Pelo segundo dia seguido, há troca de tiros na comunidade
Após
os moradores da Rocinha terem vivido um sábado tenso, com um intenso
tiroteio entre bandidos e policiais, neste domingo (1) a história se
repetiu, mostrando que a comunidade está longe de ter encontrado a
pacificação, apesar de ter uma UPP instalada desde 2012.
Neste
domingo, pelas redes sociais moradores da Rocinha relatavam ouvir
barulho de tiros. Na tarde de sábado (31), um intenso tiroteio já havia
assustado moradores da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Segundo informações,
policiais militares faziam patrulhamento na comunidade quando se
depararam com um grupo armado, na localidade conhecida como Beco 99,
dando início a uma troca de tiros.
Um suspeito morreu e dois
moradores ficaram feridos no confronto. Jeffersson de Oliveira, de 20
anos e Iolanda Soares Ferreira da Silva, de 42, foram atingidos e
encaminhados para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na Zona
Sul. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, os
feridos estão estáveis.
O suspeito Josiel Rafael Silva
Nascimento, conhecido como Mica, de 43 anos, teria chegado morto à
unidade médica, com um tiro nas costas. Ele seria irmão do traficante
Joca, que está preso.
A Coordenadoria de Polícia Pacificadora
informou que uma submetralhadora calibre 9mm foi encontrada com o
suspeito. Uma mulher foi detida ao tentar retirar a arma apreendida das
mãos dos militares. O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon).
A
troca de tiros foi intensa, e seguida de disparos em outros pontos da
comunidade. Estudantes da PUC, na Gávea, também relataram o tiroteio nas
redes sociais.
Rotina de tiroteios
A comunidade vem
convivendo com frequentes tiroteios nos últimos meses. No dia 1º deste
mês, uma pessoa morreu e outra ficou ferida gravemente. Em abril, um PM
foi baleado na perna enquanto percorria a comunidade. Em março, um carro
da PM foi atacado. Também no início do ano, um confronto entre
policiais e traficantes deixou quatro policiais feridos, entre eles o
comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas, e a comandante da UPP da
Rocinha, Major Priscilla Azevedo. Na ocasião, o tráfego no túnel Zuzu
Angel chegou a ser fechado. Um suspeito morreu e outro ficou ferido.
A
Rocinha ganhou repercussão internacional com o caso Amarildo, um
ajudante de pedreiro que desapareceu em julho de 2013 após ter sido
abordado por policiais da UPP local. Após investigações, foram
identificados quatro policiais militares que participaram de uma sessão
de tortura a que Amarildo teria sido submetido ao lado do contêiner da
UPP da Rocinha. Após seis meses de buscas pelo corpo do pedreiro, a
Justiça decretou a morte presumida de Amarildo.
O colunista do Jornal do Brasil, Davison Coutinho, que mora na comunidade, relata o drama de quem convive com tiros e violência:
Tiroteio intenso na Rocinha, #VaiTerCopaSim copa sim!
O
mundo está focado no Brasil e na copa do mundo que irá receber milhares
de turistas para farrear no nosso país. Enquanto isso, os moradores da
Rocinha estão correndo para se proteger das rajadas de tiro na favela.
Ao
levar minha filha pra um passeio de sábado sou surpreendido com muito
tiro nas ruas, e no desespero de pai, procuro um lugar para protegê-la.
Em meio ao desespero vejo crianças, idosos e pais de famílias correndo
com seus filhos.
Eis um país injusto e desigual. Onde se
prepara tudo de bom e melhor para os turistas e para os mega eventos. E
para nós, moradores de favela? Tiro, descaso e desrespeito.
Tá certo! #VaiTerCopaSim
Por Davison Coutinho
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