Mais um escândalo envolvendo empreiteiras - desta vez a Andrade Gutierrez - causa indignação
Em
meio às investigações da Operação Ararath, que apura crimes contra a
ordem financeira e lavagem de dinheiro em Mato Grosso, a Polícia Federal
afirmou que, de 2009 a 2012, o governo do estado pagou R$ 260,6 milhões
à empreiteira Andrade Gutierrez, valor referente às dívidas por obras
feitas nos anos 80.
Segundo a Justiça, houve desrespeito à fila de
credores em 2009, o que foi negado pela gestão do então governador
Blairo Maggi, atual senador pelo PP. Todos os papéis da transação foram
apreendidos com o ex-secretário estadual da Fazenda Éder Moraes (PMDB),
que comandou a pasta tanto na gestão de Maggi como no atual governo, de
Silval Barbosa (PMDB).
Assim que recebeu a garantia do pagamento, a
Andrade Gutierrez vendeu os créditos dos precatórios a uma empresa alvo
da operação, de acordo com a Folha de S. Paulo. Pelo que estava
no contrato, a empreiteira cede parte dos créditos com deságio para a
Piran Participações, de Valdir Piran, investigado pela PF, por apenas
54% do valor total.
O
caso da Andrade Gutierrez é mais um entre diversos escândalos e
suspeitas de irregularidades envolvendo empreiteiras e poder público. O
que se pergunta quando vemos mais um episódio deste tipo é: quem é
o responsável pela passeatas, a Copa ou a corrupção? E qual será o
discurso que o brasileiro quer ouvir dos candidatos: "Não deixarei
roubar", que é um pleonasmo e uma obrigação de uma autoridade, ou "Vou
mandar prender e vou nominar todos os que estão destruindo a imagem
do Brasil"?
Vivemos um momento de protestos de índios, de
passeatas com black blocs, de declarações polêmicas de "ronaldos", de
escândalos com empreiteiras, de sonegação dos clubes, que não pagam e
nunca pagarão a parte do trabalhador (quando isso acontece com qualquer
empresa, cabe a prisão, porque é apropriação indébita do patrão do que
seria destinado aos empregados)... Com todos este turbilhão que causa
indignação, como se não bastasse todos os outros casos que já vieram à
tona, o discurso que todo o brasileiro gostaria de ouvir dos candidatos
é: "Vamos prender os que roubaram."
Não importa se o Brasil vai
crescer ou não, não importa se teremos mais ou menos delinquentes -
todos eles produto da falta de emprego, da falta de tudo. A corrupção
impede que qualquer autoridade se credencie moralmente ou politicamente
para representar este povo sofrido. O país não aguenta mais ver os
mesmos homens protagonizando escândalos, homens que são produto da
corrupção e que se tornaram miliardários sem nunca terem trabalhado.
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