Ariel Castro comparece à corte de Cleveland em 9 de maio de 2013 (AFP, Emmanuel Dunand
CLEVELAND, Estados Unidos — Ariel Castro, processado pelo sequestro e estupro de três mulheres em sua casa em Cleveland, Ohio, ao longo de uma década, é pai da menina nascida em cativeiro, confirmaram autoridades estaduais, após a realização do teste de DNA para comprovar a paternidade.
"Castro é o pai da menina de seis anos nascida em
cativeiro (e filha) de uma das vítimas (Amanda Berry)", declarou o
procurador geral de Ohio (norte dos EUA), Mike DeWine, em um comunicado.
A
pequena Jocelyn, de 6 anos, sua mãe Amanda, Gina DeJesus e Michelle
Knight foram resgatadas pela polícia na segunda-feira à noite da casa de
Castro, graças à ajuda de um vizinho.
"O departamento de assuntos
criminais (...) recebeu uma amostra do DNA de Castro na noite de
quinta, e os peritos trabalharam toda a noite para confirmar quem era o
pai", acrescentou DeWine.
Castro, de 52 anos, um ex-motorista de
ônibus desempregado de origem porto-riquenha, foi indiciado na
quarta-feira por estupro e quatro sequestros. Ele permanece detido
depois que um tribunal estabeleceu fiança de US$ 8 milhões.
Na
quinta, o promotor Timothy McGinty anunciou que poderá pedir a pena de
morte para Castro pelos seguidos abortos forçados aos quais as três
jovens foram submetidas.
Nesta sexta-feira, Michelle finalmente
recebeu alta e deixou o hospital, confirmou uma porta-voz do Hospital de
Cleveland. Ela está "bem disposta e quer que a comunidade saiba que
está muito agradecida pela profusão de flores e presentes" recebidos,
mas "pede a todo mundo que, por favor, continue respeitando sua
privacidade", indicou o hospital em um comunicado divulgado em suas
contas no Facebook e no Twitter.
Um filme de terror
Enquanto
as três jovens tentavam voltar à normalidade, a filha mais velha de
Ariel Castro disse hoje que vive em "um filme de terror".
"É como
um filme de terror. Como ver um filme ruim, no qual somos os
protagonistas, sem suspeitar de nada do que acontece", desabafou Angie
Gregg, em declarações à rede CNN.
"Todas essas coisas estranhas
que chamaram minha atenção nos últimos anos, como manter a casa
cuidadosamente fechada, mesmo em alguns lugares dentro de casa; (o fato
de que) quando jantávamos na casa da minha avó ele saía por uma hora e
voltava sem dar explicações... Tudo isso agora faz sentido", conta a
jovem, acrescentando que seu pai "nunca queria ficar fora de casa por
mais de um dia".
Angie contou que, há dois meses, seu pai mostrou a
ela a foto de uma criança pequena em seu celular: "Olha que linda, é a
filha de uma das minhas amigas", disse ele. "Eu disse a ele: 'Pai, essa
criança se parece com Emily, minha irmãzinha', e ele me respondeu: 'Não,
não é minha filha, é a filha de uma das minhas amigas com outra
pessoa'".
"Não quero vê-lo nunca mais", afirmou. "Nós não temos sangue de monstro em nossas veias", acrescentou.
Psicólogos
consultados pela AFP explicaram que as vítimas de violência prolongada
normalmente entram no "piloto automático" para sobreviver.
"Nesse
tipo de situação extrema, prolongada, com frequência essas pessoas podem
sobreviver se desconectando de seu entorno imediato, fechando-se
psicologicamente e até mesmo do ponto de vista sensorial", comentou o
professor Steven Gold, Ph.D, do Centro para Estudos Psicológicos da Nova
Southeastern University (NSU), na Flórida (sudeste dos EUA).
"A
mente humana tem uma capacidade de adaptação incrível", ressaltou a
psicóloga especializada em violência sexual Elaine Ducharme, que
trabalha em Glastonbury (Connecticut, nordeste dos EUA). "Temos o
instinto de sobrevivência programado", completou.
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jTcCPIFYlmN8VosbFMTBjzk1CW3A?docId=CNG.efc060615ecfee6008ea66505d453558.371
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