidade Santa.
Assim, embora Israel considere Jerusalém como a capital, a soberania do país sobre a parte oriental da cidade (Jerusalém Oriental) não é reconhecida por grande parte da comunidade internacional, e os palestinos querem estabelecer a sede do futuro estado. http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2017-12-06/trump-jerusalem-embaixada.html