sexta-feira, 10 de maio de 2013

Exame confirma: menina mantida em cativeiro é filha do 'maníaco de Cleveland'


Ariel Castro comparece à corte de Cleveland em 9 de maio de 2013 (AFP, Emmanuel Dunand
CLEVELAND, Estados Unidos — Ariel Castro, processado pelo sequestro e estupro de três mulheres em sua casa em Cleveland, Ohio, ao longo de uma década, é pai da menina nascida em cativeiro, confirmaram autoridades estaduais, após a realização do teste de DNA para comprovar a paternidade.

"Castro é o pai da menina de seis anos nascida em cativeiro (e filha) de uma das vítimas (Amanda Berry)", declarou o procurador geral de Ohio (norte dos EUA), Mike DeWine, em um comunicado.

A pequena Jocelyn, de 6 anos, sua mãe Amanda, Gina DeJesus e Michelle Knight foram resgatadas pela polícia na segunda-feira à noite da casa de Castro, graças à ajuda de um vizinho.

"O departamento de assuntos criminais (...) recebeu uma amostra do DNA de Castro na noite de quinta, e os peritos trabalharam toda a noite para confirmar quem era o pai", acrescentou DeWine.

Castro, de 52 anos, um ex-motorista de ônibus desempregado de origem porto-riquenha, foi indiciado na quarta-feira por estupro e quatro sequestros. Ele permanece detido depois que um tribunal estabeleceu fiança de US$ 8 milhões.

Na quinta, o promotor Timothy McGinty anunciou que poderá pedir a pena de morte para Castro pelos seguidos abortos forçados aos quais as três jovens foram submetidas.

Nesta sexta-feira, Michelle finalmente recebeu alta e deixou o hospital, confirmou uma porta-voz do Hospital de Cleveland. Ela está "bem disposta e quer que a comunidade saiba que está muito agradecida pela profusão de flores e presentes" recebidos, mas "pede a todo mundo que, por favor, continue respeitando sua privacidade", indicou o hospital em um comunicado divulgado em suas contas no Facebook e no Twitter.

Um filme de terror

Enquanto as três jovens tentavam voltar à normalidade, a filha mais velha de Ariel Castro disse hoje que vive em "um filme de terror".

"É como um filme de terror. Como ver um filme ruim, no qual somos os protagonistas, sem suspeitar de nada do que acontece", desabafou Angie Gregg, em declarações à rede CNN.

"Todas essas coisas estranhas que chamaram minha atenção nos últimos anos, como manter a casa cuidadosamente fechada, mesmo em alguns lugares dentro de casa; (o fato de que) quando jantávamos na casa da minha avó ele saía por uma hora e voltava sem dar explicações... Tudo isso agora faz sentido", conta a jovem, acrescentando que seu pai "nunca queria ficar fora de casa por mais de um dia".

Angie contou que, há dois meses, seu pai mostrou a ela a foto de uma criança pequena em seu celular: "Olha que linda, é a filha de uma das minhas amigas", disse ele. "Eu disse a ele: 'Pai, essa criança se parece com Emily, minha irmãzinha', e ele me respondeu: 'Não, não é minha filha, é a filha de uma das minhas amigas com outra pessoa'".

"Não quero vê-lo nunca mais", afirmou. "Nós não temos sangue de monstro em nossas veias", acrescentou.
Psicólogos consultados pela AFP explicaram que as vítimas de violência prolongada normalmente entram no "piloto automático" para sobreviver.

"Nesse tipo de situação extrema, prolongada, com frequência essas pessoas podem sobreviver se desconectando de seu entorno imediato, fechando-se psicologicamente e até mesmo do ponto de vista sensorial", comentou o professor Steven Gold, Ph.D, do Centro para Estudos Psicológicos da Nova Southeastern University (NSU), na Flórida (sudeste dos EUA).

"A mente humana tem uma capacidade de adaptação incrível", ressaltou a psicóloga especializada em violência sexual Elaine Ducharme, que trabalha em Glastonbury (Connecticut, nordeste dos EUA). "Temos o instinto de sobrevivência programado", completou.

 http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jTcCPIFYlmN8VosbFMTBjzk1CW3A?docId=CNG.efc060615ecfee6008ea66505d453558.371

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