Calcula-se que serão necessários milhares de anos até que a zona de exclusão no território da Ucrânia volte a ser habitável
Há 70 anos, as cidades japonesas de Hiroshima e
Nagasaki protagonizaram duas das maiores tragédias mundiais com as
bombas lançadas pelos Estados Unidos, que causaram uma devastação e
destruição sem tamanho.
Ainda é incerto o número de mortes na cidade em decorrência das feridas sofridas depois da explosão e dos efeitos da radiação – estima-se que o número varie entre 90 mil e 166 mil pessoas. Hoje, a cidade tem um total de 1,17 milhão de habitantes.
Em Nagasaki viviam cerca de 263 mil pessoas no dia da explosão nuclear, em 9 de agosto de 1945. Calcula-se que entre 39 mil e 80 mil pessoas tenham morrido menos de um segundo após a bomba. Atualmente, a população da cidade é de 450 mil pessoas.
Pior desastre nuclear
Agora avancemos 41 anos no tempo. Na madrugada de 26 de abril de 1986, ocorreu o que foi classificado como "pior desastre nuclear da história".
Agora avancemos 41 anos no tempo. Na madrugada de 26 de abril de 1986, ocorreu o que foi classificado como "pior desastre nuclear da história".
Como consequência direta do acidente, morreram 31 pessoas. Mas as investigações sobre os efeitos da radiação a longo prazo – como câncer – continuam até hoje.
Depois do acidente, foi decretada uma zona de exclusão de 30 km ao redor da planta nuclear, que cobre uma área de aproximadamente 2.600 km² na Ucrânia. Ainda há restos de contaminação radioativa na atmosfera.
Reconstrução e exclusãoComo foi possível, então, Hiroshima e Nagasaki, que sofreram explosões nucleares tão devastadoras e com tantas vítimas fatais, se tornarem cidades prósperas e habitáveis, enquanto Chernobyl virou um lugar completamente inabitado – e assim seguirá por muitos anos?
O site Gizmodo, especializado em tecnologia, é um dos poucos meios de comunicação que fez essa pergunta. E, aqui, a BBC reproduz as razões principais.
1. Quantidade de combustível nuclear
A bomba "Little Boy" (que caiu em Hiroshima) transportava 63 kg de urânio enriquecido. "Fat Man" (a bomba de Nagasaki) continha cerca de 6,2 kg de plutônio.
O reator número quatro de Chernobyl tinha 180 toneladas de combustível nuclear, dos quais 2% (3,6 mil kg) eram urânio puro.
Quando o reator explodiu, calcula-se que foram liberadas sete toneladas de combustível nuclear. No total, o desastre emitiu 100 vezes mais radiação que as bombas que caíram sobre Hiroshima e Nagasaki.
Veja fotos raras do bombardeio em Hiroshima:
Mãe segura filho ferido nos braços logo após bomba nuclear atingir Hiroshima. Foto: Reprodução/Youtube
2. Diferenças na reação nuclear
Na bomba de Hiroshima, a reação aconteceu com 900 gramas de urânio. Da mesma forma, 900 gramas de plutônio foram submetidas a uma fissão nuclear em Nagasaki.
Na bomba de Hiroshima, a reação aconteceu com 900 gramas de urânio. Da mesma forma, 900 gramas de plutônio foram submetidas a uma fissão nuclear em Nagasaki.
Quando o combustível nuclear se fundiu, foram liberados isótopos radioativos que incluíam xenônio, iodo radioativo e césio.
3. Localização
As bombas que caíram em Hiroshima e Nagasaki foram detonadas no ar, centenas de metros acima da superfície da Terra. Como resultado, os depósitos radioativos se dispersaram como efeito da nuvem criada pela explosão.
Em Chernobyl, no entanto, o reator quatro se fundiu na superfície, produzindo uma ativação de nêutrons que fez com que a terra se tornasse radioativa.
Outra explicação
A página Physics Stack Exchange (um site de intercâmbio de conhecimento para investigadores acadêmicos e estudantes de física) tem outra explicação: "Ainda que funcionem na base dos mesmos princípios, a detonação de uma bomba atômica e o colapso de uma planta nuclear são processos muito diferentes".
A página Physics Stack Exchange (um site de intercâmbio de conhecimento para investigadores acadêmicos e estudantes de física) tem outra explicação: "Ainda que funcionem na base dos mesmos princípios, a detonação de uma bomba atômica e o colapso de uma planta nuclear são processos muito diferentes".
Assim, os isótopos radioativos que se criam em uma explosão atômica têm um período de vida relativamente curto.
Ou seja, a radiação inicial de um acidente nuclear pode ser muito mais baixa que a de uma bomba, mas seu tempo de vida será muito mais longo.
Calcula-se que milhares de anos se passarão – estimativas citam até 20 mil – para que a zona de exclusão de Chernobyl volte a ser habitável.
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-08-08/por-que-hiroshima-e-nagasaki-sao-habitaveis-e-chernobyl-nao.html
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