segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Quando se fala em segurança pública, só se fala em polícia. E as ações sociais?

Mônica Francisco
A corrida eleitoral avança, restam ainda pouco mais de vinte dias até a ida às urnas. Ao se  falar de segurança pública só se fala de mais polícia, mais militarização do cotidiano, principalmente no controle cada vez maior de áreas pobres, como se essa fosse a grande panaceia.

A questão, ou uma das principais questões, é que a implementação ou a efetivação das ações que visam   melhorar as áreas de maior vulnerabilidade social, infraestrutura, cultural e econômicas da cidade e do estado, não aparecem com a mesma veemência nos discursos dos que já ocupam as cadeiras e detém as canetas e vai se replicando na maior parte dos discursos dos que desejam ocupar estes mesmos postos.
                                                                                                               Mônica Francisco
O que nos parece é que a única saída é cada vez mais policiamento e até no projeto UPP, essa equação não está mais fechando. Falar de segurança pública é falar de um conjunto de ações, onde a questão social e econômica estão também relacionadas.

O professor e pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ), Luiz Eduardo Soares, afirma que segurança é uma questão de Estado e deve estar acima das diferenças polícias, em seu livro "Segurança tem saída", ele diz ainda que precismos de um pacto por uma reforma institucional profunda. Ou haverá segurança para todos, ou ninguém estará seguro.

O livro é 2006 antes da instalação da primeira unidade no Morro Santa Marta, como uma espécie de laboratório, do que seria uma versão turbinada de antigas experiências implementadas em anos anteriores como por exemplo o antigo Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais(GPAE).

Não é nenhum problema turbinar antigas experiências ou projetos, ver o que deu e o que não deu certo, tentar acertar mais e buscar resultados que possibilitem ao conjunto da sociedade uma melhor qualidade de vida. Não se pode alijar ninguém, nenhum cidadão ou cidadã do direito de ter segurança pública, e isso se dá aliando a políticas sociais e diálogo com a sociedade, nunca será uma via de mão única.

Mas estamos percebendo que todas as sinalizações feitas no sentido de uma construção mais coletiva, mais aberta ao diálogo, lembrando diálogo é entabulado em via de mão dupla (se fala e se ouve), se não há essa dinâmica, já era, adeus a possibilidade de dar certo.

Não podemos ficar contando mortes de lado nenhum, só há um lado, a vida.
Estamos vivendo um ambiente ruim, incômodo, soturno, não muito bem definido, ou pode ser exatamente o contrário e nós simples mortais é que não estamos entendendo.

Restam-nos três meses de relacionamento com 2014. Muita coisa ainda pode mudar e vai. Espero que as urnas sejam um resultado de mudança, embora os prognósticos não nos digam nada que reforce esse pensamento, eu como boa cristã, tenho fé. Se não, continuamos cobrando cada vez mais uma mudança neste sistema político e eleitoral vigente, em nossas instituições, principalmente o judiciário, que acaba de nos brindar com um auxílio de mais de sete mil reais para seus filhos estudarem, enfim, somo aviltados cotidianamente, é hora de dar um basta.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@MncaSFrancisco)

 http://www.jb.com.br/comunidade-em-pauta/noticias/2014/09/14/quando-se-fala-em-seguranca-publica-so-se-fala-em-policia-e-as-acoes-sociais/

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