quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Novo PGR troca afagos com Bolsonaro, e presidente fala em amor à primeira vista


Bolsonaro cumprimenta Aras pouco antes do início da cerimônia de posse do novo PGR. (Foto: Isac Nóbrega/PR)
RESUMO DA NOTÍCIA

  • Em cerimônia repleta de afagos, Bolsonaro oficializou a posse de Augusto Aras como Procurador-Geral da República
  • Novo PGR prometeu ‘combate intransigente à criminalidade’, desenvolvimento econômico e defesa das minorias
O novo procurador-geral da República, Augusto Aras, 60, trocou elogios nesta quarta-feira (2) com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que o nomeou. Os afagos ocorreram durante solenidade de posse de Aras na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Uma das atribuições do PGR é investigar e denunciar políticos com foro especial, incluindo o presidente da República.
Nesta quarta-feira, Aras prometeu um combate intransigente à criminalidade, falou de desenvolvimento econômico (uma de suas bandeiras durante a campanha para a PGR) e mencionou a defesa das minorias, tema caro aos colegas de Ministério Público.
"A sensibilidade e a experiência política de vossa excelência [Bolsonaro] sugerem, na ordem de prioridade das ações do Ministério Público, um enfrentamento intransigente à corrupção", disse Aras.
"Cabe-me, por isso, aproveitando o acervo de nossos princípios e regras, aliado ao excelente quadro de procuradores desta instituição, fazer cumprir, senhor presidente, sua expectativa de que esta PGR seja transformada num organismo capaz de ser um dos melhores instrumentos de desenvolvimento, apto a contribuir para a economia e o combate à criminalidade."
No discurso de Aras também não faltaram referências a valores cristãos. Ele se declara católico e conservador e, durante a disputa pelo cargo, comprometeu-se com uma carta de intenções elaborada por juristas evangélicos. "Não concebemos um Ministério Público contrário à nossa cultura judaico-cristã, omisso na defesa das nossas riquezas e da nossa gente", afirmou.
O governo Bolsonaro compareceu em peso à cerimônia. Pelo menos 12 ministros participaram, entre eles Sergio Moro (Justiça), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), suspeito de ter patrocinado um esquema de candidaturas laranjas do PSL, em caso revelado pela Folha.
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também marcaram presença, assim como os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, presidente da corte, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski.
Moro foi citado no discurso de Aras como alguém que será sempre lembrado por sua coragem na condução da Lava Jato, operação que, segundo o procurador-geral, expôs as mazelas de um sistema de governança que vigora há séculos.
"O juiz Sergio Moro, ministro da Justiça aqui presente, outros magistrados do Rio, de São Paulo e de Brasília e procuradores de vários estados sempre serão lembrados pela coragem com que enfrentaram suas missões", disse o procurador-geral.
"Expresso minha total confiança na boa condução dos destinos da nossa pátria", finalizou Aras, dirigindo-se a Bolsonaro e aos ministros do governo.
O presidente, por sua vez, empregou mais uma vez uma de suas metáforas sobre namoro para dizer que teve "um amor à primeira vista" por Aras e voltou a comparar o procurador-geral à peça da rainha em um jogo de xadrez. "Eu confesso, Aras, que foi, respeitosamente, um amor à primeira vista. Depois dessa gravata verde e amarela dele, só faltou ressaltar 'Selva'", disse o presidente, em referência a uma saudação militar.
Ainda em tom de brincadeira, Bolsonaro disse que, na comparação com o jogo de xadrez, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, seria a torre, o presidente do STF, Dias Toffoli, seria o cavalo -"no bom sentido"- e os ministros do governo seriam os peões. "A independência que as peças têm de ter para poder trabalhar é a garantia do sucesso no cumprimento da missão", afirmou o presidente.
Ele aproveitou o discurso para fazer um pedido ao Ministério Público. Solicitou que, antes de acionarem a Justiça contra o Executivo, promotores e procuradores conversem com integrantes do governo para apontar eventuais erros administrativos, evitando ações judiciais.

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