O ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa detalhou em depoimento de
delação premiada que repassou R$ 3,6 milhões de caixa dois para o
ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de
Filippi, e o ex-tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, entre 2010
e 2014. Ele entregou aos investigadores uma planilha intitulada
"pagamentos ao PT por caixa dois" que relaciona os ex-tesoureiros a
valores.
Na quinta-feira (25) o STF (Supremo Tribunal Federal) homologou a delação de Ricardo Pessoa,
o que significa que as informações prestadas por ele em depoimento à
Procuradoria Geral da República poderão ser utilizadas como indícios
para ajudar as investigações.
Atual secretário municipal de
saúde de São Paulo, José de Filippi Jr., é uma das pessoas mais próximas
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de ser o responsável
pelas contas da campanha de Dilma Rousseff ele foi o tesoureiro da
campanha à reeleição de Lula em 2006 e, atualmente, é secretário
municipal de Saúde da gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de
São Paulo.
Os supostos pagamentos a José de Filippi Jr.
relacionados pelo ex-presidente da UTC em delação premiada somam R$ 750
mil e foram feitos nos anos eleitorais de 2010, 2012 e 2014. Há apenas
um pagamento fora da calendário eleitoral, no ano de 2011, de R$ 100
mil.
Em 2010, quando era tesoureiro da campanha de Dilma,
conforme a planilha, ele teria recebido de caixa dois R$ 250 mil. No
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) há registro de repasse de R$ 1 milhão
da UTC para a direção nacional do PT. Na prestação da campanha de Dilma,
não há registro de doação da empreiteira nem do seu braço Constran. Nos
demais anos, a planilha do "caixa dois" indica repasses nos valores de:
2012 (R$ 200 mil); 2013 (R$ 100 mil) e 2014 (R$ 100 mil).
Pessoa chegou a arrolar Fillipi como sua testemunha de defesa no
processo em que o empreiteiro é acusado de chefiar o esquema de
empreiteiras que pagava propina para executivos e partidos políticos em
troca de conseguir os melhores contratos na petroleira. A lista de
testemunhas na época causou estranheza até mesmo do juiz Sérgio Moro que
pediu explicações sobre a escolha dos nomes.
Vaccari
A planilha apresentada por Pessoa no processo de delação premiada
também relaciona o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que ocupou o
cargo até abril deste ano. O petista esta preso acusado de ser o
operador do PT no esquema de corrupção e de ter lavado dinheiro para o
partido. Na relação apresentada por Pessoa, ele aparece relacionado a
suposto pagamento de caixa dois no valor de R$ 2,9 milhões que teriam
sido efetuados entre 2011 e 2013, período em que ele respondia pelo
caixa do PT. Em fevereiro de 2011, ele teria recebido R$ 500 mil para o
partido; em março de 2011, R$ 500 mil; em março de 2012, R$ 220 mil. Em
2013 foram quatro pagamentos: em abril (R$ 350 mil), em julho foram dois
pagamentos de R$ 350 mil e R$ 500 mil e em agosto, de R$ 500 mil.
Filippi nega doações ilegais
O ex-coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff (PT) à
Presidência da República em 2010, José de Filippi Jr., disse, em nota,
que durante o pleito de 2010 manteve contato "de forma transparente com
diversas empresas em busca de doações eleitorais, portanto legalmente registradas, incluindo o senhor Ricardo Pessoa".
Filippi Jr. afirma que todas as doações feitas pela UTC foram
realizadas via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente
registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. "Não solicitei e nem
recebi doação que não seja legal", reiterou, ressaltando que os dados
das prestações de contas são públicos e estão disponíveis no site do
Tribunal Superior Eleitoral para consulta.
A defesa de Pessoa
informou que não vai comentar as informações porque a delação é
sigilosa. Também informou que não confirma a autenticidade da planilha. O
Grupo Estado não conseguiu contato com a defesa de Vaccari.
16 políticos
A revista Veja deste final de semana traz uma reportagem em que aponta
que a delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, traz menção a pelo menos 16 pessoas e duas campanhas presidenciais:
da presidente Dilma Rousseff de 2014 e do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de 2006. De acordo com a publicação, a delação conta com
40 anexos com planilhas e documentos. Pessoa apontou ainda o repasse de
R$ 250 mil a Mercadante; de R$ 15 milhões a Vaccari Neto e de R$ 3,2
milhões a Dirceu. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), recebeu
R$ 2,6 milhões e o secretário de saúde do petista, R$ 750 mil.
O
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), informou, através de sua
assessoria, que as doações e despesas de sua campanha foram devidamente declaradas
à Justiça Eleitoral e estão dentro da legalidade. "O saldo devedor,
após o fim da campanha, foi absorvido e posteriormente quitado pelo
Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores", diz o comunicado da
assessoria do prefeito da capital.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/06/26/ex-presidente-da-utc-diz-que-repassou-r-36-mi-ao-tesoureiros-de-dilma.htm
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