Proposta que altera Ato das Disposições Constitucionais faz parte da série de sugestões da Comissão da Reforma Política
O
Plenário do Senado aprovou em segundo turno a proposta de emenda à
Constituição (PEC 98/2015) que reserva a cada gênero um percentual
mínimo de cadeiras nas representações legislativas em todos os níveis
federativos, nesta terça-feira (8). A medida abrange a Câmara dos
Deputados, assembleias legislativas, Câmara Legislativa do Distrito
Federal e câmaras municipais.
Foram 53 votos a favor e apenas quatro contrários.
A proposta já havia sido aprovada em primeiro turno no Senado, em 25 de
agosto, e agora segue para análise da Câmara dos Deputados.
A
PEC assegura a cada gênero percentual mínimo de representação nas três
próximas legislaturas: 10% das cadeiras na primeira, 12% na segunda e
16% na terceira. Caso o percentual mínimo não seja atingido por um
determinado gênero, as vagas necessárias serão preenchidas pelos
candidatos do gênero com a maior votação nominal individual entre os
partidos que atingiram o quociente eleitoral.
A proposta altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e faz parte das sugestões da Comissão da Reforma Política.
GêneroA
aprovação, no entanto, foi marcada por uma polêmica sobre a redação da
PEC. O senador Magno Malta (PR-ES) se manifestou contrário à cota,
argumentando que “quem vota é o povo”. Ele ainda questionou a expressão
“cada gênero” no texto da proposta. Para o senador, seria uma “expressão
subliminar” para permitir, no futuro, o pedido de cotas na política
para transexuais e homossexuais.
A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) reagiu, dizendo que
“nenhuma má interpretação pode conduzir uma luta tão intensa em uma hora
que temos de convergir forças”. Lídice da Mata (PSB-BA) disse que, na
verdade, só existem dois gêneros, o masculino e o feminino.
Ela
sugeriu colocar a expressão “gênero feminino” e “gênero masculino” como
forma de superar o impasse — o que foi aceito pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros, e pelo relator da proposta, Romero Jucá
(PMDB-RR). A senadora ainda negou que a proposta desqualifique o voto
popular afirmando que ela ajuda a firmar a posição da mulher na
sociedade.
"Não é possível que os senhores acreditem que as
mulheres sejam minoria apenas porque não gostam de política! Ora, pelo
amor de Deus!", criticou Lídice. Com a alteração no texto, o senador
Magno Malta decidiu apoiar a PEC.
Avanço
Na avaliação da senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), a proposta não é exatamente o que se queria, mas um primeiro passo e uma alavanca para muitas mulheres que querem ser candidatas.
Na avaliação da senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), a proposta não é exatamente o que se queria, mas um primeiro passo e uma alavanca para muitas mulheres que querem ser candidatas.
A senadora Lúcia Vânia
(PSB-GO), por sua vez, definiu a medida como um avanço para a atividade
da mulher na política, e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) destacaram a importância PEC.
O senador
Humberto Costa (PT-PE) fez elogios ao texto, mas também o lamentou,
dizendo ser ainda um “passo muito pequeno”. "As condições para que a
mulher faça política ainda são muito adversas", ele criticou.
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-09-08/senado-aprova-cota-minima-para-mulheres-nas-casas-legislativas.html
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