Supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato, Canal foi citado por Gilmar como o responsável pela produção de dossiês contra o ministro, sua esposa e outras 133 autoridades.
O auditor foi preso nesta quarta-feira (2) sob suspeita de cobrar propina de investigados na Lava Jato para anular multas da Receita Federal decorrentes dos crimes apurados.
Ao mencionar Canal, Gilmar atribuiu a movimentação do auditor fiscal à força-tarefa fluminense. Em entrevista à revista Época publicada em fevereiro, o ministro -alvo de apuração interna na Receita- acusou investigadores da Lava Jato de quererem incriminá-lo em razão de suas decisões que levaram à soltura de investigados.
O setor de Canal tem como o objetivo aplicar multas aos acusados por sonegação fiscal. Ele não atuava nas investigações, mas nas autuações contra os alvos após as operações.
"Houve um certo alarde e diversas insinuações que foram feitas e por isso fazemos questão de fazer esse esclarecimento. As autoridades que fizeram essas ilações que nós julgamos bastante descabidas não tinham como saber que a investigação estava em curso. Mas também não tinham porque supor que membros do Ministério Público, do Judiciário ou da polícia estavam envolvidos com isso. Agora há um novo fato. Espera-se alguma retratação de acusações graves que foram feitas", disse Sanches, da força-tarefa.
A investigação contra Canal começou em dezembro de 2018, antes da divulgação do caso dos dossiês contra autoridades, que ocorreu em fevereiro de 2019.
O auditor teve sigilos telemáticos, bancários e fiscal quebrados, mas Sanches afirma que a apuração não identificou a movimentação do servidor na produção dos dossiês.
"Esse fato é estranho à nossa investigação", disse o procurador.
As críticas de Gilmar foram feitas após a revelação de que a Receita havia aberto um procedimento para identificar supostos "focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência" do magistrado e de sua mulher, Guiomar Mendes.
O ministro enviou ofício ao presidente do STF, Dias Toffoli, pedindo medidas urgentes para a apuração da iniciativa dos auditores. A Receita abriu investigação interna sobre o caso. Dias depois, o órgão afirmou que Gilmar não era fiscalizado e desautorizou os termos usados pelos auditores nas análises feitas sobre ele.
Segundo a Receita, as informações constavam de um relatório preliminar interno do órgão que vazou para a imprensa por um equívoco de seu autor. O órgão afirma ainda que Gilmar não é investigado formalmente.
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