O tema será debatido em jantar agendado para a noite desta terça no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência
Em sua estratégia de colocar seu partido, o PMDB, na
linha de frente das negociações para encontrar saídas para a crise
econômica, o vice-presidente Michel Temer vai propor nesta terça-feira
(8) a governadores peemedebistas o aumento da Cide (tributado cobrado
sobre a venda de combustíveis) sobre gasolina para gerar recursos para
os cofres da União e dos Estados.
A proposta de Temer, feita a
partir de sugestão do ex-ministro Delfim Netto, pode gerar cerca de R$
15 bilhões ao governo federal e R$ 5 bilhões para os Estados. A
expectativa do vice é encontrar formas de eliminar o deficit primário de
R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento de 2016 enviado pelo governo ao
Congresso.
O tema será debatido em jantar agendado para a noite
desta terça no Palácio do Jaburu, residência oficial da
vice-presidência, com a participação dos presidentes do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos
governadores do PMDB.
A ideia já vinha sendo discutida
internamente pelo Palácio do Planalto e o aumento da Cide recairia
apenas sobre a gasolina, não sendo elevada no caso do diesel. Motivo:
reduzir o impacto inflacionário da elevação do tributo. Atingindo apenas
a gasolina, a medida elevaria a inflação em cerca de um ponto
percentual.
Este é o principal entrave para a adoção da medida,
que teria validade a partir do próximo ano. Ficaria mais difícil a meta
do Banco Central de fazer a inflação convergir para o centro da meta, de
4,5%, em dezembro do próximo ano.
A atuação do vice-presidente
diante de setores do PMDB, por sinal, tem preocupado o Palácio do
Planalto que, nos últimos dias, viu crescer entre os principais
auxiliares de Dilma Rousseff o temor de desembarque do governo do maior
partido da base aliada.
Diante do clima de conspiração que tomou
o Planalto desde que o vice foi a público dizer que era preciso "alguém
com capacidade de reunificar a todos" para enfrentar a crise, ministros
petistas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselharam Dilma
a centrar esforços para "repactuar com o PMDB" e se reaproximar de
Temer.
A avaliação é que, sem o partido aliado e o apoio do
vice-presidente, Dilma entrará no pior cenário de isolamento político, o
que deixará sua governabilidade "praticamente inviável".
Temer
se afastou da articulação política do governo, recusou-se a retomá-la
mesmo após apelo da presidente, e tem se reunido com diversos grupos e
setores do PMDB para discutir saídas para a crise.
Depois do
encontro com os presidentes do Legislativo e governadores peemedebistas,
Temer fará, nesta quarta (9), uma reunião com cerca de cem dirigentes
sindicais filiados à CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), entidade
ligada ao PMDB.
O Planalto acredita que é preciso investir
no diálogo com peemedebistas mais simpáticos ao governo, isolando Cunha
e os ex-ministros Moreira Franco e Geddel Vieira Lima, que pressionam
Temer pelo desembarque oficial do PMDB.
Segundo a reportagem
apurou, porém, não há nenhuma decisão fechada nesse sentido e, durante o
jantar desta terça com governadores, Temer vai adotar um discurso
conciliador para "resolver os problemas do governo", propondo saídas
para o rombo fiscal de R$ 30,5 bilhões previsto para o ano que vem.
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