Previsto por cientistas há um mês, terremoto no Nepal 'seguiu padrão histórico'
Estudo de cientistas identificou que região da Ásia sofre de abalos sísmicos históricos
O
devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal no último
sábado (25) já deixou milhares de vítimas, feridos e desabrigados. Mas
esta tragédia não é totalmente inesperada.
Imagem de Katmandu, capital do Nepal, após terremoto que matou mais de 2,5 mil pessoas
Cientistas
haviam identificado há um mês a possibilidade de um grande abalado
sísmico ocorrer no exato epicentro deste último tremor, após um estudo
revelar um padrão histórico de terremotos nesta região.
Laurent
Bollinger, da agência de pesquisa CEA na França, e seus colegas
realizaram um pesquisa de campo no Nepal e identificaram ser comum que
um grande terremoto gere outro, vários anos mais tarde, em uma mesma
região.
Veja galeria com imagens da tragédia no Nepal
Assim,
um tremor ocorrido no Nepal em 1934, que matou 8,5 mil pessoas, teria
gerado uma grande pressão no subsolo, que foi sendo transferida ao longo
de uma falha geológica e liberada 81 anos depois, no último sábado.
O mesmo "efeito dominó" teria ocorrido há 700 anos, segundo os cientistas. Falha geológica
Em
sua pesquisa, Bollinger e sua equipe foram até à selva no centro-sul do
Nepal para investigar a principal falha geológica do país, que corta
seu território de leste a oeste e tem uma extensão de 1 mil quilômetros.
No
local onde a falha chega à superfície, eles desenterraram fragmentos de
carvão vegetal para verificar quando ela havia se movido pela última
vez.
Textos antigos mencionam diversos terremotos, mas localizar
no solo do Nepal onde eles ocorreram é extremamente difícil, porque
intensas chuvas, deslizamentos de terra e a densa folhagem cobrem a
superfície da terra, fazendo com que seja difícil identificar as
rupturas causadas por um tremor.
Mas, a partir da análise do
carvão, o grupo liderado por Bollinger encontrou evidências de que a
falha investigada não havia se movido por um longo tempo.
"Mostramos
que esta falha não havia sido a culpada pelos grandes terremotos de
1505 e 1833, e que a última vez que ela havia se movido havia sido em
1344", afirma Bollinger, que apresentou o estudo para a Sociedade
Geológica do Nepal há duas semanas.
Preocupação
Antes,
a equipe havia trabalhado em outro segmento próximo da falha, que fica
ao leste de Kathmandu, e mostrado que ele havia passado por fortes
terremotos em 1255 e, depois, em 1934.
Quando os cientistas viram
este padrão de eventos, eles ficaram preocupados, porque, quando
acontece um grande terremoto, o movimento de terra gerado por ele gera
uma transferência de pressão ao longo da falha - e parece ter sido isso
que ocorreu após o tremor de 1255.
Depois de 89 anos, em 1344, a pressão acumulada no segmento leste da falha foi liberada, gerando um novo forte abalo.
Agora, a história se repete, com a pressão gerada em 1934 sendo transferida rumo ao leste da falha e liberada 81 anos depois.
O mais preocupante é que os pesquisadores acreditam que novos tremores podem estar por vir.
"Cálculos
sugerem que a magnitude 7,8 do terremoto de sábado não foi forte o
suficiente para gerar um ruptura até a superfície, então, é possível que
mais pressão ainda esteja acumulada", afirma Bollinger.
"Por isso, podemos esperar um novo grande terremoto ao leste e ao sul nas próximas décadas."
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