A fase final do processo de impeachment da presidente afastada da
República, Dilma Rousseff, começa nesta quinta-feira (25), mas a atenção
da maior parte dos senadores está voltada para a próxima segunda-feira
(29). É neste dia que a petista comparece ao Senado para prestar
depoimento, sua última cartada na tentativa de permanecer no mandato.
Amanhã começam os depoimentos de oito testemunhas no processo de
impeachment, seis de defesa e duas de acusação. Elas serão questionadas
inicialmente pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski, que comanda esta fase do processo. Depois, cada senador
poderá falar por seis minutos. Por fim, acusação e defesa possuem dez
minutos individualmente.
Publicidade
Apesar das conversas nesta quarta-feira (24) entre aliados do
presidente interino Michel Temer para tentar acelerar o processo, nos
bastidores o que mais movimentava os senadores é a presença de Dilma.
"Este é o fato novo do processo. Todos já conhecem o depoimento das
testemunhas", disse o senador Reguffe (sem partido-DF) ao
Terra
.
Dilma Rousseff terá 30 minutos pra se manifestar, com o tempo podendo
ser prorrogado a critério de Lewandowski. Depois, cada senador terá dez
minutos para questioná-la. “É imprevisível o que poderá acontecer”,
comentou o senador José Agripino (DEM-RN). Na visão do presidente
nacional do DEM, porém, não deve ocorrer mudança de placar. Ou seja, que
será repetido o placar das outras votações, todos desfavoráveis a
Dilma.
“Não terei a ousadia de pré-estabelecer (o resultado), mas a tendência
pelo pronunciamento dos demais senadores é que isso será mantido, tem
sido a rotina nas outras votações”, acrescentou o senador Ronaldo Caiado
(DEM-GO). Na visão dele, Dilma "deve explicações ao Brasil". E deve
usar seu pronunciamento para “minimizar os danos” que ela teria causado
durante seu governo.
Preparação
Senadores aliados de Dilma usarão os próximos dias para preparar a
petista para o depoimento de segunda-feira. Vão simular perguntas que a
base governista de Temer deve fazer a ela. E vão reforçar que a presença
dela reforça a linha de argumentação usada pelos senadores de PT, PCdoB
e PDT durante toda a discussão do impeachment no Senado.
“Não temos dúvidas que sim”, afirmou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR),
ao ser questionada se a presença de Dilma pode alterar o placar
previsto nos bastidores. Governistas acreditam que a acusação, para
condenar a petista por crime de responsabilidade, pode ter até 61 votos
favoráveis. São necessários ao menos 54 dos 81 senadores para o
impeachment ser aprovado. “Vamos lutar até o fim”, completou.
Testemunhas
Pelo calendário estabelecido pelos líderes com Lewandowski, serão
ouvidas quatro testemunhas amanhã e outras quatro na sexta. Prestarão
depoimento pela defesa o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-ministro
da Fazenda Nelson Barbosa, do jurista Geraldo Prado, a ex-secretária de
Orçamento Federal Esther Dweck, o ex-secretário executivo do Ministério
da Educação Luiz Cláudio Costa e o professor de Direito da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Lodi.
Pela acusação, foram arrolados o procurador do Ministério Público de
Contas Júlio Marcelo de Oliveira, responsável pela acusação que resultou
na recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) pela rejeição das
contas de Dilma de 2014, e o auditor do TCU Antonio Carlos Carvalho.
Líderes governistas tentaram fechar um acordo hoje para acelerar as
sessões dos próximos dois dias. Queriam limitar a falta de senadores a
um por partido. No entanto, não houve acordo na base aliada. Desta
forma, será feita uma recomendação aos parlamentares para que não se
alonguem nos pronunciamentos e nem repitam as perguntas já feitas pelos
colegas.
https://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/senadores-vivem-expectativa-por-presenca-de-dilma-no-senado,96124295d63103fecd5ca188c1dc42b1h0g4kvx8.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário