O
Ministério da Saúde abriu nesta terça-feira uma investigação contra o
médico argentino Juan Carlos Cazajus por suposto erro médico na
prescrição de medicamentos a um paciente em Tramandaí, no litoral norte
do Rio Grande do Sul. A prescrição, datada de 8 de outubro, indicava o
uso intensivo do antibiótico Azitromicina 500mg, numa dose muito
superior à recomendada pela literatura médica. O profissional começou a
atuar na cidade há 15 dias no programa Mais Médicos do governo
federal.
Segundo a receita, o paciente deveria
tomar 24 comprimidos do antibiótico de oito em oito horas. A dose
recomendada, segundo o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do
Sul (Cremers), não deveria passar de uma cápsula diária durante três
dias – em casos considerados mais graves, o período de medicação
poderia ser estendido a uma pílula diária por oito dias.
Um médico supervisor do Ministério da
Saúde, que foi à cidade apurar a informação, confirmou que Cazajus foi o
autor da prescrição. Ele disse que o médico recomendou a superdosagem
devido à gravidade do quadro clínico do paciente, que apresentou
infecção respiratória acentuada por falta de ar.
Ainda segundo o supervisor, o paciente é
fumante e apresenta um histórico de resistência ao tratamento. O
diretor da secretaria municipal da Saúde, César Santos, confirmou a
informação e disse que o procedimento do profissional se baseou em
“evidência clínica”.
- O paciente não apresentou nenhum sintoma em função da dose prescrita e seu quadro de saúde é estável – informou Santos.
Em nota, o Ministério da Saúde informou
que está em Tramandaí para “acompanhar e avaliar” a atuação do
profissional, após a comunicação de prescrição de uma dose
“possivelmente inadequada” de um antibiótico. Não houve nenhuma
denúncia formal contra o médico e a investigação foi motivada por
informações da imprensa.
O órgão também informou que os médicos
com registro no Brasil, inclusive os profissionais com licença
provisória devido à participação no Mais Médicos, “estão sujeitos à
fiscalização estabelecida pelo Conselho Regional de Medicina em que
estiver inscrito, conforme legislação aplicável”.
De acordo com o Código de Ética Médica,
quem cometer falta grave cujo exercício profissional constitua risco
de danos irreparáveis ao paciente ou à sociedade poderão ter o
exercício profissional suspenso mediante procedimento administrativo
específico.
A coordenação do Mais Médicos informou
que Cazajus tem mais de 25 anos de experiência em medicina clínica e
que a dosagem acima do normal não causou danos ao paciente. O caso
começou a ganhar repercussão na segunda-feira, depois que uma cópia da
receita foi postada no Twitter.
O Cremers também anunciou a abertura de
uma sindicância ex-oficio (quando não há uma denúncia formal) para
apurar a possibilidade de erro médico. Segundo o presidente do órgão,
Fernando Matos, o excesso na dosagem de Azitromicina pode causar
alterações no fígado e nos rins.
- O tipo de prescrição enseja a
conclusão por superdosagem. Mas vamos realizar uma investigação calma e
serena e aplicar o tratamento administrativo que daríamos a qualquer
médico brasileiro que cometesse o mesmo erro – afirmou.
http://portaldocoracao.uol.com.br/saude-e-bem-estar/argentino-do-mais-medicos-prescreve-dose-cavalar-de-antibiotico
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