Coronel Alexandre Fontenelle é ex-comandante do 14ºBPM e atual chefe do COE
Dezenove policiais militares foram presos, entre eles o atual chefe do
COE (Comando de Operações Especiais), que inclui o Bope (Batalhão de
Operações Especiais), BAC (Batalhão de Ações com Cães) e GAM (Grupamento
Aeromóvel), o coronel Alexandre Fontenelle, em uma megaoperação,
iniciada na manhã desta segunda-feira (15), para desmantelar uma
quadrilha de pelo menos 24 PMs que integravam o batalhão de Bangu (14°
BPM), na zona oeste.
De acordo com a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado) à Justiça, os policiais são suspeitos de exigir
pagamento de propina de comerciantes, mototaxistas, motoristas e
cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas na área
do batalhão.
Além do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado), participavam da ação o Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro, a Secretaria de Segurança Pública e a Corregedoria-Geral da
Polícia Militar. O coronel Alexandre Fontenelle foi preso em casa, no
Leme, na zona sul da capital.
A denúncia foi encaminhada pelo Gaeco à 1ª Vara Criminal de Bangu, que
expediu 43 mandados de busca e apreensão e 25 mandados de prisão
preventiva, 24 contra PMs. Além do ex-comandante do 14º BPM, outros
cinco oficiais estão entre os denunciados: o ex-subcomandante do
batalhão, o major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, que também está
lotado no COE, os majores Nilton João dos Prazeres Neto (chefe da 3ª
Seção) e Edson Alexandre Pinto de Góes (coordenador de Operações), além
dos capitães Rodrigo Leitão da Silva (chefe da 1ª Seção) e Walter
Colchone Netto (chefe do Serviço Reservado). Também são acusados de
integrar a quadrilha 18 praças e um civil.
Entre 2012 e o segundo semestre de 2013, os acusados e mais 80 pessoas,
entre elas policiais do 14° BPM, da delegacia de Bangu (34ª DP), da
DRCPIM (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra a
Propriedade Imaterial)), além de PMs reformados, praticavam diversos
crimes de concussão (extorsão cometida por servidor público) na área de
atuação do batalhão de Bangu.
Os valores das propinas exigidas pela quadrilha variavam entre R$ 30 e
R$ 2.600 e eram cobradas diária, semanal ou mensalmente, como garantia
de não reprimir qualquer ação criminosa, seja a atuação de mototaxistas,
motoristas de vans e kombis não autorizados, transporte de cargas em
situação irregular ou a venda de produtos piratas no comércio popular no
bairro.
De acordo com a denúncia, que, segundo o MPRJ, foi baseada em
depoimentos de testemunhas, documentos e diálogos telefônicos
interceptados com autorização judicial que compõem mais de 20 volumes de
inquérito, "o 14° BPM foi transformado em um verdadeiro 'balcão de
negócios', numa verdadeira 'sociedade empresária S/A', em que os
'lucros' eram provenientes de arrecadação de propinas por parte de
diversas equipes policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo,
sendo que a principal parte dos 'lucros' (propinas) era repassada para a
denominada 'Administração', ou seja, para os oficiais militares
integrantes 'Estado Maior', que detinham o controle do 14º BPM, o
controle das estratégias, o controle das equipes subalternas e o poder
hierárquico".
Os acusados responderão na 1ª Vara Criminal de Bangu pelo crime de
associação criminosa armada, que não consta do Código Penal Militar. A
pena é de dois a seis anos de reclusão. Os integrantes da quadrilha
também serão responsabilizados pelo Ministério Público pelos diversos
crimes de concussão, que serão apurados pela Auditoria de Justiça
Militar estadual.
http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/megaoperacao-prende-comandante-da-elite-da-pm-suspeito-de-integrar-quadrilha-que-cobrava-propina-15092014
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