Na mira do Conselho de Ética da Câmara, que discute desde às 9h30 de
hoje (7) o pedido de cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o
presidente afastado da Câmara rechaçou, em nota, a divulgação do pedido
para sua prisão que, segundo o jornal O Globo, foi feito pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Para Cunha o objetivo da reportagem no mesmo dia em que ele é julgado
na Câmara é o de “constranger os parlamentares que defendem a minha
absolvição buscando influenciar no seu resultado”.
No texto, Eduardo Cunha disse que não tomou ciência do conteúdo do
pedido de prisão. "Por isso, não posso contestar as motivações. Mas vejo
com estranheza esse absurdo pedido, divulgado no momento da votação no
Conselho de Ética", destacou.
No Conselho de Ética, a discussão já se estende por mais de quatro
horas. Entre os titulares e suplentes que integram o colegiado, 21 se
inscreveram e usaram a palavra por 10 minutos. Mais de 13 se
posicionaram a favor do relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) que pede o
afastamento do peemedebista.
Entre os aliados de Cunha, houve manifestações como a de Laerte Bessa
(PR-DF), que sugeriu um abrandamento da pena, e Sérgio Moraes (PTB-RS),
que reforçou que não ficou comprovada a existência de contas em nome de
Eduardo Cunha no exterior e reiterou um discurso antigo que o fez ser
conhecido como o parlamentar que “se lixa para a opinião pública”.
“O discurso do aplauso não me anima. Sou um deputado que vota por fatos
e não há nada aqui que prove que ele mentiu à CPI da Petrobras”,
afirmou o parlamentar.
Voto em separado
A tropa de Cunha teve ainda o voto em separado apresentado por João
Carlos Bacelar (PR-BA) propondo a suspensão do mandato por 90 dias, sem
perda das prerrogativas políticas. Se aprovada, a proposta provocaria
uma nova eleição para a presidência da Câmara. Cunha está afastado do
mandato e da presidência desde maio, por decisão do Supremo Tribunal
Federal.
Tia Eron
A ausência da deputada Tia Eron, que até agora não chegou à sessão, tem
sido criticada por adversários de Cunha e apontada, em tom de piada,
como mais uma estratégia do peemedebista para interferir no resultado da
votação.
Tia Eron é considerada dona do voto decisivo para a votação de hoje e
ainda não apareceu na Câmara. Pela contabilidade feita por assessores do
colegiado, Cunha tinha 10 votos a seu favor e outros nove seriam pela
cassação de seu mandato. Se este cenário se confirmar, Tia Eron poderia
empatar o resultado e deixar nas mãos do presidente do Conselho de Ética
o voto de minerva. Araújo é claro adversário de Cunha.
Se a parlamentar não comparecer, quem vota em seu lugar é Carlos Marun
(PMDB-MS), aliado de Cunha e que foi o primeiro suplente do bloco de
Eron a registrar presença. Marun chegou à sala quase uma hora antes do
marcado.
Cunha é acusado de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Petrobras, quando negou a existência de contas no exterior em
seu nome, o que poderia caracterizar quebra de decoro parlamentar. O
deputado, que foi o responsável pela sua defesa no colegiado, negou ser o
titular das contas e afirmou que é apenas beneficiário dos recursos
advindos de trustes. Ele disse que essa situação ficou “comprovada na
instrução do processo no conselho”.
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/lava-jato/eduardo-cunha-rechaca-divulgacao-de-pedido-de-prisao,46365563ef67b0411c6fd699c4ee15b6ak4ydswu.html
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