Reportagem
de Gabriela Moreira publicada na última quinta-feira (29), pela ESPN,
traz à tona um minucioso levantamento sobre as empresas escolhidas para a
prestação de serviços como segurança, limpeza, orientação de público e
colocação de grades, e mostra que elas são de pessoas ligadas a
políticos do Rio ou da Federação de Futebol do Rio, a Ferj.
De
acordo com a reportagem, empresas cobram preços mais altos que o
mercado, o que justificaria, em parte, o prejuízo de R$ 46 milhões do
Consórcio Maracanã, acumulado desde o início das operações da
concessionária no estádio. O texto destaca que, além dos novos donos do
Maracanã, clubes como o Flamengo veem seus gastos aumentarem e suas
receitas diminuírem. Somente ao rubro-negro, segundo cálculos do clube,
este modelo custou R$ 8 milhões a mais do que o que teria sido gasto em
outros estádios, já no "Padrão Fifa", como o Mané Garrincha, por
exemplo.
A
reportagem da ESPN revela que entre os fornecedores está a Sunset
Vigilância e Segurança LTDA. A empresa, de acordo com o texto, é
dirigida por Anderson Fellipe Gonçalves, o coronel Fellipe, ex-chefe da
segurança pessoal do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. O oficial, que
foi braço direito de Cabral durante os últimos quatro anos, também
dirige a empresa que faz a limpeza do Maracanã, a Sunplus Sistemas de
Serviço LTDA. A ESPN destaca que o Maracanã foi concedido à iniciativa
privada pelo ex-governador, em um processo polêmico que enfrentou
dezenas de manifestações populares, além de questionamentos da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Estado.
O
texto prossegue revelando que o coronel fundou a empresa em 2006, como
mostram documentos obtidos pela reportagem. Na época, o capital social
era de R$ 120 mil. Em 2013, o oficial já não constava entre os sócios,
época em que o capital já somava R$ 1,2 milhão. Em uma das movimentações
na Junta Comercial, em 2013, os novos sócios pediam pressa para o
registro dos documentos, pois "a empresa participaria de uma série de
licitações".
De acordo com a reportagem, o oficial nega que tenha
participação na empresa. Mas, mês passado, a ESPN recebeu um cartão de
visitas do policial em que ele se apresenta como diretor da companhia.
Na quarta-feira 29 de maio, a reportagem ligou para a sede do grupo, na
Tijuca, e a atendente disse que o coronel ficava na sede do Leblon e que
mais informações poderiam ser dadas pela diretoria. Além disso, o jovem
oficial pode ser visto em todo dia de jogo, à beira do gramado do
Maracanã.
Com a saída do ex-governador do Rio Sérgio Cabral para
que Luiz Fernando Pezão, candidato à sucessão do governo, assumisse, o
coronel Fellipe também deixou o governo. Foi cedido para a Assembleia
Legislativa do Rio, segundo a ESPN.
O texto prossegue afirmando
que a Sunset teve seu primeiro contato com segurança de estádios na Copa
das Confederações, da Fifa, ano passado. O grupo também fará a
segurança da Copa do Mundo para a entidade. O ex-governador Sérgio
Cabral também foi procurado pela reportagem da ESPN. Por meio de sua
assessoria, ele informou que a escolha da empresa de segurança é
responsabilidade do contratante.
Outra marca visível do Maracanã
privado é o serviço de orientação de público. A reportagem destaca que a
empresa contratada é a Entreter Festas e Eventos LTDA. Um dos sócios
seria Paulo César Cupello, irmão de Carlos César Cupello, o Tio Carlos,
vereador do Rio. A empresa foi fundada por ele em 2003. Atualmente, o
parlamentar não faz mais parte do quadro de sócios. Ele afirmou à
reportagem da ESPN que não tem qualquer participação na empresa de sua
família e que sua história com o entretenimento vem muito antes de sua
atuação como vereador.
De acordo com balanço financeiro publicado
em março, desde o início das operações do consórcio, após a Copa das
Confederações, o estádio pagou R$ 17 milhões aos serviços de
orientadores e "stewards". O valor é R$ 4 milhões a mais que as duas
maiores receitas somadas, aluguel e bilheteria, que renderam R$ 13
milhões, esclarece a ESPN.
Os valores exatos dos contratos não
foram divulgados, embora o Maracanã seja uma concessão pública e deveria
ser regido pelas normas de transparência.
Jornal do Brasil
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