Objetos de ambos inquéritos são os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Os dois novos inquéritos abertos pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), em segredo de Justiça, contra o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, investigam o uso de seu mandato para práticas
criminosas.
Em um deles, a linha de investigação é o uso do
mandato de Cunha e de deputados próximos para pressionar o grupo Schahin
e favorecer o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro.
No
outro, o foco é a atuação de Cunha pela aprovação de medidas provisórias
no Congresso Nacional em favorecimento a aliados, como o banqueiro
André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual, e o ex-presidente da OAS
Léo Pinheiro.
Os objetos de ambos inquéritos são os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia escrito no
pedido de afastamento de Cunha, protocolado junto ao Supremo, que o
peemedebista tem praticado "desvio de finalidade" no seu mandato
parlamentar.
Na peça, Janot lista diversas medidas provisórias
suspeitas de terem sido manipuladas por Cunha para favorecimento
indevido a Léo Pinheiro, de quem o deputado era próximo. Os indícios
apontados são mensagens encontradas no celular do empreiteiro.
Uma delas é a MP 584/2012, que concedia isenção às empresas vinculadas às Olimpíadas de 2016.
"No mesmo dia, Cunha perguntou se na Medida Provisória 584/2012 há
emendas da OAS e da prefeitura e que estaria vendo com Dornelles,
referindo-se ao deputado Francisco Dornelles.
Alguns dias
depois, Cunha cobrou o pagamento de valores, que, pelo teor das
conversas anteriores, era em duas partes: R$ 1.500.000,00 e R$ 400.000",
escreveu Janot.
Já em relação à Schahin, a suspeita é que
requerimentos na Câmara de convocação de diretores do grupo foram usados
para pressioná-los por causa de uma disputa comercial com Funaro.
Neste caso, além de Cunha, outros deputados aliados dele também devem
ser investigados. Há requerimentos contra a Schahin assinados por vários
parlamentares próximos a Cunha, como os hoje ex-deputados Nelson
Bornier (PMDB-RJ) e Alexandre Santos (PMDB-RJ).
Dois empresários
do grupo, os irmãos Milton e Salim Schahin, até disseram em depoimentos
que foram ameaçados de morte por Funaro.
Outro lado
Cunha, por meio de sua assessoria, nega as acusações do uso do mandato
para práticas criminosas. Ele também tem dito que não responde por
requerimentos apresentados por outros deputados.
A reportagem não localizou a defesa de Léo Pinheiro.
A defesa de André Esteves afirma que "não há nenhuma irregularidade" da
parte dele e que vai aguardar o andamento das investigações.
Funaro, em documento enviado ao Supremo por seu advogado, chamou de
"absurda" a acusação de ameaça de morte, disse que "jamais" teria
influência para fazer Cunha agir em seu favor e sustentou que o grupo
Schahin merecia ser investigado justamente por estar envolvido em
irregularidades comprovadas na operação Lava Jato.
Procurada
nesta sexta-feira (29), a assessoria do governador interino do Rio,
Francisco Dornelles, não respondeu até a conclusão desta reportagem.
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