"Os funcionários deste condomínio desejam felicidades, prosperidade e
muita paz para você." Não há escapatória: chega o fim de ano e
proliferam nas portarias dos prédios a tradicional caixinha de Natal.
Mas de acordo com a AABIC (Associação das Administradoras de Bens
Imóveis e Condomínios de São Paulo), a caixinha considerada
constrangedora está cada vez mais perdendo espaço.
"Uma das caixinhas mais constrangedoras é aquela que vem com uma lista,
em que o morador declara o quanto pagou", diz o diretor da AABIC, Omar
Anaute.
Segundo ele, a opção pela lista é uma tentativa de arrecadação
transparente, sem o risco que parte do dinheiro se perca. E assim os
funcionários também ficam sabendo o quanto foi arrecadado.
O porteiro Sebastião Miguel Costa, 41, já ganhou R$ 700 com a caixinha de Natal do edifício Sant Laurence, onde trabalha, em SP |
Um condomínio onde persiste o sistema de listas é o da publicitária
Fabiana Pupo, 35, no Itaim Bibi. "Parece até uma competição de quem dá
mais dinheiro", conta.
Fabiana é frequentadora do Clube Paulistano, um dos mais seletos da
cidade, e conta que lá também existe o sistema de caixinha com lista.
"Fica uma prancheta no vestiário, dá pra ver quanto cada associado deu.
Sempre tem alguém que foge do padrão e acaba dando algo volumoso, como
R$ 500."
Mas há lugares que já optaram por abolir a lista da caixinha. Um exemplo
é o prédio em que Sérgio Borejo, 69, é subsíndico na Lapa.
"Era constrangedor. Ainda corríamos o risco de criar dois tipos de
moradores: os que colaboravam com bastante dinheiro e aqueles que
colaboravam com menos."
Mesmo sem a lista, o dinheiro extra no fim de ano está garantido para os funcionários do prédio de Borejo.
"Mantivemos a caixinha, só excluímos a lista com o nome dos moradores do
condomínio", explica o porteiro Sebastião Miguel Costa, 41, que diz ter
faturado R$ 700 no ano passado.
"Neste ano, os moradores precisam começar a colaborar. Até porque a gente merece, não é não?"
FORMULÁRIO
Um condomínio na Vila Leopoldina criou um novo sistema de arrecadação.
No final do ano, cada morador recebe um formulário que será preenchido
com o valor a ser doado aos funcionários.
"Essas declarações são computadas e a administração gera um novo boleto a
ser pago em janeiro", diz o gerente predial, Silvio Silveira.
Além de sigiloso, o sistema pretende ser mais seguro, já que os
funcionários não precisam guardar na portaria o dinheiro arrecadado.
A AABIC sugere que os condomínios estipulem um valor fixo de
gratificação. Esse montante seria retirado de um fundo ou de parte do
pagamento do condomínio feito ao longo do ano.
"Não é uma atitude que impactaria o orçamento do prédio. Afinal, estamos
falando de um presente de Natal, não precisa ser um 14º salário",
conclui Anaute.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/12/1388921-condominios-em-sp-vetam-caixinhas-de-natal-constrangedoras.shtml
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